PRÓLOGO: Janeiro de 2003
Chego tarde a casa; um hábito que o trabalho me ofereceu, penso. Ligo mecanicamente a televisão enquanto vou vendo o correio que me esperava desde o almoço. Nada de especial. Da cozinha trouxe um whisky velho com água lisa o quanto baste para cortar o álcool e abrir o bouquet! Estranho, há muito que não o fazia, e logo hoje que estou particularmente cansado tive o irresistível apelo ao palato. Embalo o balão com tempo e sigo curioso o lamurio lento da gordura a escorrer pelas paredes côncavas. A idade não mente, o derrame era prolongado!
A intermitência da televisão capta a minha atenção; Bush proferia o State of the Union speech; aumento o som.
This country has many challenges. We will not deny, we will not ignore, we will not pass along our problems to other Congresses, to other presidents, and other generations. (Applause.) We will confront them with focus and clarity and courage.
Ouço estupefacto; este homem reconhece as limitações, pede ajuda e todos aplaudem!? Não, não podia ser; sentei-me vidrado na televisão. O sofá estava à minha espera, e se eu não fosse previdente iria enredar-me num sono justo como cobra hipnótica que asfixia a vítima.
“More small businesses to open”, estivesse o Cadilhe acordado e a API teria outro destino; o IAPMEI e o IFT que se cuidem. Fica-nos a esperança de mais Auto-Europas …
Bush anunciou ainda a antecipação das reduções de impostos previstas para 2004 e 2006. “Our plan will improve the bottom line for more than 23 million small businesses”. Reconhecer a importância das PME’s na criação de postos de trabalho e, globalmente, da riqueza da nação é um acto lúcido. Promover a criação e sustentabilidade deste tecido empresarial é a obrigação primeira de quem tem capacidade de regulamentar. Não importa se esta verdade foi proferida por republicano ou democrata, a verdade é que todos aplaudiram. Dei por mim a aplaudir também!
REMAKE: Janeiro de 2004
A história repete-se.
You have doubled the child tax credit from 500 to a thousand dollars, reduced the marriage penalty, begun to phase out the death tax, reduced taxes on capital gains and stock dividends, cut taxes on small businesses, and you have lowered taxes for every American who pays income taxes. Americans took those dollars and put them to work, driving this economy forward. The pace of economic growth in the third quarter of 2003 was the fastest in nearly 20 years. New home construction: the highest in almost 20 years. Home ownership rates: the highest ever. Manufacturing activity is increasing. Inflation is low. Interest rates are low. Exports are growing. Productivity is high. And jobs are on the rise. These numbers confirm that the American people are using their money far better than government would have and you were right to return it.
A última frase teria muito mais sentido em Portugal. Eles aplaudiram como nós nunca o faríamos. O sentido de estado obriga primeiro quem o exerce, governo e oposição. Se 290 milhões de americanos conseguem entender-se porque será que 9 milhões de portugueses andam à deriva?
Não admiro o Bush mas recomendo que leiam o seu discurso.
O site da API está em Inglês e Japonês. Será que o Cadilhe não sabe que os maiores investidores em Portugal são os portugueses, espanhóis e alemães? Já agora, API escreve-e em inglês PIA (Portuguese Investment Agency), nome apropriado não acham?
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