Continuação de posts homólogos: (1), (2)
Tenho-o dito intra-muros que caminhar para o mercado espanhol não é um processo de internacionalização mas sim o alargar da esfera de influência ao nosso mercado natural. As azeitonas de Elvas e Badajoz têm o mesmo sabor.
A história de séculos moldou as fronteiras dos países e províncias da Península e determinou entre os perdedores uma maior afinidade com Portugal. Ódios ancestrais mal resolvidos permitem às marcas portuguesas serem mais competitivas do que as castelhanas nas restantes províncias. Imaginem o impacto do slogan:
Made in Portugal, una Marca con 1.215 km de frontera!
Regressemos aos basics: Retive o editorial do Nicolau Santos no caderno de economia do semanário Expresso. A ideia que subjaz é certeira; não há em Portugal investimentos estruturais espanhóis! Esta é a verdade nua e crua; ou melhor, cruel! O mundo dos negócios não serve aprendizes, exige astúcia (estratégia) e resposta pronta (time-to-market). De facto, a presença espanhola (comércio e serviços) não se traduz numa efectiva melhoria de vida dos portugueses; comprar no Corte Inglês ou no Corte Fiel não faz grande diferença a não ser para os accionistas. Somos um mercado aberto de clientes mas não de fornecedores. Vejam só a diferença:
Uma fábrica espanhola que consiga obter lucro já suportou toda a estrutura de custos, nomeadamente os fixos. Imaginemos ainda que tudo isto era possível com 70% da sua produção. O empresário, homem astuto, vendo o mercado espanhol já esgotado vira-se para Portugal. Há ainda 30% de capacidade de produção. Estando os custos fixos já resolvidos basta cobrir os variáveis (matéria-prima, energia, …). Sendo a margem de contribuição positiva, o empresário pode determinar como preço do produto a exportar um valor inferior ao da produção inicial.
Bingo, os empresários portugueses não conseguem obter economias de escala ou de gama similares; i.e. os nossos produtos não são competitivos em preço. Mas será mau o investimento espanhol? De todo, com o crescimento da oferta aumenta a informação e, assim, melhora-se o critério de escolha transferindo-se na guerra de preços parte do prémio do fornecedor para o cliente.
Perguntam vocês: “E porque não fazem os empresários portugueses o mesmo?”. Porque somos saloios, porque nunca olhámos para além das nossas fronteiras, porque o passado recente de monopólios num império de séculos não nos preparou para um mercado global. E a culpa é de todos; dos políticos que se refugiam nas heranças e conjuntura, dos gestores que se lamentam da regulamentação e falta de apoios, dos trabalhadores que se queixam das condições e dos gestores; e a razão é de todos!
Epílogo
O que importa agora é definir a estratégia, não basta deixá-los entrar. Temos mais a ganhar do que a perder; afinal há um mercado de 40 milhões de consumidores mesmo aqui ao lado.
E consumidoras ...
Sem comentários:
Enviar um comentário