sábado, maio 21, 2005

Minority report

Uma semana fora. Se fossem férias iria bronzear-me num destino exótico... talvez num terraço de Lisboa. Assim, como vou em trabalho, sempre que me telefonarem digo, "You've reached French Polynesia Telecom. Your call will be transferred to a voice mail, please hold the line and leave your message after the tone. This is not a roaming call. It’ll be charged as an international connection. Beep!"



Quem vai de férias quer descanso!

O mistério do blogueiro desaparecido! (14)

Mais um episódio desta Saga! Quem quer continuar o desafio? Quem se atreve...


Links:
História: O Enigma
Último post: Na corrente do Bengo (1)


No quarto, sentado, num cadeirão velho de veludo gasto e esverdeado, Tiago, amorfo, já só mantém do antigamente a tez bem morena que lhe ficou por herança. Tudo o resto são memórias e rugas finas, indeléveis. Deixa-se ficar parado no tempo porque lhe facilita o presente. Em determinadas circunstâncias até sorri, ainda que ninguém o veja. Um sorriso trocista, irónico. Volta a ser o menino que corria pela imensa praia de águas quentes, atrás de caranguejos que nunca conseguiria agarrar. (ver continuação em "O Enigma")

quarta-feira, maio 18, 2005

Alucinação Verde

Hoje será um dia verde. Uma mulher vai acordar e vestir-se de verde, e com o seu cachecol verde irá para um estádio verde. Sentada num banco verde, olhará para os restantes verdes e fará um sorriso verde. Os jogadores entrarão em campo e, subitamente, ela ficará branca... num impulso gritará, “Ricardooooo!”. Este, ouvindo o berro, fará a defesa da sua vida! De seguida o árbitro iniciará a partida; as notas serão verdes, não haverá cartões vermelhos...



Hoje sou Sportinguista!


Acompanhar a foto com esta história:
CSKA_1: foi ele!
Árbitro: quem, quem?
CSKA_2: ele, ele!!
Árbitro: mas quem?
Nos altifalantes ouve-se: "Frize, quero mais... please!"
CSKA_3: aquele!
Árbitro: estão a tentar confundir-me?!
CSKA_4: nada disso, está a olhar para o lado errado?
CSKA_3: estás a chamar-me mentiroso?
Nos altifalantes ouve-se: "Frize, a água que Deus 'quise'!"
CSKA_4: estás a falar comigo?
CSKA_3: a tua mulher há-de acabar no Passerele!
CSKA_4: e a tua em Monsanto!
Agridem-se mutuamente. O CSKA_3 cai no relvado. O árbitro, tomando notas verdes, expulsa o CSKA_4. Nunca um vermelho fez sorrir tantos verdes...
Nos altifalantes ouve-se: "Frize, deixa jogar o Mantorras!"

O mistério do blogueiro desaparecido! (13)

Mais um episódio desta Saga! Quem quer continuar o desafio? Quem se atreve...


Links:
História: O Enigma
Último post: O engano (6)


A expressão de Ricardo não deixava transparecer nenhuma réstia de emoção, tinha um ar penetrante e duro. As bolhas da hidromassagem invadiam a banheira; passou os dedos dos pés num gesto lento e demorado pelo corpo de Eva enquanto esta tentava alcançá-lo. Ele impediu-a de se mover num gesto delicado e ao mesmo tempo insensível, sentia que devia ser ele a dominar; as cartas estavam lançadas e ele detinha a jogada mais alta. (ver continuação em "O Enigma")

Take One!

Encontrei um pedido na caixinha de Pandora...


1. Qual o último filme que viste no cinema?
Tenho visto vários filmes, a maioria fora do cinema. Sideways não foi o último, mas dos últimos é o único que merece ser recordado.

2. Qual a tua sessão preferida?
A dois!

3. Qual o primeiro filme que te fascinou?
Trinitá, o cowboy insolente. Ainda hoje assobio a música!

4. Para que filme gostarias de te ver transportado(a)?
Tudo menos os do Manoel de Oliveira. Antes o comunismo...

5. E já agora, qual a personagem de filme que gostarias de conhecer um dia?
Madame Claude, dizem que tinha bons contactos...

6. E que actor(actriz)/realizador(a)/argumentista/produtor(a) gostarias de convidar para jantar?
Nicole Kidman (actriz) para ver como lidava com os espargos, John Travolta (actor) para o ouvir falar da sua vida, Orson Wells (realizador) para me surpreender com o inusitado, Kubrick (argumentista) para me contar os detalhes de I.A, o filme da minha vida. Alguns já faleceram... mas convidava-os na mesma!

7. A quem vou passar isto?
Ao Papa... alguém mete uma cunha?


Take one, action!...

"Mééééé!!!"

segunda-feira, maio 16, 2005

Quarentena

Já o tinha dito, jamais apagaria um comentário por mais ofensivo que fosse. Hoje, contudo, alguém que sabe quem sou, escreveu o meu nome por extenso acompanhado por um comentário insultuoso. Estaria tudo bem se não se escondesse atrás do anonimato!
Assim, e durante breves momentos, este blogue vai estar sem comentários para quem comentou se poder concentrar nesta ideia:


Se és mulher e estás a ser ignorada, lamento; se és homem... juro que não sabia que ela era tua mulher!


Uma das prerrogativas de se ter um blogue é poder escrever o que se quer, mesmo os vitupérios.... agora sim, sinto-me mais leve. Ándale, arriba, arriba!

Fashion

Ir a Paris e ficar no Hilton...



Sou uma rapariga simples e provinciana! hihihi!

Back to basics

Este blogue estava a precisar disto; time for brunettes!


Não sei o que faça...

Rachel Bilson

O mistério do blogueiro desaparecido! (11)

Mais um episódio desta Saga! Quem quer continuar o desafio? Quem se atreve...


Links:
História: O Enigma
Último post: O engano (4)


Desperto pela pancada deu-se conta de que o carro se encontrava em movimento. Pouco podia fazer, pois estava fortemente amarrado e qualquer esforço tirar-lhe-ia as energias que, provavelmente, necessitaria mais tarde. Ricardo perdeu a noção do tempo. Sentia o carro deslocar-se a uma velocidade alucinante, sem uma única paragem durante, o que lhe pareceram ser, horas de viagem. (ver continuação em "O Enigma")

domingo, maio 15, 2005

Político

A Gotinha e a Nokas desafiam-me a responder a um questionário sobre um dia da minha vida, de preferência o de hoje. A Gotinha foi mais longe, suspeita que sou um agente da polícia judiciária, o que é o mesmo que suspeitar que sou bófia, bufo ou chibo, epítetos que usava na tenra idade para acarinhar os ditos agentes. Não fosse a minha amizade por ela e suspeitaria que fosse freira só para a deixar pensativa sobre a vida em clausura! Gotinha, Judiciária... “not even in my wildest dreams!" :)


QUE FAZES NESTE MOMENTO?
Um esforço para responder... ainda não acordei completamente; na verdade, nem sei o que faço, nem faço o que sei!

QUE PLANOS TENS PARA ESTE FIM DE SEMANA?
É fim-de-semana? Ainda bem que avisas! Já te disse que estou ensonado, deixa ver como está o dia... (abri a persiana)... pelo aspecto vou continuar a dormir, tens programa melhor?

QUE COISAS TE CAUSAM STRESS NESTE MOMENTO?
Pedirem-me para responder a um inquérito, seria penoso! Deitar-me e não adormecer, seria um pesadelo! Perder a minha cama, seria dramático!

QUE FIZESTE DESDE O ACORDAR ATÉ AGORA?
Queres que repita? Afinal quem é que está com sono? Vai dormir que eu também!

A QUEM IRÁS PASSAR ESTE TESTE FANTÁSTICO (ESTA PAIN IN THE ASS)?
Ia lá eu acordar alguém a esta hora! Mas para não parecer do contra, deixo o critério a quem por aqui passar e ficar com muita vontade...


Utilizei a famosa técnica de desconstrução semântica tão em voga no parlamento; Gotinha, afinal acho que sou político, mas posso estar ainda a sonhar!

Correspondência

Confundes-me, olhas e confundes-te
nessa confusão atribulada que te visita
sempre que me procuras e me encontras;

Confundes-me, tocas e confundes-te
quando sentes o quente que de mim emana
e pensas que é tua a semente do desejo;

Confundes-me, beijas e confundes-te
nos lábios oferecidos de pronto
na procura de língua que te acompanhe;

Confundes-me, sorris e confundes-te
porque me dedicas o que nunca procurei
sem ter para dar outra simpatia;

Ah! como queria ser confusão maior,
um boato que em nós começa e acaba;
confundo-te, amas e confundo-me!



Nota: Esta correspondência não tem destinatário. Há correspondências não correspondidas...


KARAOKE
(Walk Idiot Walk, The Hives)
Music
(Vão estar no dia 28 no festival Super Bock Super Rock)

sexta-feira, maio 13, 2005

Mass Age

Hoje estou a precisar disto... muito!!!



Não, não pode dormir agora!

Acompanhar a foto com esta história:
Ele: quem de nós dois?
Ela: eu, claro! (sorrindo)
Ele: e depois queres que te abra a porta?
Ela: eu venho cedo...
Ele: pois... e ainda queres que te diga “você é linda”!
Ela: querido, é só uma massagem e terás a tua a seguir!
Ele: tivesse eu amor maior, o pior é que tu sabes...
Ela: (sorrindo) Vá lá... uma massagem de pedras quentes... hmmm!
Ele: antes a lapidação, vi o gajo e tem mãos de quem vai cortar lenha!
Ela: (rindo) Tu matas-me, agora chamas-me tronco... logo eu que sou um palito!
Ele: quem é amigo, quem é?
Ela: é um palpite meu ou estás com receio?
Ele: nada disso, brinco, e agora vai!
Ela: és o primeiro e o segundo sol! És tudo! Até já, querido...
Ele: (pensando) és um furacão, sinto o teu vento!


(Música: Quem de nós dois por Ana Carolina, Abra a porta e Palpite por Adriana Calcanhoto, Você é linda por Caetano Veloso, Amor maior e Vento por Jota Quest, Lenha por Simone, Amigo por Milton Nascimento, O segundo sol por Cassia Eller)

O mistério do blogueiro desaparecido! (10)

Meus caros, a partir de agora vou deixar os textos desta história no blogue que criei para este "projecto". Peço-vos para fazerem aí dois tipos de comentários. O primeiro será de autor, servirá para acrescentar um fio ao novelo do enredo; o segundo será de comentador, servirá para dizerem se gostam, se entendem que a história está no bom caminho e para darem sugestões. Todas as ideias são bem-vindas!
Agora, o "EXACTO" volta ao seu ritmo!

Links:
História: O enigma
Último post: O engano (3)


Ficou entregue a si próprio enquanto pelo seu espírito passavam os mais díspares pensamentos. O silêncio tomava conta do ambiente e ele ia reparando angustiado nos pormenores do espaço onde estava. Com esforço, rodou a cabeça e olhou para o telemóvel, tentando alcançá-lo com os pés mas sem sucesso. (ver continuação em "O enigma")
(Charlie)



Quem o teria vestido e amarrado? Porquê?

O mistério do blogueiro desaparecido! (9)

Projecto: esta é uma história a várias mãos. Eu dou o ritmo mas os acordes são vossos. Continuem a história na lógica traçada. Boa escrita.

A partir de agora podem acompanhar a história num blogue feito a preceito. A criação continuará a ser feita aqui; o outro blogue servirá para dar consistência ao texto, para permitir seguir o encadeamento dos posts.

Índice: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9


Instalado o mistério, agora só faltava descobrir todas as peças do puzzle e depois juntá-las…
“ Porque raio me mentiu ela?”- pensava Ricardo enquanto se dirigia ao elevador.
Tão absorto estava que nem se dera conta de alguém que seguia todos os seus gestos.
“Vou pôr-me em campo e tratar de fazer alguns telefonemas!”

Começaria por telefonar para a empresa onde Eva trabalhava. Mas, à medida que organizava ideias e tomava decisões, ia-se instalando algum desconforto e muitas dúvidas.
Entrou no quarto e sem prestar grande atenção ao espaço que o rodeava, procurou o telefone...
(Eva[são])

Do outro lado da linha o sinal continuo de "ocupado". O nervosismo começava a aumentar, pois cada chamada era uma tentativa falhada. O telemóvel de Eva estava desligado e do escritório dela ninguém atendia. O que se passaria? Sentia-se completamente desorientado.
Arrefecer as ideias. Era isso que necessitava fazer. Um duche talvez não fosse má ideia. Como um autómato dirigiu-se à casa de banho e abriu a torneira da água quente. Voltou atrás e olhou o telefone pensativamente. Entrou no banho para relaxar. Nada como um longo duche de água quente. Sempre fora este o método mais eficaz de por as ideias em ordem, nunca falhara, não iria ser agora.
Completamente absorto nem se deu conta da entrada de alguém no quarto. Subitamente apercebeu-se de que não estava só, pois havia qualquer coisa no ar que denunciava uma presença. Ricardo reconheceu o odor que lhe entrava pelas narinas e lhe enchia os pulmões. Eva estava ali. Cego de todos os sentidos nem se questionou como ela teria ali entrado.
Envolto numa toalha entrou no quarto. Não se enganara. Ali estava Eva, como uma miragem, mais sedutora do que nunca.
(Cherry Pie)

Ricardo, estupefacto, balbuciou: mas, não vinhas... às cinco?
Eva: hmmm... parece que não gostaste de me ver... (sorriso)
Ricardo, disfarçando: sempre que te vejo fico assim, aparvalhado...
Eva: hahaha! Gostava de te ver com essa cara, há-de vir o dia...

Ele, aproximando-se, agarrou-a e olhando-a nos olhos penetrou para além do azul, o seu olhar era sedutor, era ele quem dominava. Eva, percebendo o momento, deixou-se ir na corrente do desejo. Ricardo levantou-a no ar e deixou-a enredar as pernas no seu torso. Enquanto se beijavam apaixonadamente, percorreu o quarto até a encostar à parede, mesmo ao lado da cama de dossel em ferro forjado, uma peça única, como todas as outras do hotel. Ela gemeu no embate, sorrindo de seguida a aprovar o desafio. Eva desceu com as mãos no peito e, num movimento só, arranhou-lhe a pele.

Ricardo: estás louca?
Eva, sorrindo: no rules... ok!
Ricardo: no skin... for sure!
Eva: hahaha! Adoro-te!

Deixando-se cair para o lado, Ricardo projectou-a para cima da cama. O colchão devolveu-a como uma mola num pequeno salto que a fez rir. Abraçaram-se e rebolaram na cama como dois miúdos. Eva ficara por cima dele, sentada, com um sorriso provocador.

Eva: fecha os olhos!
Ricardo: para quê?
Eva: nunca se questiona uma surpresa!

Ricardo, fechando os olhos, deixou escapar um longo suspiro como quem espera o prazer; sentia-se egoísta, queria receber. Eva, agarrando um lenço pousado numa das mesinhas de cabeceira, vendou-lhe os olhos.

Ricardo: que fazes?
Eva: calma, vais gostar!

Não lhe falaria agora, pensou, teria de haver uma explicação plausível. Aquela mulher nunca fora mistério, desde o início que lhe mostrou as cartas e ele conhecia bem as amarras e caminhos por onde ela andava. Fora sempre franca, nunca lhe escondera nada, nunca, nem os temas mais íntimos como um aborto...
Eva, agarrando-lhe um pulso, algemou-o à cabeceira num gesto rápido. Ainda não se tinha recomposto da surpresa e já Eva lhe algemara o outro pulso. Ela, pressentindo o espanto disse-lhe, “relaxa... estás por minha conta e vou-te levar aonde nunca foste, nem nos teus sonhos mais loucos!”
Batem à porta insistentemente.

Ricardo: o que se passa?

Agora o tom era de pânico. Eva, retirou-lhe a venda e colocando-lhe o indicador na boca fez, “Schhhh!”. Levantou-se, recompôs o vestido e dirigiu-se à porta da suite que ficava noutra sala. Ele conseguia ouvir as vozes em sussurro, como se quisessem esconder algo. O tempo parecia uma infinidade e Ricardo começava a impacientar-se, foi então que gritou, “Eva, então?!”.
Os passos fizeram-se sentir na sua direcção, não seria só ela, viria acompanhada. Entraram no quarto; ao lado de Eva uma mulher asiática, japonesa pelos traços ligeiramente angulosos que as diferenciam das chinesas; esta dispara de pronto: “Is this the guy?”. Eva, sorrindo, confirma com um movimento de cabeça. Saem do quarto deixando atrás de si a porta fechada. Ricardo não esboçou um gesto, não proferiu uma palavra. O assombro era tal que não percebera que estava encarcerado no seu próprio quarto.
(João Mãos de Tesoura)



Preso ao amor...

quinta-feira, maio 12, 2005

Loja dos 300

Não, não é uma tartaruga mas sim uma chinesa que morreu hoje com 120 anos. Pela expressão da cara parece ter valido a pena!



Li Cairong entrou para o Guinness Book pois era a pessoa mais velha do mundo. Não tentem fazer isto em casa..

Desportivismo

Sou morcego pela Académica e Dragão pelo Porto, já o disse, mas no resto sou português. Na próxima quarta-feira vou ser Leão pelo Sporting, ah pois é, VOU À FINAL DA TAÇA UEFA, para mim não será a primeira vez! Só eu sei...


Dia 18, Portugal estará a olhar para este rectângulo!

Vou estar com um cachecol do Porto a berrar... Portugal! Espero sobreviver! E tu, vais ao jogo?

quarta-feira, maio 11, 2005

Bombástico

Ricardo Araújo Pereira e seus acólitos nunca mais serão os mesmos. Agora, até eu lhes faço a vénia. De facto, foram eles os autores do blogue mais polémico da blogoesfera nacional, o meu pipi. Se dúvidas houvesse o Bino esclareceu-as, basta validar aqui (vejam o autor!). Ah ganda Bino!



Quem terá inventado o Bino...


KARAOKE
(Pimba, Emanuel)
Em honra ao Bino e a todos as portuguesas que sonham com um homem assim...

Rapazes da vida airada
oiçam bem com atenção
todos temos o dever
de dar às nossas mulheres
muito carinho e afeição.

são as mais lindas do mundo
donas do nosso coração
se somos meigos p'ra elas
dão-nos tudo tudo tudo
com toda a dedicação.

e se elas querem um abraço ou um beijinho
nós pimba, nós pimba
e se elas querem muito amor muito carinho
nós pimba, nós pimba
e se elas querem um encosto à maneira
nós pimba, nós pimba
e se elas querem à noitinha brincadeira
nós pimba, nós pimba

elas são tudo p'ra nós
e não me digam que não
temos de lhes dar amor
nunca nunca as deixar sós
e consolar seu coração

quando estão apaixonadas
são-nos muito dedicadas
por isso rapaziada
convem que elas sintam
que por nós são muito amadas

O mistério do blogueiro desaparecido! (8)

<Projecto: esta é uma história a várias mãos. Eu dou o ritmo mas os acordes são vossos. Continuem a história na lógica traçada. Boa escrita.

A partir de agora podem acompanhar a história num blogue feito a preceito. A criação continuará a ser feita aqui; o outro blogue servirá para dar consistência ao texto, para permitir seguir o encadeamento dos posts.

Índice: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9


O avião aterrou sem novidade. O dia estava cinzento e Heathrow não convidava; não é um aeroporto bonito, daqueles em que as gares nos esmagam com lobbies monumentais de aço e vidro. Ricardo chegou só mas a excitação era grande. Eva não iria falhar, não depois do que cresceu entre eles; a cumplicidade enraizara-se e com ela vieram as verdades, as ocultas. Ela era casada há 8 anos; não era infeliz mas não encontrava no casamento o sal da vida, não se sentia viva. Pediu-lhe para tolerar uma situação dúbia, algo que o tempo se encarregaria de resolver, só ainda não sabia como.
Tinham passados dois meses desde o primeiro encontro e a oportunidade surgiu quando Eva lhe falou numa feira em Londres. Ela era marketer da P&G e iria participar na apresentação de uma nova linha de produtos. Ricardo não deixou fugir a ocasião e sugeriu acompanhá-la. A pausa na resposta ao telefone deixou-o inseguro.

Eva: sabes que eu sou casada e vou com colegas...
Ricardo: sei... mas sei também que podemos contornar isso, basta querermos e usarmos a nossa imaginação.
Eva: ... tu tentas-me... ai, Ricardo, como seria bom...
Ricardo: vai ser, deixa-me tratar de tudo! Qual é o hotel?
Eva: olha, eu vou estar no Royal Garden (pausa longa)... querido, já me convenci... seria óptimo se pudesses ficar aí, assim dormíamos juntos...
Ricardo: claro que ficamos, a Space nunca me falhou uma reserva, nem mesmo as last minute. Já agora aproveitamos e ficamos o fim-de-semana, assim teremos dois dias só para nós!
Eva: tu és terrível... está bem! Vou dizer ao Artur que aproveito para visitar uma amiga de faculdade que vive em Knightsbridge.
Ricardo: e sou eu o terrível... (risos)
Eva: não me provoques, tu não me provoques que ainda desisto! (risos)
Ricardo: e à noite acordavas e pensavas em mim?
Eva: e mais qualquer coisa...
Ricardo: hmmm... tenho de ver isso!
Eva: agora vai, chato... tenho de trabalhar!
Ricardo: e eu também, tu é que pensas que a vida é fácil e que as viagens caem do céu! (risos)
Eva: pois... falamos logo, beijinhos!
Ricardo: beijo!

Viajar de táxi em Londres é uma experiência única. Não só porque o london cab não tem igual, mas também porque circular pela esquerda nunca deixa de ser estranho. O trajecto foi agradável e ele aproveitou para relembrar uma viagem que fizera com os pais há muitos anos atrás.
O táxi entrava agora no parque do hotel. Como era belo; a secretária que lho marcara tinha razão, seria certamente um dos hotéis mais belos da cidade. Já no lobby dirigiu-se à recepção. Fez um check-in rápido pois a vontade de um banho era muita. Tinha um recado, era dela.

“Querido, tive de sair mais cedo, chegarei por volta das cinco. Aproveita e descansa, vou precisar de ti em forma! Beijos, Eva”.

Dirigui-se aos elevadores quando se cruzou com um grupo de italianos que entrava ruidosamente numa das salas de reuniões do hotel. Voltou atrás por impulso. Na recepção um dos funcionários apressou-se a perguntar-lhe se estava tudo bem. Ricardo sorriu e disse que ainda era cedo para reclamações. A pergunta que tinha era simples, a resposta foi devastadora. Não havia nenhuma feira de consumíveis, Eva não viera em trabalho!
(João Mãos de Tesoura)


A cama era king size...

terça-feira, maio 10, 2005

Pacífico

Hoje pensei em férias... quem me pode levar a mal?


Hei-de voltar...

domingo, maio 08, 2005

Serviço Público

Este blogue, como os demais, tem sido bastante visitado por internautas que procuram imagens da Carla Matadinho. Pelo desespero deles e meu descanso, fiz dois posts dedicados à diva. Agora, se me permitem, volto ao rame-rame....




Eh pá! Ganda naco... já não toureio mas sou muito aficionado!

Sensibilità

Porque divulgar é cultura, o "Exacto" não se escusa a desvendar Portugal ao mundo!



Agora, para todos os que aqui aparecem acidentalmente à procura da Carla Matadinho, há uma razão para parar!


O Bino Coutinho d'Almeida Quintela Mexia (heterónimo) linkou-me ao seu blog; li a longa descrição que faz de si próprio, quem disse que o Galo de Barcelos era um produto em extinção?

sábado, maio 07, 2005

Barbárie

Impotente, derrotado, o menino olha o mar e não percebe. Veio com outros noruegueses chorar os mortos do Tsunami em Phuket na Tailândia.
Não lhe bastava a desgraça, tiveram de o expor à perplexidade. Uma criança tem o direito a sonhar, ao imaginário, tem tempo para descobrir o "eu". Os adultos expuseram-no à catarse como se ele dela precisasse.
Vivemos tempos de desnorte, de barbárie.


Só, infinitamente só!



Nota: morreu Jorge Perestrelo; perdeu-se a voz da emoção; "bola na estratosferaaaaaaaaa... "



KARAOKE
(Cold water, Damien Rice)
(mp3, roubei-o à Menina Marota)

Cold, cold water surrounds me now
And all I've got is your hand
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Or am I lost?

Love one's daughter
Allow me that
And I can't let go of your hand
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Or am I lost?
[chanting] Cold, cold water surrounds me now
And all I've got is your hand
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Or am I lost?

Detalhes

O homem lida bem as alterações do corpo, a mulher entra em pânico.


Emagreci!!!



Detalhe anterior

sexta-feira, maio 06, 2005

Diálogos impossíveis

Emplastro: Ó Bento!
Ele: É cá um chinfrim...
Emplastro: Posso tirar uma foto?
Ele: Com quem?
Emplastro: contigo Bento!
Ele: vai chamar Bento a outro!
Emplastro: Não és o Papa?
Ele: Achas que se fosse, eu falava português?
Emplastro: Mas eu estou a falar alemão! Ó p’ra mim “Rato rezinga!”
Ele: Ainda não me habituei ao nome...



Ainda me excomungam...

O mistério do blogueiro desaparecido! (7)

Projecto: esta é uma história a várias mãos. Eu dou o ritmo mas os acordes são vossos. Continuem a história na lógica traçada. Boa escrita.

A partir de agora podem acompanhar a história num blogue feito a preceito. A criação continuará a ser feita aqui; o outro blogue servirá para dar consistência ao texto, para permitir seguir o encadeamento dos posts.

Índice: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9


"Porra, continuo a suar!", pensou. Um primeiro encontro é sempre uma novidade, excitante, e este tinha o sabor a proibido.
(João Mãos de Tesoura)

“Excelente! melhor do que imaginava!” – pensava Eva enquanto acendia a última de um conjunto de velas que conduziriam Ricardo até ao seu quarto.
Sentou-se na cama e olhou-se no grande espelho em frente. Só lhe conhecia a voz. Era quanto bastava. Por ora. Fechou os olhos.

Ricardo hesitou. Pensou voltar para trás. Mas algo mais forte o impelia ali. A porta estava entreaberta. Empurrou-a devagar. Nem sombra dela. Somente um cheiro forte e adocicado das velas queimadas. Premiu o saco contra si. Com a outra mão apoiou-se à parede. Sentia-se tonto. Hesitou mais uma vez mas agora era tarde de mais. Caminhava arrastando pernas e braços e na sua cabeça ecoavam as palavras dela. “Agora vem!”, “Agora vem!”.
Parou à entrada do quarto. Um corpo, o dela, ali, naquela cama, como ele imaginara, ao som duma música suave, em carícias ritmadas.
(MWoman)

Sorriram um no outro, não era hora de palavras e eles desejavam-se. Ricardo avançou para ela e, de rompante, ouviu-se um tiro. O som do petardo ecoou no quarto num grito insuportável. Ele olhou-a perplexo. O negro da noite invadiu-lhe a visão, nada via nem sentia, nada, estava exangue.

A letargia durou uns segundos, não mais do que isso; tudo regressava agora, primeiro a dor e depois os detalhes do cenário. Na mão, uma Beretta de 9 milímetros quente denunciava o disparo recente. “Não pode ser, não pode...”, o quarto era agora uma sala sem mobília, ao fundo uma salamandra e uma porta... “Quem está aí?” balbuciou ao descortinar um vulto a sair da sala. Uma pontada invadiu-lhe a perna, olhou-a, uma bala tinha feito o seu trabalho.

Passaram-se três horas desde que saíra de casa, recordava-se disso pelo telefonema que fizera. Carolina atendia sempre, estava sempre disponível. Recordava-se dela ter ficado assustada, contudo não se lembrava da conversa, fora tudo apagado. Perdera-se nas memórias, isso sim, e aquele tempo ficara em branco.
Esta casa era-lhe desconhecida, completamente estranha. Sentiu medo, iria sucumbir.
(João Mãos de Tesoura)

Naquele breve instante lembrou-a, dias atrás, quando ela lhe sussurrava ao telefone um momento íntimo e já passado. Uma fantasia nunca esquecida, contada com palavras de suaves tonalidades a dar a noção da pátina do tempo, ganhando colorido sempre que a emoção, a afectividade dela transbordava, quente e sensual, na narrativa daquele retalho da vida.
Havia palavras que ditas por ela o deixavam palpipante, que se transformavam em beijos ardentes que quase sentia no corpo, por horas e horas. Então, ele experimentava uma vontade louca de a abraçar, de a beijar, de a cobrir, de a penetrar, de a fazer sua, de cevar bem dentro do corpo dela, de se molhar nela…de lhe sentir a respiração, o seu palpitar, fêmea, amante, companheira clandestina… E lembrava-se como naquela noite ficou só, se acariciou enquanto a pensava e lhe lembrava o rosto, sentindo-lhe os seios, o ventre, passeando os lábios longamente pelas coxas, bebendo –lhe o prazer e sentindo o dele, deixando-se ficar inundado até adormecer.
(Tati)

Estendeu a mão e balbuciou “Eva...". Acordou com o som do telemóvel. A dor regressava agora sem tréguas. Sentou-se, não tinha perdido muito sangue. Com a camisa fez um garrote e levantou-se. A sala cheirava a tinta e o chão da sala não tinha pavimento. “Que faço eu num apartamento novo?”. Nada fazia sentido, nada, a não ser a dor lancinante que o atormentava.
(João Mãos de Tesoura)



As memórias eram muito fortes...

quinta-feira, maio 05, 2005

Paciente envergonhado

Não há mulher que não opine sobre o estado de espírito de um homem; bastam-lhe uns meros minutos para traçar o mapa astral, descobrir as maleitas que o enfermam, determinar o seu nível social , precisar se é impaciente ou atento, sentimental ou indiferente. Até aqui tudo bem; pior, bem pior, é o desejo incontido de oferecer a prescrição. E como o aviso é gratuito, tomam-se por boas samaritanas e ditam do alto da intuição feminina o diagnóstico redutor para o paciente envergonhado! A essas digo-lhes que sim, deixo-as com a ilusão do segredo desvendado, é tudo o que terão; afinal, o doente sou eu...



Ena, ena... sou isso tudo?!


E agora vou ver o filme...

No dia-a-dia sou preto pela Académica, nas grandes escolhas sou azul pelo Porto, na alegria sou Português... que ganhe o Sporting!

O mistério do blogueiro desaparecido! (6)

Projecto: esta é uma história a várias mãos. Eu dou o ritmo mas os acordes são vossos. Continuem a história na lógica traçada. Boa escrita.

A partir de agora podem acompanhar a história num blogue feito a preceito. A criação continuará a ser feita aqui; o outro blogue servirá para dar consistência ao texto, para permitir seguir o encadeamento dos posts.

Índice: 1, 2, 3, 4, 5, 6


Levantou-se e segue de modo inconsciente para a pequena varanda do seu quarto. Um arrepio percorre-lhe o corpo ao pisar, descalço, o chão de pedra refrescada pela noite. Apesar do desconforto, o ar fresco e a pedra fria despertam-lhe os sentidos e dão-lhe um vigor momentâneo. Tinha que tomar uma decisão, iria vê-la!
O alívio da decisão repentina deu-lhe paz, mas o cansaço das noites mal dormidas estava a levar a melhor. Seria melhor descansar um pouco. Para o encontro, tinha que estar em melhor forma.
(Whatever)

Só ele sabia que o encontro seria fatal, mas nem o receio da morte o fez hesitar. Mirou o mar, a lua brincava no prateado da ondulação. Inspirou fundo, pegou na pistola que deixara em cima da mesa da varanda e encostou-a à face. A decisão estava tomada. Guardou a pequena arma no bolso das calças e perdeu-se novamente nas memórias.

Observou o prédio. Uma janela ainda aberta denunciava a espera. Ela estivera aí debruçada a mirar o infinito na incerteza do encontro, do desejo. Tirou uma embalagem de dodots do porta-luvas. Serviam para outras emergências; limpou as mãos e a cara; agora sim, sentia-se melhor. Agarrou num pequeno saco e saiu do carro. Avançou para a entrada do edifício num passo apressado. Tocou à campainha. A porta abriu-se sem que ninguém falasse, cumpria-se o combinado. No elevador pressionou o botão do quarto andar. As portas fecharam-se, já não podia voltar atrás.
(João Mãos de Tesoura)


Medo de quê?

quarta-feira, maio 04, 2005

Vontade

Na vida, como em tudo, só se valoriza o que se não tem. Por isso, grandes são as mulheres que sabem lutar pelo que querem. As outras nem sonham...


Vem cá...

Nadia Al-Mardini

O mistério do blogueiro desaparecido! (5)

Projecto: esta é uma história a várias mãos. Eu dou o ritmo mas os acordes são vossos. Continuem a história na lógica traçada. Boa escrita.

Índice: 1, 2, 3, 4, 5


Conduzia sem ver o que tinha à frente. O pensamento estava perdido naquela voz cujo corpo ainda não tomara forma. Algo o fez acordar e voltar à estrada que tinha como único objectivo conhecer aquela mulher.
O local tinha sido marcado por ela. Ele, que sempre se considerara um sedutor nato, um manipulador do mais hábil que há, deixara-se levar. Não sabia como. A situação tinha extrapolado os limites aconselháveis. A voz do corpo falava mais alto e as emoções obedeciam-lhe. Que era feito da razão? Desaparecera por completo.
Seguiu as indicações dadas. Desviou-se da estrada principal e infiltrou-se por um caminho estreito, que quase conhecia de cor apenas pela descrição feita e revista vezes sem conta.
Chegou. Parou. Hesitou antes de desligar o motor. Apesar de tudo aparentava uma calma absoluta, salvo as mãos molhadas que o traíam.
(Cereja em fondue de chocolate)

No quarto, o ambiente era agora irrespirável. Por momentos viu o seu reflexo no monitor. Aquele não seria ele mas sim o outro, não queria continuar a viver assim, pensou.
(João Mãos de Tesoura)

Há sempre um dia em que alguém nos supera em matéria de manipulação. À primeira vista, ele era um homem brilhante, engraçado e sedutor, assim pensavam as pessoas que o conheciam superficialmente. Gostava de ser desejado e fazia-se sempre esperar. Falava com cada pessoa como se fosse realmente importante e única no mundo. Depois, usava-as para fomentar o seu sucesso e a sua brilhante carreira. Gostava de ser admirado, quase venerado. Ele conseguia criar uma relação de quase dependência com as pessoas que passavam pelas suas mãos, ficavam à espera duma palavra de aprovação e sentiam-se rejeitadas com uma crítica apenas. Era cioso da sua aparência e andava sempre impecável. Menos naquela noite mas o motivo era forte...
(Jacky)

terça-feira, maio 03, 2005

Portugal mais alto

Palavras para quê? Onde se vê arrogância deve entender-se atitude, onde se vê fanfarronice deve entender-se determinação, onde se vê sorte deve entender-se trabalho. Esta é a fórmula do sucesso!

Precisamos de mais homens e mulheres assim!

Vejam este vídeo. IMPERDÍVEL! No site visit4info coloquem a palavra "mourinho" (sem aspas) em Keyword in the ad. Façam Exact Search. Clicar na imagem do Mourinho. Seleccionem em Select version for playing o video player em que querem ver o spot publicitário. Depois é só fazer Play e sorrir de orgulho! Eu confesso que fiz o download do vídeo.

O mistério do blogueiro desaparecido! (4)

Projecto: esta é uma história a várias mãos. Eu dou o ritmo mas os acordes são vossos. Continuem a história na lógica traçada. Boa escrita.

Índice: 1, 2, 3, 4, 5


Ligou. O voice mail atendeu-lhe a tremura do gesto. Silenciou a da voz. Retardou um pouco mais o momento. O olhar abarcou o horizonte diluído na lonjura. O arco-iris descera aos campos do Alentejo – amarelos, alfazema, ocres profundos, todos os verdes num só. A planura contrariava o pico de emoção a que desde a madrugada se entregava, num crescendo cujo fim conhecia.
(Cerise)

Olhar parado, pensamentos a mil. Agora já nada o impedia de continuar.
Mas os minutos que antecedem o confronto do imaginário com o real, são momentos de tensão e de grande ansiedade.
Traçou um plano. Balbuciou palavras. Experimentou gestos.
No momento de todas as decisões o telemóvel tocou. Era ela.
- Pensava em ti.
- Eu sei - proferiu ela.
- Ia telefonar-te.
- Eu antecipei-me! – respondeu.
- Estás nervosa?
- E tu não estás?
E soltou uma gargalhada.
Eram contagiantes as gargalhadas dela e quente a sua voz.
Ricardo ficaria assim o resto dos seus dias, ouvindo-a, e construindo imagens de suporte para esta voz.
- Agora vem.
Foram as palavras dela em jeito decidido e autoritário.
Era tarde para recuar. O destino estava ali.
(MWoman)

O som de chamada. Ultimaram acertos. Ela sem saber que ele dela fugia. Porque se a realidade cansa, a ilusão também. Queria real com corpo, cheiro, pele. Com curvas doces a pedirem o vaguear lento das mãos. Lábios como cerejas que se abrem, maduras, ao verão. Cabelo solto lambido pelo vento. Pele misturada com a dele. Não uma qualquer, anónima apesar do nome. Mas a dela.

Sabia que a ilusão seria, irremediavelmente, estilhaçada pelo real. Ficaria contaminada. Sem préstimo. Jazendo com tantas outras no canto dos desperdícios. Porque, ao desmentir pela segurança e pragmatismo a vulnerabilidade aos sonhos, apenas se protegia com carapaça frágil. A emoção denunciava-o. Vê-la e partir. Sem amarras ou laços pendentes. Como os blogues, os enredos, a teia que urdira e que ao fugir provava tê-lo arrastado. Sucumbira.
(Cerise)



As marcas dos insectos no pára-brisas denunciavam a viagem...

segunda-feira, maio 02, 2005

O mistério do blogueiro desaparecido! (3)

Projecto: esta é uma história a várias mãos. Eu dou o ritmo mas os acordes são vossos. Continuem a história na lógica traçada. Boa escrita.

Índice: 1, 2, 3, 4


Pensamento vão esse que o acalenta, jamais imaginaria um desfecho assim. Não valia a pena enganar-se mais, o post estava terminado e explicaria muita coisa, o suficiente para ele saber que não ficariam pontas de fora. Dele já não restava nada, os outros haveriam de compreender. O cigarro esquecido no cinzeiro consumiu-se sozinho deixando uma frágil forma suspensa em cinzas. “Que se lixe o cancro...” e tirou o último cigarro do pacote de Marlboro. O travo era diferente, como se fosse o último, e só por isso saboreou-o lentamente. Na testa, no corpo, nas mãos, o suor não enganava a tensão sentida, o sofrimento incontrolado.

O carro já percorrera umas centenas de quilómetros; Ricardo fazia-o por gosto, com convicção. Desligou a música, queria tirar partido da paisagem e o silêncio bastava-lhe. Uma dor invadiu-lhe o peito como se ficasse sem ar. O destino estava mesmo à sua frente, não ia falhar o encontro, não depois de tanto envolvimento, de tanta cumplicidade. Pegou no telemóvel, ia telefonar-lhe.
(João Mãos de Tesoura)



A areia foi testemunha...

O mistério do blogueiro desaparecido! (2)

Projecto: esta é uma história a várias mãos. Eu dou o ritmo mas os acordes são vossos. Continuem a história na lógica traçada. Boa escrita.

Índice: 1, 2, 3, 4


Vítima das suas palavras, das suas próprias atitudes.
Quando criou o primeiro blogue fê-lo porque outros também o faziam, porque achava piada ao facto. Os primeiros comentários foram aparecendo timidamente, com sabor a invasão de privacidade. Ao fim de algumas semanas surgiam em catadupa. Ricardo respondia sempre. No entanto começava a ter alguns problemas: os seus leitores…leitoras, na maioria, exigiam respostas de diferentes géneros, ou pelo menos assim ele pensava. O pseudónimo usado naquele blogue não lhe dava cobertura para tal. Surgiu um outro nome. Atrás do nome veio um endereço de e-mail diferente e para que ambos tomassem consistência e credibilidade surgiu também outro blogue: o segundo.
Daí à primeira troca de números de telefone foi um ápice. O passo para o primeiro encontro estava dado. O desconhecido trazia um sabor a medo e um aroma de excitação.
(Cereja Cristalizada)

Ninguém podia prever como os próximos dias ou semanas iam desenrolar-se. Ricardo passava cada vez mais horas sentado à frente do seu computador, um companheiro fiel nas boas e más horas. Continua a escrever no primeiro blogue, mas a cada dia que passava o segundo blogue tinha mais adeptos. Vivia envolto num clima de mistério, tinha acertado no alvo quando resolveu criar o novo blogue, os temas aí debatidos davam azo à imaginação, quem poderia adivinhar que tal sucesso fosse possível.
Enquanto viajava de carro olhava pela janela, estava nervoso, o primeiro encontro! Como seria? Para distrair-se ouvia uma música no rádio, mas o seu pensamento voltava sempre ao mesmo ponto de partida, que pensaria ela dele, que pensaria ele dela? Já havia meses que se falavam, nunca se tinham visto a não ser por fotos ou pela videochamada, o medo invadia-lhe o corpo e a mente...
(Ricardo)

Ajeitou-se na cadeira. Quase estendia a mão para outro cigarro. Conteve-se. Queria inebriar-se com a réstia de fumo do que apagara. E consigo. Com a habilidade que lhe permitia mover os cordéis que manipulavam quem ele decidia fazer marioneta. De início, não seleccionara alvos. Lançara sementes na teia de cabos ópticos e esperou. Espera nunca passiva, antes alimentada pela rega, pelo tempo e adubo. Tal como em terra madura, as sementes germinaram e misturaram vidas, alimentadas no mesmo solo. Não dispersou atenção. Distinguiu as prometedoras das vãs e, sem deixar morrer as mais insípidas, seguiu com atenção distraída o crescimento das escolhidas. Distante, lúcido, simulando indiferença que não sentia. Ao ver o que pelas suas mãos nascia, redobrou cautelas, não passasse de lavrador a lavrado. Era esse o sentimento na precariedade que hoje o consumia. Acendeu novo cigarro.
(Tati)



O que escondiam estas mãos?

domingo, maio 01, 2005

O mistério do blogueiro desaparecido!

O post anterior não foi um acto de indolência, bem pelo contrário, pretendi tão somente testar a vossa adesão ao imaginário do “Exacto”e creio que consegui. Mas essa iniciativa tem móbil mais vasto, eventualmente impossível.
Vou iniciar aqui um conjunto de posts a que chamarei “O mistério do blogueiro desaparecido!”. Vou escrever o início, vários “intermezzi” e o final dessa história.
Conto com a vossa participação na escrita do conto. Assim, basta colocarem nos comentários a continuação da sequência que tiver sido apresentada. Reservo-me o direito de escolher entre os vossos comentários aqueles que entender estarem mais próximos do espírito da narrativa. Vamos fazer disto uma experiência gira, apela-se à imaginação e qualidade do verbo!


Índice: 1, 2, 3, 4


Não seriam duas horas da manhã. Ricardo, cansado de uma directa involuntária, teclava freneticamente um novo post. Iniciara-se nisto dos blogues há uns meses, hoje não o teria feito. Parou por uns momentos, limpou o suor da testa com a manga da camisa e, num gesto automático, acendeu mais um cigarro. O cinzeiro não mentia, há várias horas que ele não saí dali. Entre as beatas encontravam-se marcas de mulher, batom esquecido nos filtros de outra marca. Olhou o monitor perdidamente enquanto lançava uma baforada emanada dos confins dos seus pulmões. “Porque razão me meti nisto?!”, pensou. Não era um internauta vulgar, escrevia em 3 blogues, todos diferentes, todos necessários, hoje mais do que nunca. O tempo escasseava, o relógio não mentia e Ricardo sabia que o desfecho seria brutal, implacável. Sabia ainda que é ténue a fronteira entre o real e o virtual; explorara essa dicotomia até ao limite, até os outros cederem. Era um manipulador inato, sensual, insinuante, sem interesse maior do que o seu próprio prazer. Só o confronto de ideias o fascinava, sentir no outro um par; os desafios, esses, era ele que os criava. Contudo, hoje é ele a vítima, o acossado.
(João Mãos de Tesoura)