Projecto: esta é uma história a várias mãos. Eu dou o ritmo mas os acordes são vossos. Continuem a história na lógica traçada. Boa escrita.
A partir de agora podem acompanhar a história num blogue feito a preceito. A criação continuará a ser feita aqui; o outro blogue servirá para dar consistência ao texto, para permitir seguir o encadeamento dos posts.
Índice: 1, 2, 3, 4, 5, 6
Levantou-se e segue de modo inconsciente para a pequena varanda do seu quarto. Um arrepio percorre-lhe o corpo ao pisar, descalço, o chão de pedra refrescada pela noite. Apesar do desconforto, o ar fresco e a pedra fria despertam-lhe os sentidos e dão-lhe um vigor momentâneo. Tinha que tomar uma decisão, iria vê-la!
O alívio da decisão repentina deu-lhe paz, mas o cansaço das noites mal dormidas estava a levar a melhor. Seria melhor descansar um pouco. Para o encontro, tinha que estar em melhor forma.
(Whatever)
Só ele sabia que o encontro seria fatal, mas nem o receio da morte o fez hesitar. Mirou o mar, a lua brincava no prateado da ondulação. Inspirou fundo, pegou na pistola que deixara em cima da mesa da varanda e encostou-a à face. A decisão estava tomada. Guardou a pequena arma no bolso das calças e perdeu-se novamente nas memórias.
Observou o prédio. Uma janela ainda aberta denunciava a espera. Ela estivera aí debruçada a mirar o infinito na incerteza do encontro, do desejo. Tirou uma embalagem de dodots do porta-luvas. Serviam para outras emergências; limpou as mãos e a cara; agora sim, sentia-se melhor. Agarrou num pequeno saco e saiu do carro. Avançou para a entrada do edifício num passo apressado. Tocou à campainha. A porta abriu-se sem que ninguém falasse, cumpria-se o combinado. No elevador pressionou o botão do quarto andar. As portas fecharam-se, já não podia voltar atrás.
(João Mãos de Tesoura)
Medo de quê?
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