sábado, setembro 30, 2006

Jura

(Prólogo - Ficção inspirada nos dois episódios que vi, mas que não retrata nenhuma situação vivida na telenovela que eu saiba. A estória da telenovela, essa, tem a sua fórmula. A partir de aqui será mais do mesmo, a receita repete-se e vem a monotonia, o desgaste do intelecto. Espero ter superado o original, mesmo sem cenas de sexo explícitas... a estória deixa no final uma dúvida, ou não, a interpretação será vossa. O cerne da ficção está na assunção da certeza, esta não é propriedade de ninguém, vivemos relações baseadas na confiança. A nobreza está em cumpri-la, o resto são "peanuts"! Por fim, procurei que a pontuação valorizasse o ritmo, que evidenciasse a ansiedade.)


Cheguei à praia com os primeiros raios de sol. A candura da areia batida pelo mar chão ainda era tolerável. Estendi a toalha e olhei demoradamente ao redor. Ninguém, teria por pouco tempo este paraíso só para mim. Deite-me na direcção do mar e deixei-me levar em pensamentos que me assolam quando a tranquilidade é soberana. A suavidade da areia conquistou-me pouco depois e, sem dar por isso, adormeci.
Um olá determinado fez-me regressar à luminosidade. Alguém se dirige para mim. Reconheço-lhe as feições, mas que raio, de onde o conheço? Cumprimentámo-nos e ele, sem ter perguntado, senta-se a meu lado. “Preciso de desabafar, pá!” ao que anuí com um movimento lânguido da cabeça acrescentando, “...aproveita, no estado em que estou posso ouvir tudo, duvido que me surpreendas...”, deitei novamente a cabeça e deixei-o à vontade.
Sabes, namoro há mais de um ano o que em mim é um feito... um feito! Sinto-me pela primeira vez arrebatado”. Entreabri um olho para lhe fixar a expressão e, ao contrário das palavras, não vislumbrei nenhum rasgo de felicidade, bem pelo contrário, o ar era grave. Preparei-me para sofrer, pois mesmo o desfrutar do paraíso tem o seu preço.
No início foi um mar de rosas, tudo era perfeito... mas pouco depois soube que ela se interessava por outro... amor mal resolvido, acho... apanhei-a em pequenas mentiras até ter encontrado um post-it esquecido com um telefone e um pequeno coração... uma merda... telefonei, claro, para confirmar a voz masculina... cabrão!”, mantive-me mudo, o cenário só podia piorar, “... mais tarde, não sou parvo, vi-lhe os SMS e lá estavam os do chibo, vários, todos insinuantes, alguns a combinar encontros, outros a recordá-los com paixão... foda-se!”, pensei entrar em coma mas não encontrei nenhum expediente rápido, “... investiguei e descobri que o gajo é de Lisboa, vive na Expo...”, para desanuviar disparei, “também eu, boa zona!”, ele não se ficou, “eu sei, eu sei...”, um arrepio gélido percorreu-me as costas, “... e acreditas que o sacana se encontrava com ela descaradamente em casa a meio do dia, vi-os...”, aqui tive de o interromper, “e abordaste-os?”, “quem, eu, nunca, a vingança serve-se fria, não achas?”, abri novamente os olhos, o olhar dele era penetrante, quase inquisitório, mas não demonstrei qualquer temor.
Os meus pensamentos voavam, quem seria este tipo, eu sou livre e não nego aventuras mas quem seria a gaja, muitas dúvidas sem resposta, tudo isto interrompido pela confissão, “... os gajos começaram a ganhar confiança e ela chegava cada vez mais tarde a casa, às vezes depois da meia-noite, as desculpas eram as mesmas, trabalho e mais trabalho, depois foram os fins-de-semana, um dia resolvi segui-los...”, não aguentei, “... mas aturaste essa merda?”, “aguenta, vais perceber, o gajo tinha um alfa vermelho, o típico carro dos pintas...”, interrompi-o novamente, “mas, espera lá, eu tenho um também...”, “eu sei, eu sei, mas não é isso, é que o gajo levou-a para o Algarve, foram para um SPA, sacanas, e eu fiquei à espera para rebentar com aquela merda toda!”, timidamente perguntei-lhe, “... mas estamos no Algarve, eles estão cá?”, o silêncio parecia agora uma faca aguda que cortava o ar, “... claro, estão nesta praia!”, sentei-me num movimento único como se uma mola me tivesse impulsionado, “porra, o que queres insinuar?”, ele sorriu, “... de quem é essa toalha ao teu lado?”, por momentos senti-me no twilight zone, “... qual toalha, só aqui está a minha!”, ele tornou a sorrir, “... vês, não tens nada a temer!”, senti-me a explodir, “mas de onde nos conhecemos?!”, a gargalhada foi violenta, cheia, como se estivesse à espera deste momento para desfrutar e, levantando-se, concluiu, “... não nos conhecemos, por isso desabafei. Fica bem!”.
Vio-o afastar-se até a silhueta desaparecer no areal, respirei fundo, tentava perceber o que se passara, a Lígia, essa, dormia ainda no hotel, com quem sonharia?


Ela a gozar o prato, ele com cara de enfiado... não, ainda não...

Se os meus amigos fossem semelhantes aos da telenovela Jura, juro que mudava de vida!


Nota 1: a pesquisa da foto da Jura foi educativa. Por incrível que pareça já há blogues com vídeos da telenovela... a pagantes. Deve andar por aí muita gente carente...

Nota 2: não vejo telenovelas, dão-me tédio; na televisão prefiro ver filmes (de livros que ainda não li, o inverso é geralmente doloroso), séries (Sopranos e CSI), telejornais (os da SIC notícias a más horas), debates (o prós e contras), documentários (biográficos, natureza, etc.), comédia (o Jay Leno que adoro), futebol (competições europeias) e algum cinema animado (raro, sou apaixonado por BD). Dispenso igualmente os analistas (Marcelo, Portas, Vitorino, Rogeiro e Sousa Tavares) por não gostar de quem de tudo fala, mas que nem de tudo sabe. Não critico os que gostam de Soaps, não são piores do que eu, mas sou assim. Contudo, não deixei de ver alguns episódios das novelas da moda, Jura e L Show. A primeira por ser um modelo arriscado que, na busca de audiências, retrata uma franja da sociedade a viver a vida pelo desejo. A segunda por apresentar uma visão das mulheres que geralmente está arredada do nosso quotidiano e ser, assim, uma realidade insondável. Gostava de saber o que pensam destas telenovelas, se é que as viram.

Nota 3: e porque o fim-de-semana promete, gatos e cães segundo os anglo-saxões, deixo-vos os Supertramp.

Finório

Hugo Chávez não foi inocente na utilização do outdoor com José Sócrates. São muitos os eleitores de origem portuguesa...



Há quem viva da política...

sexta-feira, setembro 29, 2006

Outono

No Outono caem as folhas para apreciarmos melhor o tronco...



Elsa Benitez



Nota 1: e porque aqui também se fala de coisas sérias, fica a referência para o Memórias do Cárcere, um blog que vale muito a pena ver. E quem lá for que o leia com o cuidado e carinho que o tema merece, é da vida real que ali se fala, da dura, daquela que nunca admitimos para nós próprios nem nos nossos piores pensamentos. E é nesses momentos que os homens se transcendem, não há falta de liberdade que não desperte a esperança. Para eles, desejo-lhes a maior sorte do mundo!

Nota 2: se lerem este post no trabalho, desliguem as colunas!

Predição

Estão criadas as condições para a Sonae.com tomar conta da PT. Não poderá ficar com todos os activos, mas convenhamos que também não os queria. A razão maior prende-se com a viabilidade da Optimus que, depois de fundida com a TMN, passará a ser o maior operador de telecomunicações móveis do País. Não podendo fazer crescer a sua base instalada de clientes, restava-lhe comprar outro operador.
O negócio foi bem montado. A operação no Brasil foi negociada à partida, ficando este talhão para a Telefónica da nossa vizinha Espanha que assim solidifica a sua posição na América do Sul. A PTM (multimédia), a TV Cabo e a PT Comunicações (rede cobre) serão provavelmente alienadas a outros investidores. Paes do Amaral e João Pereira Coutinho não precisaram de lançar contra-OPAs para obter o que desejam. De facto, não faria sentido lançar uma operação que aumentaria o preço das acções, mas sim chegar a acordos que muito provavelmente já estarão assinados. Um deles ficará com a PTM, o outro com uma das redes, cabo ou cobre. Tendo, ainda, a Sonae de vender os produtores de conteúdos, acredito que venham a alienar a TV Cabo uma vez que podem fundir a PT Comunicações com a Novis. Assim, arrisco prever que a PTM irá para o João Pereira Coutinho e a TV Cabo para o Paes do Amaral.
Com o desmantelamento da PT e a alienação de grande parte dos seus activos, Belmiro fará um grande negócio sem ter de desembolsar muito. Espero que no final ganhe o consumidor, tanto no preço como na qualidade de serviço.



O rosto de um empresário que arrisca!

Mundo islâmico

Num momento em que se continua a insistir na questão israelo-palestiniana como o paradigma do mal, vale a pena ler este texto e contabilizar as mortes que resultaram de conflitos recentes entre árabes. Milhões, uma barbárie! Os Media, esses, andam mais entretidos em perseguir os judeus, vá-se lá perceber porquê?



Esta mulher prepara-se para morrer por lapidação! O Irão é exemplar...

Quanto ao ladrão e à ladra, decepai-lhes a mão como castigo de tudo quanto tenham cometido; é um exemplo que emana de Deus porque Deus é Poderoso, Prudentíssimo (Corão 5:38). Aquele que depois da sua iniquidade se arrepender e se emendar, saiba que Deus o absolverá porque é Indulgente, Misericordiosíssimo (Corão 5:39).Vida por vida, olho por olho, nariz por nariz, orelha por orelha, dente por dente e as retaliações tais e quais; mas quem indultar um culpado, isto lhe servirá de expiação. Aqueles que não julgarem conforme o que Deus tem revelado serão iníquos (Corão 5:45). Este último versículo tem paralelo no Antigo Testamento, as bases são as mesmas no essencial. Felizmente, o Novo Testamento adocica o Antigo.



Ablação do clitóris no Sudão...

Quanto àquelas dentre vossas mulheres que tenham incorrido em adultério, apelai para quatro testemunhas dentre os vossos e, se estas o confirmarem, confinai-as em suas casas até que lhes chegue a morte ou que Deus lhes trace um novo destino (Corão 4:15). E àqueles dentre vós que o cometerem (homens e mulheres), puni-os; porém, caso se arrependam e se corrijam, deixai-os tranquilos porque Deus é Remissório, Misericordiosíssimo (Corão 4:16).



Nota: deixo-vos este link para meditar sobre várias atrocidades do mundo islâmico. O meu fito não é persecutório. Pretendo tão-somente que tirem ilações sobre a nossa forma de vida, se a devemos defender, se valerá a pena falarmos de direitos humanos.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Alarde

Há muitas formas de exibicionismo. Quantos de nós já adormecemos com a jactância de alguns? Basta abrir os jornais, revistas ou televisão. Estão todos lá! O País está cheio de emplastros...


As calças e sapatos são para a fuga...

... mas se o condutor for voyeur... não pára!


Nota: Porque alguns não conseguiam abrir este vídeo no post Two Days, repito-o noutro videoblog!

Manifesto

Teve lugar há poucos dias no convento do Beato a segunda convenção do Compromisso Portugal (da primeira já falei em momento oportuno por duas vezes). Oradores e audiência foram criteriosamente escolhidos entre empresários e gestores das maiores empresas portuguesas ou com representação em Portugal. O objectivo era claro, identificar problemas e propor soluções para vários sectores estratégicos da economia. Até aqui nada demais, podemos mesmo afirmar que a iniciativa é louvável. Meritório o espírito, mas não a agenda da iniciativa se a escalpelizarmos.

A sobranceria, quase de cátedra, evidenciou-se na postura assumida pelos promotores. Que a economia portuguesa atravessa uma crise é um dado adquirido, que sucessivos governos falharam na contenção da dívida pública é assumir uma fatalidade endógena, mas admitir que temos uma classe empresarial esclarecida, isso, meus amigos, só em cantigas de escárnio e maldizer. Estes empresários sobreviveram com proteccionismo na pré e pós revolução, e os gestores não passam de técnicos bem pagos sem maior visão do mundo do que a da sua especialidade. Faltou cultura, homens de grande sabedoria, daqueles em que as palavras fazem sentido e tocam o coração. Falou-se dos destinos da nação mas não da razão de crescermos com a nossa diferença, falou-se na sustentabilidade económica sem a visão da componente social, falou-se muito e concluiu-se pouco, nada que um livro de economia não esclarecesse muito antes da bibliografia. Para estes iluminados a criação de valor resume-se ao capital e estão assustados, naturalmente, com a viabilidade económica das suas sociedades. O móbil não se esgota na flexibilização do Estado, pois a concorrência internacional também tem de lidar com o mesmo imobilismo, mas sim na criação de condições de preferência que os diferenciem, não tanto pelo potencial mas sim pela sobrevivência.

Entramos aqui na agenda escondida, no potencial de algumas propostas. A Segurança Social representa 160 mil milhões de euros ao valor actual para o período de 20 anos; a banca sabe-o, as seguradoras também. A privatização não é ingénua, mas levantam-se duas questões. A primeira, económica, prende-se com o melhor desempenho do fundo de pensões do Estado do que os da Banca, um facto. A segunda, social, resume-se em assumir que o rendimento futuro dos pensionistas será incerto, dependendo da performance dos fundos que tiverem subscrito. O espanto, no entanto, é a proposta encontrada para viabilizar a transição do sistema, emissão de dívida pública. Eles, que acusam o Estado de ter um défice excessivo, propõem um maior endividamento das finanças públicas. Paradoxal!
Na educação e na saúde, sectores que empregam mais de 500.000 funcionários dos 740.000 da função pública, propõe-se o mesmo modelo, a privatização! Tudo é feito em nome do capital, mais do que na eficiência e eficácia social, objectivo último destes sectores. Sabemos que há ensino privado superior ao estatal, mas sabemos também quanto custa. O mesmo se aplica à saúde. Economistas e gestores não podiam ir mais além, falta-lhes entender a dimensão dos bens que não são fiduciários. Para estes senhores a função do Estado esgota-se nos papéis de regulador, auditor e pagador, ficando a privada com a “chatice” de garantir a prestação de serviços.
Mas nem tudo o que se disse é incongruente. Na verdade, pagamos demasiado para a qualidade dos serviços que o Estado presta. É fundamental reformar, introduzir práticas de gestão científica (planeamento e controlo financeiro rigorosos, metodologias de qualidade, compromissos de nível de serviço com o cidadão, etc.) e garantir quadros de excelência (com empowerment dos funcionários, o que obriga a formação, melhoria do clima organizacional e melhor relação com o cidadão). Mas estas são questões operacionais, a estratégia, essa, vive de ideologias.

O que está em discussão é a escolha entre os modelos neoliberal, social-democrata ou liberal social.

O Compromisso Portugal defende o primeiro. Valoriza a competição entre as pessoas e a possibilidade de todos venderem o que produzem num mercado o mais amplo possível. No neoliberalismo é a sociedade que decide o seu nível de consumo e, também, de poupança para a velhice. Cabe à família a preocupação com a sua saúde e o ensino, escolhendo os seus próprios médicos ou os professores dos seus filhos. O corolário assenta na concorrência económica à escala mundial como elemento regulador e promotor de eficiência. Não acredito neste modelo, falta-lhe a regulação social o que levará, independentemente da riqueza da nação, a maior desigualdade ou a situações de exclusão social. Na verdade, não se prevê a solidariedade e a subsidiariedade, acreditando-se que a criação de valor cria riqueza de per si fazendo com que toda a sociedade evolua. Sabemos pelos países que a praticam que não é assim. Há, para mim, um princípio profundamente errado, o de qualquer um ser livre de enriquecer legitimamente e ilimitadamente, mas sem obrigação social maior do que o pagamento de impostos a que todos estão sujeitos. Este factor gera desigualdades mas move as economias, é um facto, mas não é um sistema justo.

O segundo modelo, a social-democracia, é no fundo o sistema vigente. Tem na democracia o seu valor maior, visão da sociedade comunitária, e defende o direito moral da maioria para regular tudo e todos. De facto, esta corrente veio de marxistas que acreditavam na mudança sem revoluções através de uma evolução democrática. Defendiam uma reforma legislativa gradual do sistema capitalista de modo a torná-lo mais igualitário, visando geralmente uma sociedade socialista. Note-se que este princípio está consagrado na nossa Constituição, não tanto no espírito social-democrata mas mais na negação da propriedade privada, fruto do período revolucionário que se viveu e do peso político dos socialistas e comunistas. Sabemos que este modelo está também em ruptura, pois a noção do Estado Previdência é um idílio impraticável.

O último modelo, o liberalismo social, tem na liberdade individual o objectivo central, mas ao contrário do neoliberalismo, para o qual a liberdade é a inexistência de compulsão e coerção nas relações entre os indivíduos, defende que a falta de oportunidades de emprego, educação, saúde, etc., podem ser tão prejudiciais para a liberdade como a compulsão e coerção. É por isto que os liberais sociais estão entre os maiores defensores dos direitos humanos e das liberdades civis, embora combinando esta vertente com o apoio a uma economia em que o Estado desempenha essencialmente um papel de regulador e , igualmente, de garantidor de que todos têm acesso, independentemente da sua capacidade económica, aos serviços públicos que asseguram os direitos sociais considerados fundamentais. Este é o modelo que defendo e que me separa do Compromisso Portugal. A Saúde e a Educação, tal como a Justiça, são direitos sociais fundamentais. Podem promover-se modelos de concorrência entre Estado e privados, mas não se pode aceitar a demissão do primeiro na sua obrigação social.

Em conclusão, mais do que palavras o País precisa de iniciativas, de empresários que arrisquem o seu capital, de gestores que assumam risco, de inovação esclarecida, de preocupações sociais que não se esgotem no assistencialismo, de uma sociedade preocupada e organizada, de uma visão para o futuro. Onde queremos estar daqui a 10 anos? O que precisamos fazer? Como o vamos fazer? Será que alguém já pensou nisto de forma integrada obrigando-se a pactos políticos, económicos e sociais? Queremos um País ou um mero mercado económico na Comunidade Europeia? Haja homens e mulheres com vontade!





Para desanuviar do texto, deixo-vos o mar!

quarta-feira, setembro 27, 2006

Incógnita

Aproximam-se as eleições no Brasil. Atrás de tanta beleza esconde-se o país mais violento do mundo. A criminalidade mata mais pessoas no Rio de Janeiro do que a violência na faixa de Gaza (espanto)... a guerra do Iraque faz menos vítimas do que a marginalidade no Brasil (tragédia)... a ONU está a enviar tropas para o local errado!



Os militares podem voltar, são eles que combatem a violência!

segunda-feira, setembro 25, 2006

Trilogia

Não seriam mais de três, ele e mais dois, mas qual deles, não sei, o primeiro era gentil, quase serviçal e nunca se impunha aos outros dois, o segundo era arrogante, de um convencimento insuportável, tanto, mas tanto, que só se calava na presença do terceiro, o manipulador, dono das palavras e da razão, mesmo que aparente, condicionava o par que o seguia, poder que nunca rejeitou, usava-o sem displicência, os outros, esses, aceitavam a liderança sem conflito, tinham o seu espaço e isso bastava-lhes, não fosse ela e nada haveria a contar, o primeiro adorava-a, não tanto pela beleza mas pela candura, o deleite era total, o segundo encontrara uma ouvinte, coisa rara, e não desperdiçava nenhuma oportunidade para se elogiar, nem o olhar inquiridor dela lhe perturbava o monólogo, o terceiro conhecia bem o engodo, na mão alva e esguia ela escondia o cárcere mas continha-se, gostava de os ouvir, e se no primeiro não encontrava móbil maior do que a inocência, bastava-lhe escutar o segundo para reconhecer o mal insondável, verdade sempre interrompida pelo terceiro para que na razão não se perdessem os três, e nisto passavam os dias, ela sem saber a quem atender, eles à procura da liberdade, e tudo escurecia quando ela da mão desvendava o algoz, não seriam mais de três pastilhas para mastigar, só, preparo seguro para a viagem ao inconsciente, vertigem, e se dos três nenhum será, não sei, nem eles, nem ela, e agora vou dormir que estes três querem-se deitar...



Um, dó, li, tá, quem está livre, livre está...


Nota 1: a loucura não é propriedade individual, a história encarregou-se de a transformar num legado da humanidade!

Nota 2: não, o post não é sobre 3 comprimidos, mas sim sobre um esquizofrénico e a médica, e não, não é autobiográfico.

No sense

Usei uma borracha para apagar um elefante, mas ele fugiu porque pensava que era um rato...


Merda

Tentei importar este Blogue para o Wordpress. A ideia era ver as novas potencialidades deste hoster de bloguers. O resultado está à vista. Não conseguiu importar e rescreveu o meu código! Peço desculpa pela aparência, vou demorar algum tempo para recuperar tudo... *#@$%&#*


P.S. O problema está sanado. Resolvi mudar o visual, espero que gostem.

domingo, setembro 24, 2006

Obrigado

Três anos a blogar neste cantinho. Umas centenas de milhar de visitas, umas dezenas de milhar de comentários, riso, cumplicidade, desabafos, um pouco de tudo. Mas o que interessa é dizer-vos que tive sempre vontade de escrever e de responder aos vossos comentários. Venham sempre, sem vós isto não teria piada nenhuma, se isto fosse um monólogo há muito que teria acabado. Por isso, e foi muito, um grande abraço a todos!



Eu, vós e os outros!

sexta-feira, setembro 22, 2006

Two days

Um fim-de-semana são dois dias, os outros também...



Segredos da Vitória


Acompanha a imagem com esta música e anima o fim-de-semana com esta (clicar em sensitivity), mas na intimidade sente o ritmo desta
Se passeares de carro verifica a suspensão, mas chegado a casa desliga o telefone!

O que vou dizendo por aí

Somos o que escrevemos mas também o que comentamos. Inicio aqui uma nova rubrica que me dará muito pouco trabalho, razão suficiente para a adoptar!





Saramago: No divertido blogue da Gotinha entrei em disputa sobre o Saramago, i.e sobre o "Serei amargo?"
Gabo-te a paciência. Respeito o facto de gostares dele, mas deixa-me dizer-te o que sinto. A esmagadora maioria das pessoas com que falo, talvez seja um problema de analfabetismo dos meus conhecidos, não gosta do Saramago.
Eu confesso-te: li o Memorial do Convento com esforço e deixei a Jangada de Pedra pelo caminho. Detesto o estilo, desculpa, mas é difícil ler Saramago quando se tem, por exemplo, um Eça ou um Lobo Antunes na estante.
Sou apaixonado por literatura, a nossa e a dos outros, compro livros quase compulsivamente, mas há muito que aprendi que devo fazer o que gosto. Acho-o imaginativo, sim, mas de resto é uma estopada.
Como a maioria das pessoas reage como uma manada, para onde vai um vão todos, e porque sei que o Saramago recebeu o Nobel mais por pressão política do que por qualidade literária, estou à vontade para ir contra tudo o que aqui foi escrito.
O Saramago é uma "merda"; posso dizê-lo pois comprei dois livros; lucrou ele comigo e eu não lucrei nada com ele!
Agora podem "cascar-me" pois sou homem de convicções fortes!
P.S. E não, não sou católico nem tenho afiliação partidária!



Souto Moura: O Blasfémias parodia as conclusões do famoso envelope 9. Eu juntei-me à festa!
Souto Moura sai como entrou, a montanha pariu um rato! Mas não foi um rato qualquer, foi o primeiro a ter medo de elefantes...



Furacão Gordon: Passei pelo blogue Mar Salgado, um blogue que já foi mais plural. O post criticava a histeria dos Media a propósito do furacão Gordon. A minha resposta foi frontal, mas não compreendida.
Não posso estar mais em desacordo! O bom-senso dita que mais vale prevenir do que remediar. A história recente já nos deu vários exemplos; a não utilização da informação atempada japonesa sobre o Tsunami que ceifou cerca de 300.000 vidas, o descrédito da população de New Orleans sobre o perigo do Katrina, e outros exemplos que se poderiam enumerar. Felizmente o Furacão não teve consequências humanas, embora as houvesse materiais. Os açorianos, esses, já estão habituados a catástrofes e agradecem a ajuda.
A meteorologia não é uma ciência exacta, mas utiliza técnicas científicas para predizer o acaso. Passa-me o mesmo com a psicologia, mas não é por isso que deixam de dar consultas! ;)
Sabes, podemos aferir o grau de desenvolvimento de um País pela sua capacidade de reacção a uma catástrofe. Falo aqui da antecipação, mecanismos de prevenção e de apoio nas dimensões da protecção civil, saúde, infra-estruturas, meios de comunicação (não só os media), solidariedade social, etc. Pensando bem, nem estivemos mal!



Caricatura: Ganhei um prémio no blogue cáustico de O Vizinho e agora tenho de lhe fazer um post. Aceitam-se ideias. O galardão veio de um pedido de título para uma foto do Sítio na Nazaré, onde se via uma bancada com frutos secos e uma mulher, com as sete saias, tombada para trás numa cadeira a dormir.
Frutos secos, o da Nazarena também!

terça-feira, setembro 19, 2006

Amazing





Nota: seleccionem Full view books, escrevam as palavras a pesquisar e surpreendam-se!

quarta-feira, setembro 13, 2006

Guerra Santa

Porque será que Radovan Karadzic e Ratko Mladic continuam a monte numa Sérvia cristã? Quem protege Bin Laden num qualquer país muçulmano?

A fé sobrepõe-se a qualquer lógica e justifica os meios. O sacrifício máximo faz parte da cartilha ou não fosse o além o engodo sugerido.

Vivemos tempos de modernidade, de globalização, onde o transcendente continua a superar o real. Os milénios vieram dar razão àqueles que encontraram nesta fraqueza a razão da sua subsistência. Não há maior poder!



Guerra Civil, Salvador Dali


P.S. Um som que nada tem a ver com o tema, mas que desperta os sentidos!

segunda-feira, setembro 11, 2006

9/11









O Mundo mudou; a democracia ganhou alguns tiques das tiranias, o fundamentalismo acentuou a sua diferença. Menos liberdade para todos, portanto!

sexta-feira, setembro 08, 2006

Piadinha

O que uma mulher não suporta no seu homem, mas não suporta mesmo, é ele não ter sido o primeiro*!


* Leia-se, "a primeira escolha".

Sim, tu!


P.S. Esperam-se reacções demolidoras!

Este post resultou deste vídeo! Imprescindível ver!

Só à chapada!

Os políticos cansam-me. Mas o que me irrita, aquele formigueiro que só resolvemos com um par de lambadas, é ouvir um político eloquente a utilizar a sua inteligência invulgar para o mais desprezível dos raciocínios, a demagogia!
Não tenho apreço pelo Jorge Coelho, de quem se questiona a integridade, mas hoje venho em sua defesa porque o óbvio deve ser aceite como verdade inquestionável.
O personagem, que não deixa de ser uma criatura afável, respondia a Pacheco Pereira, homem de cultura e inteligência ímpar, justificando os dados publicados sobre os incêndios que grassaram este ano no país. Pacheco Pereira surgia demolidor; as medidas foram exageradamente propagandeadas, o planeamento estava errado, a eficácia foi baixa e, para concluir o êxtase, a desgraça deveu-se a tudo isso, a um governo que não ouve e governa mal.
Não discuto a qualidade da política, mas posso falar da eficiência e eficácia da operacionalização da mesma. Não sendo político, muito menos socialista, sinto-me à vontade para o fazer.
Assim, Jorge Coelho afirmava, “nos últimos 5 anos a média ardida foi cerca de 150.000 hectares, sendo a deste ano de 55.000”. Dizia ainda que este ano foi mais húmido devido a um inverno rigoroso, razão que justificava em parte estes números, mas que não se podia deixar de se considerar os novos incentivos dos bombeiros, nem a primeira força de acção, a GNR, que contribuiu para debelar muitos focos de incêndio.
Pacheco Pereira respondia que não, que era uma vergonha, que só não ardera mais porque o que haveria para arder já tinha ardido em anos anteriores.
Jorge Coelho, com muita bonomia, explicou que no ano passado houve cerca de 20.000 focos de incêndio contra os 18.000 deste ano, e que tinham ardido cerca de 300.000 hectares de floresta, razão bastante para se concluir da eficácia das forças de combate aos incêndios. Acrescentou que o novo plano de ordenamento das florestas irá potenciar esta eficácia, mas que os resultados do plano só se sentirão dentro de alguns anos.
Pacheco Pereira negava os dados e afirmava que a inoperância era tal que até ardera parte de um parque nacional, o da Peneda-Gerês. Jorge Coelho explicou-lhe que a manutenção da área ardida desse parque não era da competência do Estado já que pertencia a privados, mas não convenceu o arguente que teimava em defender a ineficácia das medidas e acções.
O que Pacheco não disse é que este ano foi o mais quente de sempre, com várias ondas de calor, nem se lembrou que no tempo de Durão ardeu parte do Pinhal de Leiria, esse sim um parque nacional da competência do Estado. A demagogia não é uma arma para um povo esclarecido, é sim um subterfúgio para a ilusão! Nisso, Pacheco foi mestre!
O que me decepciona é ver este homem de bem, que recusou tributos e outros privilégios, senhor de um raciocínio brilhante, refugiar-se no mais simples, naquilo que a sua consciência mais renega, forçar a inteligência com o absurdo, exercício abruptamente paradoxal.
Lembrei-me, de imediato, do State of the Union speech, discurso anual do presidente americano ao congresso onde este explicita o estado da nação e os objectivos para o próximo ano. Já vi alguns por saber que a política deste país influencia a de todos, mas o que mais me impressiona é ver a bancada da oposição, qualquer que seja o partido no governo, a bater palmas quando anui com o proposto, ou em silêncio quando discorda. Esta diferença é abissal e está na génese do povo, i.e. saber fazer uma crítica construtiva. Os nossos políticos estão a anos-luz desta mentalidade, eles e o povo! Quem poderá dizer que o português aplaude o adversário quando este tem o argumento? Ninguém!
É por tudo isto que me insurjo, por não ver capacidade nem vontade de se fazerem pactos da nação, nem em debates, nem em políticas. De facto, a política não é o futebol, não pode haver paixões cegas. Se assim for, somos nós que continuaremos a andar de bengala enquanto os outros no-la emprestarem!



Veados refugiam-se num ribeiro, também eles dependem de nós!

Bola Vermelha

Há programas interditos cujo teor pode chocar as mentalidades mais conservadoras. Contudo, a realidade ultrapassa a ficção e o homem consegue ir sempre mais além. Hoje aconteceu assim. Abri o Público na net e a notícia surgiu violenta, tanto, mas tanto que fiquei sem fôlego. Não, não podia ser. Como podem os profetas da virtude ser os vendilhões do templo? Nada mais fazia sentido! Sobretudo depois de se ouvir no final da peça que o Pinto da Costa não escolhe árbitros, “para ele, qualquer um lhe serve!”. Agora para o Benfica...



Qual destes dois apita mais alto? O do árbitro?


P.S. Desconfiem sempre dos pregadores da virtude, quem a tem não a anuncia nem denigre a dos outros! E sim, sou da Académica pelo coração e do FCP por formação! Não há melhor cocktail, carago!

sexta-feira, setembro 01, 2006

Time to fly

Adoro viajar de avião. Oferecem-nos aeroportos com as maiores distracções para que os mais vacilantes dispersem o medo em compras de última hora. É um ritual diferente do das grandes superfícies. Aqui as compras são todas por impulso. E se não bastasse o nervosismo da viagem, chegava o check-in interminável e os controlos de segurança, onde é garantida uma massagem por guardas ciosos sempre que o apito anuncia algo na roupa que teima em não aparecer, para se perder a razão. Uma emoção, portanto. Depois vem a fila de embarque em que os mais inexperientes se apressam em garantir um lugar de vantagem embora os lugares sejam marcados. Outros, sentados, não deixam de sorrir perante tanta sofreguidão. Sucedem-se as explicações de segurança por hospedeiras convencidas que são mais do que empregadas de bar. Algumas crianças choram sem que isso afecte os pais. Dão-lhes lápis e livros para colorir, o objectivo está longe da distracção, prende-se antes com o sossego de todos. Aqui e ali lançam-se graçolas para desanuviar o ambiente, só isso explica que um padre possa ouvir atentamente os argumentos da eutanásia que um qualquer enfermeiro procura justificar. A refeição espartana é uma distracção e não busca a saciedade. Depois é esticar as pernas e perceber que a evolução do homem trouxe limitações que a ergonomia dos aviões teima em acompanhar. Ir aos lavabos é uma aventura digna da maior claustrofobia. Alguns poços de ar recordam-nos a nossa anatomia desconhecida. A aterragem é feita em silêncio piedoso como que a negar o regresso a chão firme. Na chegada, a recolha de bagagens liberta a ansiedade contida. Telemóveis nas mãos frenéticas, conversas sem nexo, amigos que se espantam por terem voado no mesmo voo sem se terem encontrado. Depois vem a razão do dia-a-dia. Carrinhos para transportar malas carregados com minudências, desespero por não se ter encontrado a mala numa viagem de fim-de-semana, excluídos a fumar a um canto escondido. Por fim a saída apoteótica pelo meio de agentes turísticos que esperam os clientes e de familiares chorosos ansiosos pelos seus distantes. A fila de táxis haverá de nos trazer à razão, nem que seja pela simpatia...



Bom fim-de-semana!

Mata Hari

Já é oficial! A sex-bomb que inflama o imaginário dos portugueses, e de algumas portuguesas, já tem site! Como diria o Sr. Cura: "Mulheres, tomai dela o exemplo!"




As primeiras reacções já se fizeram sentir!


Nota: agora quem cá vem por engano através da pesquisa da Carla Matadinho terá razões para não se sentir defraudado! Para os outros, os que aqui sempre vieram, não se escandalizem. Afinal não passa de um gesto promocional da Carla Matadinho; nada como tocar o imaginário dos homens!