Adoro viajar de avião. Oferecem-nos aeroportos com as maiores distracções para que os mais vacilantes dispersem o medo em compras de última hora. É um ritual diferente do das grandes superfícies. Aqui as compras são todas por impulso. E se não bastasse o nervosismo da viagem, chegava o check-in interminável e os controlos de segurança, onde é garantida uma massagem por guardas ciosos sempre que o apito anuncia algo na roupa que teima em não aparecer, para se perder a razão. Uma emoção, portanto. Depois vem a fila de embarque em que os mais inexperientes se apressam em garantir um lugar de vantagem embora os lugares sejam marcados. Outros, sentados, não deixam de sorrir perante tanta sofreguidão. Sucedem-se as explicações de segurança por hospedeiras convencidas que são mais do que empregadas de bar. Algumas crianças choram sem que isso afecte os pais. Dão-lhes lápis e livros para colorir, o objectivo está longe da distracção, prende-se antes com o sossego de todos. Aqui e ali lançam-se graçolas para desanuviar o ambiente, só isso explica que um padre possa ouvir atentamente os argumentos da eutanásia que um qualquer enfermeiro procura justificar. A refeição espartana é uma distracção e não busca a saciedade. Depois é esticar as pernas e perceber que a evolução do homem trouxe limitações que a ergonomia dos aviões teima em acompanhar. Ir aos lavabos é uma aventura digna da maior claustrofobia. Alguns poços de ar recordam-nos a nossa anatomia desconhecida. A aterragem é feita em silêncio piedoso como que a negar o regresso a chão firme. Na chegada, a recolha de bagagens liberta a ansiedade contida. Telemóveis nas mãos frenéticas, conversas sem nexo, amigos que se espantam por terem voado no mesmo voo sem se terem encontrado. Depois vem a razão do dia-a-dia. Carrinhos para transportar malas carregados com minudências, desespero por não se ter encontrado a mala numa viagem de fim-de-semana, excluídos a fumar a um canto escondido. Por fim a saída apoteótica pelo meio de agentes turísticos que esperam os clientes e de familiares chorosos ansiosos pelos seus distantes. A fila de táxis haverá de nos trazer à razão, nem que seja pela simpatia...
Bom fim-de-semana!
18 comentários:
Sim..É bom viajar..Tb é bom regressar p de novo ter vontade de viajar..De avião, de carro ou msm em pensamento!Sim..É bom viajar..Abraço.
nuno magro: sim, de facto, em sentido lato é muito bom viajar! No restrito ainda melhor! :D
Abraço
Como disse Miguel Torga «em qualquer aventura, o que importa é partir, não é chegar».
semremos: foi ele e o comandante do Titanic! :D
Foste aos meus lados "provocar" quem estava calado, João... :)) Beijos!
Que lindo post, que boa introspeccao aerea esta :) sempre viajei mto mas confesso ter medo... beijos!
Tudo piora ainda mais se a viajem for pela TAP!
gostei... fizeste-me ter saudades de viajar, mesmo com tantos "inconvenientes" que já fazem parte...
AINDA AQUI ANDAS PANASCA? AINDA CONTINUAS A INVENTAR COMENTARISTAS PARA TE ALIMENTAR O EGO? Epá mas isto interessa a quem??? Como vais não importa, importa é que vás e não voltes minha bicha falida, cornuda e mal fudida.As tuas ideias, o que escreves e o que és não vale um caralho. És um energúmeno sem interesse, ignorante e solitário ... E assim irás morrer
a "simpatia" dos taxistas... João, diz-me, foi a ironia que te levou a escrever isto, ou estavas mesmo, mesmo, mesmo contente por teres voltado?
:D
beijos
rebuçado do funcho: mas se quem estava calado falou, então devia estar à espera de oportunidade! :)
Beijos
elite: eu adoro! Não sei porquê, mas quando passo férias em Portugal preciso de uma semana para desligar. Se for para fora de avião, desligo quando entro no aeroporto.
Beijos
anónimo/a: é mais a fama do que o proveito. Já viajei em companhias bem piores do que a TAP!
principessa: basta uma mochila e um voucher de uma low-cost-carrier e tá feito! :)
Beijos
anónima: pelo que dizes, concluo que deves ser fruto da minha imaginação. Devo ter sido eu que escrevi esse comentário. O psiquiatra já me tinha diagnosticado esquizofrenia, com uma das personalidades a tocar o marginal. Ok! Fui eu que escrevi o comentário, e sim, pelo português percebe-se que vivo na Curraleira!
Perdoem-me que não sei o que digo. Isso, ou uma grande dor de corno! Fica para si leitor decidir!
gracinha: lol Sabes, a vontade de sair é muita, mas passado algum tempo vem a vontade de voltar. Passado, sei lá, um ano? :D
Beijos
João, pelo visto gostou da viagem. Ou será da aeromoça?
lolololol
Olá, João!
Esxcelente post, com muitos pormenores reais.
Um abraço
thiago: tenho pena de não ter viajado pela Varig, pois a Sabrina Knop, a Juliana Neves e a Patrícia Kreusburg, três hospedeiras que perderam os seus empregos devido ao processo de falência da Varig, aceitaram ser fotografadas para a edição deste mês da revista Playboy Brasil. Estás a ver o que perdi! :D
Abraço
a.j.faria: e muitas caricaturas também! :)
Abraço
Hahahahahahahahahahah
João, não faça piada das desgraças dos outros! Elas vão trabalhar na empresa do meu pai. ;)
thiago:O teu pai é o Hugh Hefner? :D
mmh... pergunto-me se nao é caso para dizer que mais vale tarde que nunca... mesmo que um ano,não me parece assim taaaaaanto tempo. ;)
gracinha: depende da companhia... aérea! :D
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