terça-feira, setembro 30, 2003

Nascido para matar

Certo dia, mais precisamente em Dezembro de 2000, George W. Bush "perde" as eleições presidenciais e é nomeado presidente da nação mais poderosa do mundo. Ironias da vida. Não fora isso e jamais saberíamos que na Europa são mais as coisas que nos separam do que aquelas que nos unem.
Franceses narcisistas em bicos dos pés, Alemães titubeantes a tentar encontrar a alma, Ingleses atlânticos alinhados com a prole, Italianos engalanados de circenses, e o resto da Europa na expectativa. Valham-nos os Portugueses e os emigrantes; destes já sabemos o que esperar. Continuar no limbo da ignorância, num servilismo incondicional com o deslumbramento pelo que vem do frio.
Obrigado Bush; agora já sabemos que a nossa missão é atlântica; vinde a nós petizes palopianos ...


Ou, como diria o Rangel, Mortal!

Tribalistas (lyrics)

Tríade, trinômio, trindade, trímero, triângulo, trio
Trinca, três, terno, triplo, tríplice, tripé, tribo

Os tribalistas já não querem ter razão
Não querem ter certeza
Não querem ter juízo nem religião

Os tribalistas já não entram em questão
Não entram em doutrina, em fofoca ou discussão
Chegou o tribalismo no pilar da construção

Pé em Deus e Fé na Taba
Pé em Deus e Fé na Taba

Um dia já foi chimpanzé
Agora eu ando sob um pé
Dois homens e uma mulher
Arnaldo, Carlinhos e Zé

Os tribalistas saltam as vistas do futuro
Abusam do colírio e dos óculos escuros
São turistas assim como você e seu vizinho
...da placenta do planeta azulzinho

Pé em Deus e Fé na Taba
Pé em Deus e Fé na Taba

Um dia já foi chimpanzé
Agora eu ando sob um pé
Dois homens e uma mulher
Arnaldo, Carlinhos e Zé
Dois homens e uma mulher
Arnaldo, Carlinhos e Zé
Um dia já foi chimpanzé
Agora eu ando sob um pé

Pé em Deus e Fé na Taba
Pé em Deus e Fé na Taba

O tribalismo é um anti-movimento
O que mais se visita ...próximo momento
O tribalismo pode ser e deve ser o que você quiser
Não tem que fazer nada basta ser o que se é
Chegou o tribalismo, mão no teto e chão no pé

Se a moda pega ...

segunda-feira, setembro 29, 2003

Terra queimada

"Se eu os apanhasse prendia-os a uma árvore e largava-lhes fogo!" ouviu-se entre os mirones num fim de tarde na Beira Baixa.
O País é pobre; o chão, se agarrado, esboroa-se entre os dedos deixando castanhas as unhas de quem o trabalha. As árvores, essas, são as heroínas que sobressaem neste campo de batalha. Sempre fustigadas, persistem em adornar montes e vales com uma beleza só sentida no seu silêncio.
Ouve-se chorar baixinho! A voz, embargada na dor, serve para coordenar acções; todos ajudam, mas o demónio é esplêndido. No meio das suas asas de fumo negro esconde-se o borralho escaldante, emanando um rosário de cores escarlates que lhes queimava as faces.
“Para trás!” gritou o bombeiro já rodeado pelas labaredas. O estrondear veio dos céus; toneladas de água abateram-se certeiras no belzebu ... “ah! Onde andavas malandro ...” lamentou-se uma velha ao ver o fogo fugir e o seu casebre despontar como uma lareira escurecida.

O Inverno haveria de curar as feridas!

domingo, setembro 28, 2003

Rolling Stones e a brigada do reumático

Os Conimbricenses não podiam ter escolhido melhor. Uma banda de rock dos anos 60; nostálgico. Muito apropriado para uma cidade que na mesma década iniciou um novo ciclo com a contestação dos alunos ao sistema vigente. Nunca um luto, o académico, foi tão longo, e ainda não se sabe se vai ter fim.
Não falo, claro, dos costumes académicos mas de uma realidade que é endémica à sociedade portuguesa, falta de visão estratégica.
Há 30 anos colocavam-se a Coimbra 2 desafios; ser uma Valência e apostar na indústria e serviços para se manter como a terceira cidade do País; ser uma Salamanca e apostar num ensino de excelência com a coabitação do público e do privado.
E o que quis Coimbra?
Negar o Infante; egocêntrica, periférica e passadista. Hoje, uma cidade dependente do Estado, nada oferece para ancorar os recém doutores. Mas nem tudo é mau. O potencial está lá! Basta chamar os velhinhos Stones ...

Há que fazer Portugal!

sábado, setembro 27, 2003

A minha vénia

Não é todos os dias que vemos a excelência despontar na televisão. Tive ontem esse privilégio, e hoje, não fora o comentador do Expresso da Meia-noite que não o Nicolau, a noite teria tido a mesma elevação. Veiga Simão, de cima da sua cátedra, teve a lucidez dos senadores já distantes do sacrilégio exercício do poder. O ministro, Justino de nome, teve por ele a reverência própria de quem nasce na Educação. Não foi pois um embate mas sim um bailado: plié, petit jeté et pointe tendu.
Os problemas estão bem diagnosticados; escolas a mais, qualidade a menos; cursos a mais, avaliações a menos; professores a mais, alunos a menos. Acreditemos no Justino, estamos no bom caminho; até já temos rankings das escolas. Pasme-se o intelectual, as privadas ganharam a corrida! E porquê?

Imaginem uma escola onde os alunos entram com 3 anos e quando saem vão para a universidade (estabilidade), com um horário fixo das 8 da manhã às 6 da tarde preenchido com aulas e actividades, onde na ausência de um professor é sempre encontrado um substituto, sendo necessária a presença de alguém do universo da família para a saída dos alunos(segurança). Nesta escola a forma é mais importante do que o conteúdo (ensinar a pensar segundo a velha máxima chinesa de que mais vale ensinar a pescar do que oferecer um peixe).
Admitam agora o impossível; o trabalho em equipa (organização) e a capacidade de iniciativa (cultura do sucesso) são estimulados e premiados (motivação com o velhinho quadro de honra).
Devo estar a sonhar ... os professores estão motivados e o currículo anual cruza várias competências de forma estruturada (planeamento); será possível estudar matemática e perceber a sua relação com a história, geografia e língua?
E a figura do tutor que acompanha um grupo restrito de alunos com diferentes idades, trazendo o espírito da família para dentro da escola (humanização).
Esta escola existe ... e chama-se St Dominic’s e não entra nos rankings para felicidade dos vencedores. Há mais mas não são de capital português. Estou certo que o David conhece o paradigma.

E os mais velhos; sim a formação, a profissional; alguém sabe do que se trata ou só saberá a leva de transviados do mercado de emprego.

Como dizia hoje o Oliveira Martins, que não o historiador, o actual ministro tem consolidado um conjunto de políticas que foram iniciadas há já alguns anos (recordam-se da paixão?). Deve ser piada; felizmente temos Ministro! Faça-se Justino!
Salvem os nossos adultos (os futuros)!

Por favor! Dá-me uma informação? Qual é o melhor caminho ... para a Índia?

quinta-feira, setembro 25, 2003

PP de Bruxelas

Seria injusto, quase ignóbil, não admitir que o Pacheco Pereira (o petit nom está reservado para amizades firmadas) criou também em mim o apelo pela blogoesfera.
Não é sem resistência que o digo. Reconheço-lhe a inteligência mas não a sabedoria; a sagacidade mas não o combate; a exaltação mas não a constância.
Mas quem sou eu!
Também Colombo divulgou ao Mundo as Américas, se bem que já fossem conhecidas de uma inteligência restrita. Que importa; sem ele ainda andávamos de sandálias e o Iraque estaria mais longe.

Ele há couves ...

quarta-feira, setembro 24, 2003

Tempo de escola

Estou bem disposto! Devo ser como os outros; tenho sol, tempo, e estou certo que a baixa escolaridade nos faz sorrir ...
As crianças acordam cedo. É o reboliço ensonado; a resmunguice constipada; o choro dos mais novos.
O exército está a postos na espera dos mancebos. Hei-los que chegam em manadas tresmalhadas num ribombar estonteante.
O exército avança.
Apresentar armas! Avançam canetas, cadernos e manuais. Bombardeiam-se conteúdos, soltos e de enxurrada para que a criança ganhe esperto e faça figura.
A guerra descansa.
Uma hora, a professora faltou, duas horas, o tempo esticou. O ócio ... e o inimigo à espreita.
Trocam-se as canetas pelos cigarros, os manuais pelas revistas e o estudo pelo jogo. Pensaram em tudo!
A guerra acorda.
Alguém apanha uma brochura caída no chão. Anunciava uma escola estrangeira.
Perdemos a guerra ...


Encontrem-me o Afonso, esse, o Henriques, para lhe dizer que dos árabes que cá deixou só ficaram os “números”.

Are you talking to me?

Confesso! Não resisti, também eu, à  necessidade urticante de rabiscar. Se ainda tivesse graça ... mas não, desengane-se; aqui mora tão só a provocação, exacta, mordaz, e onde a paixão não abafa a razão.
Se aqui tocar e for tocado, então, já ganhei o meu tempo.

João Mãos de Tesoura