"Se eu os apanhasse prendia-os a uma árvore e largava-lhes fogo!" ouviu-se entre os mirones num fim de tarde na Beira Baixa.
O País é pobre; o chão, se agarrado, esboroa-se entre os dedos deixando castanhas as unhas de quem o trabalha. As árvores, essas, são as heroínas que sobressaem neste campo de batalha. Sempre fustigadas, persistem em adornar montes e vales com uma beleza só sentida no seu silêncio.
Ouve-se chorar baixinho! A voz, embargada na dor, serve para coordenar acções; todos ajudam, mas o demónio é esplêndido. No meio das suas asas de fumo negro esconde-se o borralho escaldante, emanando um rosário de cores escarlates que lhes queimava as faces.
“Para trás!” gritou o bombeiro já rodeado pelas labaredas. O estrondear veio dos céus; toneladas de água abateram-se certeiras no belzebu ... “ah! Onde andavas malandro ...” lamentou-se uma velha ao ver o fogo fugir e o seu casebre despontar como uma lareira escurecida.
O Inverno haveria de curar as feridas!
Sem comentários:
Enviar um comentário