Confundem-me as suas contradições; nas artes o sentido do belo, nas ciências a antecipação do conhecimento, no mercado as oportunidades inesgotáveis, na democracia a expressão das desigualdades, e, contudo, por detrás do lustro antevejo a sombra de um monstro voraz. E tudo isto, das cataratas do Niagara às colinas de São Francisco, das Montanhas Rochosas ao pitoresco de New Orleans, só foi possível porque se acreditou no indivíduo, porque o esforço foi traduzido em capital. E aqui mora a contradição, pois a cura já é doença, o capital gera poder e este corrompe o discernimento, atenuando a necessidade de confrontar decisões com valores. E logo eu que sou pelo capital!
Ganha expressão esta análise quando se percebe que o sentido de justiça, na maioria das vezes certo, está carregado com a arrogância do Olimpo, numa lógica de connosco ou contra nós em que a piedade só é entendida para os iguais.
E se o bom devemos enaltecer, maior obrigação nos cabe a denúncia do abuso, do sofrimento, do mal. Maior ainda se este morar em casa de amigo, daquele a quem damos e esperamos a mão sempre que em aflição.
Sou ferozmente anti-taliban pelas mesmas razões, sempre que houver imposição de uma verdade sobre outra. É nestes momentos que sei não haver modelos; temei homens de bem, os nossos filhos ainda vão ter causas para vencer!
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Olhos vendados, ouvidos tapados, boca cerrada, mãos algemadas, ajoelhados sobre cascalho com as calças descidas numa humilhação que faz do vencedor o carrasco; mais valia matá-los para descanso dos nossos males. Não são só eles que precisam de rezar!
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