A origem: Na “Vida de Brian” dos Monty Phyton, Brian (se a memória não me falha) é apanhado na calada da noite a pintar num templo a frase “Abaicho os rumanos!”. O guarda, exasperado, explica-lhe os erros que ele tinha cometido em latim. Como castigo, Brian é obrigado a reescrever a frase corrigida cem vezes nas paredes do templo ...
A zona de Lisboa foi tomada pelas pinturas rupestres urbanas. Muro sem assinatura é papel em branco. Mas há mais; paredes, portas, janelas, caixotes do lixo, placas de sinalização, carros abandonados, “you name it”! Este tipo de arte já invadiu por direito próprio o quotidiano dos portugueses. Basta fazer uma viagem a Lisboa num qualquer ramal de comboio para se perceber o que estou a dizer. Escrevo hoje particularmente chocado pois esta praga invadiu Cascais. É quase como cuspir para um diamante para lhe dar brilho.
De todas as artes, se lhe pudermos chamar assim, esta é certamente a única que se distingue pela ditadura da estética e violação do património.
Falemos de estética. Se considerarmos que 90% dos graffiti’s são meras assinaturas começamos a compreender o leit motif dos autores; também as feras urinam para marcar território, mas as analogias não se ficam por aqui. A maioria das feras ataca em matilha para diminuir o risco de insucesso. Não houvesse gangs e a maioria dos (gra)fiteiros teria na televisão o único motivo de insucesso escolar. Mas mais grave do que a cobardia é a imposição de mensagens de carácter oculto, dirigidas a uma comunidade já familiarizada com estes códigos, sem legitimação da sua estética. Ousasse um arquitecto tamanha heresia e a obra não ficaria para a história.
Quanto ao património. São verdadeiros snipers do património alheio. Não escolhem alvos, não têm causa, apenas vaidade. Comecemos pelo óbvio. Não se conhecem (gra)fiteiros com idades que denotem uma vida ganha em trabalho. As latas foram certamente compradas com dinheiro “encontrado” nas carteiras dos desafortunados pais. As telas, essas, são dos incautos que dormem, e foram pagas pelos próprios ou pelos impostos de todos. O (gra)fiteiro está acima da lógica de propriedade e, assim, reescreve o código civil configurando nele uma nova forma de contrato. Infelizmente não lhe sobra o ónus de gerir o serviço de limpeza e de suportar o seu custo. Crime perfeito!
Falemos, por fim, em segurança. Há alguns anos em Nova Iorque, local onde esta actividade atingiu o apogeu, o Mayor Giuliani mostrou que combatendo todas as formas de crime se reduzia o receio da população e, também, a incidência dos crimes mais graves. Espantoso; o graffiti é uma das formas de iniciação da delinquência, como se não o soubéssemos já.
É urgente combater este flagelo para bem de todos, e dos (gra)fiteiros em particular!
Muitos destes miúdos deviam estar a pintar telas! Dr. Capucho, mexa-se!
Graffiti - do grego "graphein" e do latim "graffito" (desenho ou rabisco numa superfície). Tanta erudição para expressar o nada.
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