domingo, janeiro 25, 2004

De Camões a Cervantes (4)

(Continuação do post homólogo)

Abro o Expresso Economia e dou de chofre com a notícia; “Façamos a Ibéria” exulta o José Manuel de Mello. O desencanto deste decano permitiu ao director do Expresso brandir em editorial o mau fado desta nação. A irracionalidade das audiências não descura oportunidades!

Portugal teve no império um duplex solarengo em posição privilegiada do prédio. Da cobertura conseguia alcançar todo o quarteirão e, dois andares abaixo, fazia paredes-meias com o apartamento do simpático espanhol que, outrora abastado, trocara um palacete por um T3 e disso não se queixava. Veio a revolução e do duplex fizeram-se 4 apartamentos, sobrando a Portugal um pequeno estúdio com vistas para o pátio. Olhava agora o espanhol de soslaio, incomodado com um passado maior do que a sua dignidade.

Mello, Espírito Santo, Champalimaud e tantos outros que fizeram fortuna antes da revolução, comandam ainda hoje os destinos dos maiores investimentos privados. Estes homens cresceram no Império e das vantagens que dele retiraram; nem tudo foi génio, nem tudo foi iniciativa. Nem o Alfredo da Silva, sogro do agora ofendido, era gentio. Falta a Portugal uma mão cheia de criadores de riqueza sustentada, de homens bravos que não se cuidam em lamúrias e que do nada fazem tudo sem medo nem subserviência.

Não serão certamente os senhores do Império os empresários que o país precisa para uma Europa competitiva. Triste, muito triste, é perceber que estes homens claudicaram, e das privatizações que obtiveram só conseguem agora criar valor com fusões e alienações. De facto, Portugal necessita de sangue novo, mas do nosso, do bravio!

VIVA PORTUGAL!

Seria bom que esses senhores se refugiassem nas suas coutadas espanholas e gozassem a merecida reforma. Fica o aviso; evitem a Catalunha, o que eles sofreram por nós ...

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