Faço zapping. O dedo indicador prime freneticamente o botão de avanço de programas no telecomando da televisão. “Merda”, a minha filha de 2 anos tinha-me alterado mais uma vez a programação. Onde estaria a SIC Notícias? Ah! Chegara ao canal 42 e com ele à informação tão procurada; é que dado o avançado da hora, nos outros canais só encontrara a TV Shop.
Casa Pia, Pedroso, maestro Graça Moura, "porra, digam-me algo que já não saiba!". Big brother, ídolos, operação triunfo, telenovelas, como é sofisticado hoje em dia o ópio do povo.
Também eu estou sentado à frente da televisão ...
Ouço falar da queda de ministros, da liberdade condicionada de outros, do referendo à constituição europeia e penso “ Se ao menos a Europa resolvesse o que estes ineptos adiam!”. Frutas, flores, sangue, amargos de boca é o que é.
Recordo a crónica do Marcelo. “Bolas, o homem deve ser o Da Vinci moderno". Da pintura à literatura, da política à economia não há tema que o deixe mudo. Será que o Hergé já o conhecia antes de criar o Sr. Figueira? Repetem uma entrevista do Sócrates. Mais um analista. Estou de rastos; “a doença exige cirurgia e chamam os psiquiatras?”.
Pego nos Lusíadas para animar e dou logo com esta pérola no canto primeiro:
Sustentava contra ele Vênus bela,
Afeiçoada à gente Lusitana,
Por quantas qualidades via nela
Da antiga tão amada sua Romana;
Nos fortes corações, na grande estrela,
Que mostraram na terra Tingitana,
E na língua, na qual quando imagina,
Com pouca corrupção crê que é a Latina.
Ah! Afinal temos sido todos Camões!
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