quinta-feira, outubro 23, 2003

Graças e Desgraças

Procurei nos meus links de história. Nada. Algo estava errado. O Miguel garantira-me que o penúltimo presidente antes da federação se chamava Aníbal. Que fora primeiro-ministro já o sabia, mas presidente? Já bastava ter decorado o nome de 1 presidente e 25 governadores por mandato! Na curta história que temos, 44 anos, confesso que foi árduo.
Sou distraído pelo meu irmão que joga freneticamente no novo modelo da Playstation. Mais um sucesso da Microsoft-Sony. Passa horas no Flight Simulator cujo realismo não se esgota nos hologramas, oferecendo sensações de voo só possíveis com o atenuador de gravidade. Acabou de vomitar! Parece que a aterragem no Funchal fora mais violenta do que o normal. Ajudo-o. Tornara-se um vício; os jogos do meu tempo não eram assim. Filho do terceiro casamento da minha mãe, banalidade nos dias que correm, ostentava a fragilidade dos asmáticos, consequência de uma gravidez tardia. Felizmente tinha Pai, o que não era verdade para todos desde a evolução da clonagem.
Fomos apanhar ar; nada melhor do que um passeio. Chegado à garagem reparo que as pilhas de hidrogénio da moto estão descarregadas. Iríamos a pé.
Atravessámos a rua em direcção ao Parque. Na passadeira anunciavam em directo um jogo da selecção. A Europa já não vencia ao Brasil há 16 anos e era preciso terminar o jejum. "Estão todos convocados!", o slogan parecia velho e gasto. Paro num quiosque digital. Aproveito para carregar no relógio alguns artigos que leria mais tarde. "Lê-se cada vez menos, nisso nem a realidade virtual ajudou", pensei. Compro também cigarros. Os testemunhos em vídeo dos rótulos deixavam-me petrificado; felizmente a cigarreira inibia estas modernices. O relógio anunciava uma oferta; na compra dos artigos vinha uma reedição digital de um clássico, o omeupipi. Desliguei o holograma não fosse o meu irmão reparar nas imagens. Cruzo-me com um velho. Teria bem mais de cem anos. A cara não me era estranha ... comecei a recordar-me ... José ...
Sinto uma indisposição; acordo sempre mal!


Realidade e ficção ... Ficção e realidade ...

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