sexta-feira, outubro 17, 2003

Loja do SidaCão

Sexta-feira, pego em duas facturas da Telepac já caducadas e apresso-me a ir às Laranjeiras cumprir com o dever fiduciário. Chegado seria fácil estacionar já que, por ausência de espaço, o Ministério da Justiça se faz representar por arrumadores devidamente credenciados no andar bamboleante, beata apagada e frenético balançar do braço, quantas vezes para lugar nenhum. Não fora a boleia de um amigo e estaria ainda a negociar melhor local para estacionar. Nada como o Estado previdente!
Entrei na instituição no meio de uma correria ordenada. Bons portugueses, também eles a contas com os prazos. O balcão da PT é dos primeiros. Sorte a minha pensei. Tiro a senha que me informa simpaticamente que estarei aproximadamente 15 minutos em espera.
Aproveitei o tempo para me passear no edifício. Qual administração dos pequeninos encontrei mini balcões de vários serviços. Tudo muito composto, nada parecia faltar. Voltei à PT. Ainda não tinham chamado o meu número. Entrevejo o burburinho. “O sistema caíu!” ecoou na sala num tom fulminante. “Só com facturas” sublinhou o zeloso funcionário. Tive por breves momentos aquele sentimento detestável de quem iria ganhar algo à custa da desgraça alheia, afinal eu trouxera as facturas. Sempre daria para avançar uns números ... e assim foi. A rafeirada afastou-se cabisbaixa deixando este belo exemplar junto ao osso.
A esmola era grande; o funcionário mirou as facturas e disse com autoridade “Não consigo confirmá-las; são facturas da Telepac e não da PT”. Balbuciei “é preciso confirmá-las ...” e encontrei sábias palavras “Sim! E não vale a pena telefonar. A esta hora devem ter a linha ocupada”. O diagnóstico era grave; retirei-me derrubado e, nestes momentos, encontro força nos pequenos detalhes, “sempre tenho boleia de volta!".

Uauf!

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