Terça-feira, Fevereiro 28, 2006
Sexta-feira, Fevereiro 24, 2006
Salpicos
O Carocha circulava por entre os plátanos que emparedavam a estrada. A noite mostrava aqui e ali as estrelas que resistiam à noite de luar. Passaram os portões escaqueirados e o caminho levou-os à casa rodeada por um relvado algo descuidado. Numa das alas do jardim um chorão e alguns carvalhos projectavam sombras no relvado subindo, algumas delas, as paredes de pedra da casa centenária em desenhos erráticos.
Entraram e subiram para o quarto sem a pressa que denotasse o ânimo que os movia. A divisão era ampla, demasiado ampla, onde o pé-direito elevado se impunha à decoração minimalista.
Uma parede estava completamente coberta por uma tela que ambos pintaram. Na metade dela surgia uma caixa aberta de onde caíam algumas folhas desordenadas. Uma ampulheta jazia quebrada por cima delas deixando a areia fina escorrer até ao soalho. Por cima, um céu invulgar projectava cores alegres num movimento inquieto. No canto direito, junto ao que ele pintara, uma for de lótus pendia sobre uma mala de cartão. O cadeado apresentava uma ranhura em forma de interrogação embora, se se atendesse ao detalhe, se vislumbrasse um sorriso.
As cores dele eram mais escuras, mais pausadas, mas não sem vigor. Um tronco atlético suspendia-se num trapézio já no limite da imponderabilidade. Um dos braços rasgava o céu dela tocando ao de leve o sol com o indicador, num gesto que indiciava cumplicidade mas que se negava a prendê-lo. Da outra mão, firmemente agarrada ao trapézio, caía uma margarida. Por baixo, num parapeito de uma janela aberta, esperava-a uma pequena caixa aberta onde se podia ler C.P. Três livros caídos lateralmente, uns sobre os outros, completavam o parapeito. Num deles sobressaía um marcador onde se podia ler distintamente a palavra “lógica”. Mais abaixo, um instrumento invulgar em madeira colmatava o quadro. Percebiam-se as roldanas, as articulações em ferro forjado, mas não a função.
A portada aberta da varanda deixava entrar a luz ténue do luar. Não precisariam de mais. Sentaram-se no soalho e ela agarrou um livro que andava a ler há pouco. Olharam-se firmemente. Ela abriu o livro e, inesperadamente, rasgou com zelo uma das folhas. Dobrou-a com todo o cuidado até a folha não ser mais do que um pequeno quadrado de papel. Agarrou no braço dele e abrindo-lhe a mão disse-lhe, “está tudo aqui…”. Ele cerrou o punho e afirmou, “nunca o vou ler”. Sorriram num olhar que dispensava palavras.
“Eu também tenho uma surpresa para ti…”, ela franziu a testa como se esperasse dele essa provocação. Subiram ao sótão, um lugar só deles, iluminado por uma pequena clarabóia. Ela acercou-se da luz que dali emanava. O rosto cobriu-se de um branco pálido, a desilusão de não vislumbrar algo que procurava.
“O que se passa?”, perguntou-lhe ele num tom indeciso. “Não vejo a lua… era essa a surpresa?”. Ele, sem responder, deitou-se no soalho colocando a cara onde os raios terminavam. Ela debruçou-se sobre ele e, perante o espanto, caiu ajoelhada. Os olhos dele, de um mel esverdeado, eram agora pretos, profundamente pretos. Aproximou-se lentamente da cara dele. Agora tudo era mais nítido; nos olhos cintilavam as estrelas que os raios transportavam, nunca vira um céu assim. Na extremidade de um deles veio o espanto, conseguia ver a lua. E no deslumbramento de a contemplar, a lua soltou-se e escorreu pela face dele. Num movimento delicado apanhou a lágrima com um dedo. Pegou na mão ainda cerrada dele e depositou a gota no quadradinho de papel. Sorriu como uma criança e disse-lhe, “agora já o podes ler!”.
Entraram e subiram para o quarto sem a pressa que denotasse o ânimo que os movia. A divisão era ampla, demasiado ampla, onde o pé-direito elevado se impunha à decoração minimalista.
Uma parede estava completamente coberta por uma tela que ambos pintaram. Na metade dela surgia uma caixa aberta de onde caíam algumas folhas desordenadas. Uma ampulheta jazia quebrada por cima delas deixando a areia fina escorrer até ao soalho. Por cima, um céu invulgar projectava cores alegres num movimento inquieto. No canto direito, junto ao que ele pintara, uma for de lótus pendia sobre uma mala de cartão. O cadeado apresentava uma ranhura em forma de interrogação embora, se se atendesse ao detalhe, se vislumbrasse um sorriso.
As cores dele eram mais escuras, mais pausadas, mas não sem vigor. Um tronco atlético suspendia-se num trapézio já no limite da imponderabilidade. Um dos braços rasgava o céu dela tocando ao de leve o sol com o indicador, num gesto que indiciava cumplicidade mas que se negava a prendê-lo. Da outra mão, firmemente agarrada ao trapézio, caía uma margarida. Por baixo, num parapeito de uma janela aberta, esperava-a uma pequena caixa aberta onde se podia ler C.P. Três livros caídos lateralmente, uns sobre os outros, completavam o parapeito. Num deles sobressaía um marcador onde se podia ler distintamente a palavra “lógica”. Mais abaixo, um instrumento invulgar em madeira colmatava o quadro. Percebiam-se as roldanas, as articulações em ferro forjado, mas não a função.
A portada aberta da varanda deixava entrar a luz ténue do luar. Não precisariam de mais. Sentaram-se no soalho e ela agarrou um livro que andava a ler há pouco. Olharam-se firmemente. Ela abriu o livro e, inesperadamente, rasgou com zelo uma das folhas. Dobrou-a com todo o cuidado até a folha não ser mais do que um pequeno quadrado de papel. Agarrou no braço dele e abrindo-lhe a mão disse-lhe, “está tudo aqui…”. Ele cerrou o punho e afirmou, “nunca o vou ler”. Sorriram num olhar que dispensava palavras.
“Eu também tenho uma surpresa para ti…”, ela franziu a testa como se esperasse dele essa provocação. Subiram ao sótão, um lugar só deles, iluminado por uma pequena clarabóia. Ela acercou-se da luz que dali emanava. O rosto cobriu-se de um branco pálido, a desilusão de não vislumbrar algo que procurava.
“O que se passa?”, perguntou-lhe ele num tom indeciso. “Não vejo a lua… era essa a surpresa?”. Ele, sem responder, deitou-se no soalho colocando a cara onde os raios terminavam. Ela debruçou-se sobre ele e, perante o espanto, caiu ajoelhada. Os olhos dele, de um mel esverdeado, eram agora pretos, profundamente pretos. Aproximou-se lentamente da cara dele. Agora tudo era mais nítido; nos olhos cintilavam as estrelas que os raios transportavam, nunca vira um céu assim. Na extremidade de um deles veio o espanto, conseguia ver a lua. E no deslumbramento de a contemplar, a lua soltou-se e escorreu pela face dele. Num movimento delicado apanhou a lágrima com um dedo. Pegou na mão ainda cerrada dele e depositou a gota no quadradinho de papel. Sorriu como uma criança e disse-lhe, “agora já o podes ler!”.
Quinta-feira, Fevereiro 23, 2006
Capuchinho Vermelho revisitado
Era uma vez uma menina, assim pensavam os aldeões da terra a quem chamavam Capuchinho Vermelho por andar sempre com uma capa da mesma cor. Havia quem dissesse que era descuido, falta de higiene, mas vê-la correr com a capa a esvoaçar a mostrar as pernas era espectáculo que ninguém desdenhava.
Certo dia indo visitar a avó, embora todos soubessem que esta já tinha morrido há muito, aventurou-se sozinha pela floresta; em rigor era um pinhal, mas como a mata não era desbastada chamavam-lhe floresta por ironia. Capuchinho sabia disto e prescindia das meias rendadas para não ficar com malhas caídas...
A meio do caminho avistou um lobo, animal de bom porte e a vender saúde que as lobas não esqueciam.
- Olha, olha, se não é a Capuchinho?
- Sr. Lobo, deixe-me passar pois vou com pressa para a casa da minha avó!
Os lenhadores ouviram-nos e ficaram em cuidado.
Chegada a casa da avó, na verdade uma casa abandonada mas ainda com algumas comodidades, depara-se com o Lobo deitado na cama!
Os lenhadores que os seguiram bateram à porta à espera do pior.
- Quem vem lá?, perguntou a Capuchinho.
- Gente forte para o que der e vier!
- E para que quero eu isso tudo se já tenho um lobo?
Nisto o Lobo assomou à porta com a sua cabeça descomunal!
Um dos lenhadores arriscou:
- Porque tens uma testa tão grande?
- Para melhor suar...
Lobo PATológico!
Certo dia indo visitar a avó, embora todos soubessem que esta já tinha morrido há muito, aventurou-se sozinha pela floresta; em rigor era um pinhal, mas como a mata não era desbastada chamavam-lhe floresta por ironia. Capuchinho sabia disto e prescindia das meias rendadas para não ficar com malhas caídas...
A meio do caminho avistou um lobo, animal de bom porte e a vender saúde que as lobas não esqueciam.
- Olha, olha, se não é a Capuchinho?
- Sr. Lobo, deixe-me passar pois vou com pressa para a casa da minha avó!
Os lenhadores ouviram-nos e ficaram em cuidado.
Chegada a casa da avó, na verdade uma casa abandonada mas ainda com algumas comodidades, depara-se com o Lobo deitado na cama!
Os lenhadores que os seguiram bateram à porta à espera do pior.
- Quem vem lá?, perguntou a Capuchinho.
- Gente forte para o que der e vier!
- E para que quero eu isso tudo se já tenho um lobo?
Nisto o Lobo assomou à porta com a sua cabeça descomunal!
Um dos lenhadores arriscou:
- Porque tens uma testa tão grande?
- Para melhor suar...
Lobo PATológico!
Terça-feira, Fevereiro 21, 2006
Pensieri
Pertenço a uma pequena raça, a dos que ainda acreditam que vale a pena fazer loucuras por amor. Não, não sou lírico nem falo de excentricidade, mas sei que o que verdadeiramente importa deve ser vivido de forma invulgar. Será que ainda há gente como eu?
Segunda-feira, Fevereiro 20, 2006
200.000
Duzentas mil visitas. A maioria para ver as imagens, a restante de amigos que por aqui passam. Que dizer? Voltem sempre, o Exacto não tem assinatura! Um grande abraço a todos!
One small step for a man, a big illusion for a blogger!
One small step for a man, a big illusion for a blogger!
Sexta-feira, Fevereiro 17, 2006
Açor
Deixei os Açores para trás, mas não haverá memória que eu esqueça!
Nota: Comentem vocês... eu ainda estou a gozar o momento!
Nota: Comentem vocês... eu ainda estou a gozar o momento!
Quarta-feira, Fevereiro 15, 2006
Intimissimi
Se o meu olhar pintasse
o que as lágrimas escondem
num azul que me sentisse,
admirava-te em vermelho
para que o arrojo me tomasse,
se o olhar pintasse…
Cobria-te de amarelo
em movimentos sem sentido,
e se dos reflexos enganasse
o desenho num sorriso,
não era logro que me alegrasse,
se o olhar pintasse…
Não há verde que me chegue
neste olhar que se perde,
e se no meu encontrares
as cores que procuras,
dá-me o verde que faltasse,
se o olhar pintasse…
o que as lágrimas escondem
num azul que me sentisse,
admirava-te em vermelho
para que o arrojo me tomasse,
se o olhar pintasse…
Cobria-te de amarelo
em movimentos sem sentido,
e se dos reflexos enganasse
o desenho num sorriso,
não era logro que me alegrasse,
se o olhar pintasse…
Não há verde que me chegue
neste olhar que se perde,
e se no meu encontrares
as cores que procuras,
dá-me o verde que faltasse,
se o olhar pintasse…
Escolhas
A vida é uma coisa simples; nasce-se e morre-se! Há quem aproveite o que lhe sobra, mas a maioria passa pela vida sem saber bem porquê.
De facto, à excepção do início e do fim, tudo o resto é escolha. Essas sim, determinam o desígnio do homem. Contudo, escolher obriga a pensar, a decidir, a preterir opções em detrimento de outras. Obriga não menos vezes a sofrer, a trocar o certo pelo incerto, a colocar as perguntas incómodas.
É fácil fugir dos problemas criando dificuldades, evitando soluções. Mais simples ainda, e conveniente, é delegar nos outros o que se receia assumir.
O homem é um animal de hábitos, fora da rotina só há risco para sonhadores. São os inconformados que conquistam a vida, os únicos que podem dizer que a felicidade não se bafeja, constrói-se!
— Podes dizer-me, por favor, qual o caminho que devo tomar a partir daqui? — perguntou Alice.
— Isso depende muito do sítio para onde queres ir — disse o Gato.
(Alice no País das Maravilhas)
De facto, à excepção do início e do fim, tudo o resto é escolha. Essas sim, determinam o desígnio do homem. Contudo, escolher obriga a pensar, a decidir, a preterir opções em detrimento de outras. Obriga não menos vezes a sofrer, a trocar o certo pelo incerto, a colocar as perguntas incómodas.
É fácil fugir dos problemas criando dificuldades, evitando soluções. Mais simples ainda, e conveniente, é delegar nos outros o que se receia assumir.
O homem é um animal de hábitos, fora da rotina só há risco para sonhadores. São os inconformados que conquistam a vida, os únicos que podem dizer que a felicidade não se bafeja, constrói-se!
— Podes dizer-me, por favor, qual o caminho que devo tomar a partir daqui? — perguntou Alice.
— Isso depende muito do sítio para onde queres ir — disse o Gato.
(Alice no País das Maravilhas)
Segunda-feira, Fevereiro 13, 2006
Momentos
Prefiro filmar, a beleza desta ilha requer tridimensionalidade. Contudo, não resisto a fixar alguns momentos; quem me pode criticar?
Praia da Fajã. O CP Valor continua por desmantelar, o mar não é complacente…
O cansaço deitou-o; ferido de morte o navio desistiu…
Evidência…
A ternura…
O refúgio…
Praia da Fajã. O CP Valor continua por desmantelar, o mar não é complacente…
O cansaço deitou-o; ferido de morte o navio desistiu…
Evidência…
A ternura…
O refúgio…
Domingo, Fevereiro 12, 2006
Retrato
Faial! Encontro-me no paraíso há 2 dias. A surpresa é constante, basta andar por caminhos impossíveis para se ver mais uma cratera, para se descobrir mais um detalhe. A moto responde aos meus pedidos, galgo trilhos escorregadios cheios de cascalho fino. Aqui e ali vêm os pequenos sustos mas nada demais. De repente o insólito, um cavalo sem arreios mira-me de frente no meio do caminho. Majestoso, num castanho de pêlos rebeldes, não se mostra ameaçador. Avanço e ele generosamente cede-me o caminho como se percebesse o meu deleite.
O Céu azul recorta a ilha com uma claridade estonteante. À distância do canal levanta-se imponente o Pico. Mais atrás, deitado, descansa S. Jorge. Estou no topo da ilha, só, com a companhia de uma brisa que é bem-vinda. Uma solidão assim vale ouro e eu não desdenho o que a vida me dá!
A minha foto do Pico do mundo!
O Céu azul recorta a ilha com uma claridade estonteante. À distância do canal levanta-se imponente o Pico. Mais atrás, deitado, descansa S. Jorge. Estou no topo da ilha, só, com a companhia de uma brisa que é bem-vinda. Uma solidão assim vale ouro e eu não desdenho o que a vida me dá!
A minha foto do Pico do mundo!
Quinta-feira, Fevereiro 09, 2006
Ó Pá!
A Sonae lançou uma OPA hostil sobre a PT, o maior grupo português. Arrisco a análise por entender que nem tudo o que luz é ouro.
Depois de Alfredo da Silva, que fundou o grupo CUF, nunca houve em Portugal um verdadeiro self-made-man. Tivemos grandes empreendedores, é certo, mas ninguém que do nada criou um império. O pós 25 de Abril tem sido estéril na descoberta de novos valores, distinguindo-se Jardim Gonçalves e Belmiro de Azevedo como arautos dessa condição.
A audácia de Belmiro ao promover a OPA provocou-me, num primeiro momento, alegria. Num país que vive momentos de incerteza e que se lamenta da sua condição, vermos alguém optimista, com iniciativa e com uma estratégia de crescimento bem definida é algo que só podemos saudar. Se atendermos a que esta movimentação é estratégica para o país, pois é feita com a prata da casa, maior orgulho poderemos ter na iniciativa. Faltam-nos cromos para a troca, e a Sonae e a PT são bons exemplos do que de melhor temos para mostrar lá fora. Depois, o anúncio da operação foi cuidada até ao menor detalhe, um show a que não estamos habituados. Por fim, a surpresa de uma conquista anunciada num país em que os segredos duram até à edição dos matutinos do dia seguinte foi, no mínimo, invulgar.
Até aqui tudo bem, demasiado bem! Mas o que move Belmiro e como financiará ele a operação?
A Sonae.com tem um problema de crescimento. Num mercado esgotado restam-lhe as parcerias ou aquisições. Sendo a Vodofone um monstro fora do alcance dos bolsos de Belmiro, a PT surge como única opção.
Mas poderá ele pagar a operação? A selecção do banco Santander não foi inocente. Nenhum dos bancos portugueses poderia suportar a OPA, isolados ou em sindicato; acresce que um sindicato obriga a mais intervenientes e, assim, aumenta o risco de fugas de informação. Belmiro poderia ter optado por outros bancos internacionais, mas porquê o Santander. Este banco é accionista da Telefónica, parceiro da PT no mercado móvel do Brasil. Este pequeno detalhe ajudou-me a desmontar a operação. Belmiro ao escolher o Santander matou 2 coelhos de uma cajadada só. Primeiro financiou-se, depois limitou a possibilidade de uma OPA hostil da Telefónica. Será impossível que o operador espanhol não tivesse já informação prévia da operação. Mas como permanecerá ele neutro nesta movimentação?
Acredito que o engenheiro foi mais longe! A PT é grande demais para a capacidade financeira da Sonae. O que ele verdadeiramente quer é o mercado nacional, prescindindo para a Telefónica a participação na Vivo, operação da PT no Brasil. Assim, adquire a PT, funde as operações da TMN com as da OPTIMUS e alieana a Vivo. A capacidade financeira necessária será assim de 50,1% de 75% da PT, algo que poderá pagar.
O Santander sendo accionista da Telefónica ganha em duas frentes, no financiamento e nas mais valias que vai realizar com a sua participação na Telefónica.
A Telefónica ganha a América Latina, sendo o Brasil a jóia da coroa que lhe faltava.
E Portugal? Perdemos a internacionalização do nosso maior operador de comunicações. Crescemos cá dentro, mas isso não basta!
Posso estar enganado, mas também nunca ganhei o euromilhões!
Depois de Alfredo da Silva, que fundou o grupo CUF, nunca houve em Portugal um verdadeiro self-made-man. Tivemos grandes empreendedores, é certo, mas ninguém que do nada criou um império. O pós 25 de Abril tem sido estéril na descoberta de novos valores, distinguindo-se Jardim Gonçalves e Belmiro de Azevedo como arautos dessa condição.
A audácia de Belmiro ao promover a OPA provocou-me, num primeiro momento, alegria. Num país que vive momentos de incerteza e que se lamenta da sua condição, vermos alguém optimista, com iniciativa e com uma estratégia de crescimento bem definida é algo que só podemos saudar. Se atendermos a que esta movimentação é estratégica para o país, pois é feita com a prata da casa, maior orgulho poderemos ter na iniciativa. Faltam-nos cromos para a troca, e a Sonae e a PT são bons exemplos do que de melhor temos para mostrar lá fora. Depois, o anúncio da operação foi cuidada até ao menor detalhe, um show a que não estamos habituados. Por fim, a surpresa de uma conquista anunciada num país em que os segredos duram até à edição dos matutinos do dia seguinte foi, no mínimo, invulgar.
Até aqui tudo bem, demasiado bem! Mas o que move Belmiro e como financiará ele a operação?
A Sonae.com tem um problema de crescimento. Num mercado esgotado restam-lhe as parcerias ou aquisições. Sendo a Vodofone um monstro fora do alcance dos bolsos de Belmiro, a PT surge como única opção.
Mas poderá ele pagar a operação? A selecção do banco Santander não foi inocente. Nenhum dos bancos portugueses poderia suportar a OPA, isolados ou em sindicato; acresce que um sindicato obriga a mais intervenientes e, assim, aumenta o risco de fugas de informação. Belmiro poderia ter optado por outros bancos internacionais, mas porquê o Santander. Este banco é accionista da Telefónica, parceiro da PT no mercado móvel do Brasil. Este pequeno detalhe ajudou-me a desmontar a operação. Belmiro ao escolher o Santander matou 2 coelhos de uma cajadada só. Primeiro financiou-se, depois limitou a possibilidade de uma OPA hostil da Telefónica. Será impossível que o operador espanhol não tivesse já informação prévia da operação. Mas como permanecerá ele neutro nesta movimentação?
Acredito que o engenheiro foi mais longe! A PT é grande demais para a capacidade financeira da Sonae. O que ele verdadeiramente quer é o mercado nacional, prescindindo para a Telefónica a participação na Vivo, operação da PT no Brasil. Assim, adquire a PT, funde as operações da TMN com as da OPTIMUS e alieana a Vivo. A capacidade financeira necessária será assim de 50,1% de 75% da PT, algo que poderá pagar.
O Santander sendo accionista da Telefónica ganha em duas frentes, no financiamento e nas mais valias que vai realizar com a sua participação na Telefónica.
A Telefónica ganha a América Latina, sendo o Brasil a jóia da coroa que lhe faltava.
E Portugal? Perdemos a internacionalização do nosso maior operador de comunicações. Crescemos cá dentro, mas isso não basta!
Posso estar enganado, mas também nunca ganhei o euromilhões!
Quarta-feira, Fevereiro 08, 2006
Agir
Vivemos tempos de globalização, em que a informação imediata nos chega de chofre sem apelo nem agravo. São tempos simples estes em que se prefere o imediato, o fácil. Poucos são aqueles que pensam na vida, menos ainda os que fazem dela algo que perdure mais do que a fruição das coisas.
Temos o privilégio de ter nascido no Ocidente onde, ao longo de milénios lutados, diferentes credos e a consciência do homem permitiram construir as raízes de valores que hoje reconhecemos como inquestionáveis.
O mundo oferece-nos a diferença, a possibilidade de nos maravilharmos com hábitos e costumes de povos que se adaptaram a naturezas distintas, mas igualmente belas. Não devemos ocidentalizar ninguém, a diversidade é a nossa maior riqueza. Contudo, por sermos mais livres, temos a obrigação de globalizar os direitos do homem, porque um semelhante merece a mesma dignidade independentemente da sua sorte. Só assim caminhamos para um mundo melhor. Chamem-me utópico, mas se este sonho se perder só restará de nós a memória de um fotógrafo, fria e impotente!
Castigo infligido a uma criança no Irão! Speechless!
Temos o privilégio de ter nascido no Ocidente onde, ao longo de milénios lutados, diferentes credos e a consciência do homem permitiram construir as raízes de valores que hoje reconhecemos como inquestionáveis.
O mundo oferece-nos a diferença, a possibilidade de nos maravilharmos com hábitos e costumes de povos que se adaptaram a naturezas distintas, mas igualmente belas. Não devemos ocidentalizar ninguém, a diversidade é a nossa maior riqueza. Contudo, por sermos mais livres, temos a obrigação de globalizar os direitos do homem, porque um semelhante merece a mesma dignidade independentemente da sua sorte. Só assim caminhamos para um mundo melhor. Chamem-me utópico, mas se este sonho se perder só restará de nós a memória de um fotógrafo, fria e impotente!
Castigo infligido a uma criança no Irão! Speechless!
A resposta!
Desafiei-vos, num post anterior, a darem a vossa interpretação de Amor. Não me vou coibir de expor a minha! Não recorri aos manuais, basta-me o que penso. Serei poético, romântico? Talvez tudo isso e mais ainda. Mas esta é a minha forma de ver a vida; estarei errado? É-me indiferente, esta definição agrada-me, talvez por ser a minha...
O Amor tem, por certo, várias dimensões.
O mais simples, inato, é o amor paternal. Prende-se à nossa continuidade, à desejada sobrevivência, é sangue do nosso sangue.
O mais puro, porque descoberto, é a amizade. Dele não resultam interesses, tão-somente a vontade de partilhar a companhia do outro. Sobrevive ao tempo, às diferenças sociais e etárias.
Arrebatadora é a paixão. Também ela sem mérito, pois a química entre duas pessoas não se constrói, sente-se. E se nos outros amores há uma lógica, aqui prima a irracionalidade dos sentidos.
O mais perfeito, porque desejado, é o amor entre duas pessoas que procuram no outro o seu complemento. É certamente o mais difícil por ser um acto de vontade. Obriga à aceitação das limitações do outro, à criação de um jardim proibido, à negociação e ao confronto com a nossa consciência.
As limitações são o primeiro desencanto da paixão. Ninguém altera a família do outro, aceita-se ou não! Contudo, há limitações que terão de ser ultrapassadas, e aqui surge o primeiro equívoco. Ninguém muda o outro, só ele/a terá essa capacidade se for essa a sua vontade.
Fundamental, ainda, é manter um jardim proibido. Daqui resulta a troca da liberdade individual pela liberdade a dois. Partilhar o que de mais íntimo guardamos com a consciência do outro. É desta intimidade que nasce a cumplicidade sem a qual este amor não seria maior do que a amizade. É também aqui que se enquadra a sexualidade, alimento necessário ao equilíbrio da relação. E essa melhora com a descoberta do prazer do outro; ensina-se, estimula-se, renova-se. Aqui, só a criatividade impede o tédio, mas num amor intenso a sexualidade vai muito para além do corpo.
A negociação, parte maior, obriga a uma elevada inteligência emocional. A atitude, a capacidade de não se evitar o que tiver de ser dito, o saber ouvir, o saber ceder são, no fundamental, a chave do sucesso. É impossível amar sem amizade, o amor é um jogo limpo.
Por fim o confronto, ninguém nasce para ninguém. O Homem não é monogâmico, é um facto! Ao longo da vida será confrontado com outras compatibilidades, com o desejo de novas descobertas. Coloca-se a pergunta, “ao olhar-se para trás em fim de vida, teria sido melhor partilhá-la com uma pessoa ou com várias?”. Só o abdicar dessa liberdade permite haver um projecto de vida, tudo o resto são logros.
O amor não é a cura para a nossa doença; de facto, para se dançar o tango são necessários 2!
O Amor tem, por certo, várias dimensões.
O mais simples, inato, é o amor paternal. Prende-se à nossa continuidade, à desejada sobrevivência, é sangue do nosso sangue.
O mais puro, porque descoberto, é a amizade. Dele não resultam interesses, tão-somente a vontade de partilhar a companhia do outro. Sobrevive ao tempo, às diferenças sociais e etárias.
Arrebatadora é a paixão. Também ela sem mérito, pois a química entre duas pessoas não se constrói, sente-se. E se nos outros amores há uma lógica, aqui prima a irracionalidade dos sentidos.
O mais perfeito, porque desejado, é o amor entre duas pessoas que procuram no outro o seu complemento. É certamente o mais difícil por ser um acto de vontade. Obriga à aceitação das limitações do outro, à criação de um jardim proibido, à negociação e ao confronto com a nossa consciência.
As limitações são o primeiro desencanto da paixão. Ninguém altera a família do outro, aceita-se ou não! Contudo, há limitações que terão de ser ultrapassadas, e aqui surge o primeiro equívoco. Ninguém muda o outro, só ele/a terá essa capacidade se for essa a sua vontade.
Fundamental, ainda, é manter um jardim proibido. Daqui resulta a troca da liberdade individual pela liberdade a dois. Partilhar o que de mais íntimo guardamos com a consciência do outro. É desta intimidade que nasce a cumplicidade sem a qual este amor não seria maior do que a amizade. É também aqui que se enquadra a sexualidade, alimento necessário ao equilíbrio da relação. E essa melhora com a descoberta do prazer do outro; ensina-se, estimula-se, renova-se. Aqui, só a criatividade impede o tédio, mas num amor intenso a sexualidade vai muito para além do corpo.
A negociação, parte maior, obriga a uma elevada inteligência emocional. A atitude, a capacidade de não se evitar o que tiver de ser dito, o saber ouvir, o saber ceder são, no fundamental, a chave do sucesso. É impossível amar sem amizade, o amor é um jogo limpo.
Por fim o confronto, ninguém nasce para ninguém. O Homem não é monogâmico, é um facto! Ao longo da vida será confrontado com outras compatibilidades, com o desejo de novas descobertas. Coloca-se a pergunta, “ao olhar-se para trás em fim de vida, teria sido melhor partilhá-la com uma pessoa ou com várias?”. Só o abdicar dessa liberdade permite haver um projecto de vida, tudo o resto são logros.
O amor não é a cura para a nossa doença; de facto, para se dançar o tango são necessários 2!
Quinta-feira, Fevereiro 02, 2006
Nó
Quem és tu que me olhas
nessa distância estudada?
Tu?
Quem és tu que me interrogas
sem perguntas nem respostas?
Tu?
Não, tu não és quem procura
um momento ou atenção!
Não, tu não!
Haverá tempo que te descubra
ou sentido que te confunda?
Eu!
Nada menos do que tudo,
nada menos do que nada?
Eu!
Entregas-te assim, só,
sem medo ou certeza, só!
Eu, sim eu!
Tu és tu, tu,
e eu em ti, eu,
os dois em nós, em nós...
Ode à Mulher!
Autor desconhecido? Exacto!
nessa distância estudada?
Tu?
Quem és tu que me interrogas
sem perguntas nem respostas?
Tu?
Não, tu não és quem procura
um momento ou atenção!
Não, tu não!
Haverá tempo que te descubra
ou sentido que te confunda?
Eu!
Nada menos do que tudo,
nada menos do que nada?
Eu!
Entregas-te assim, só,
sem medo ou certeza, só!
Eu, sim eu!
Tu és tu, tu,
e eu em ti, eu,
os dois em nós, em nós...
Ode à Mulher!
Autor desconhecido? Exacto!