Desafiei-vos, num post anterior, a darem a vossa interpretação de Amor. Não me vou coibir de expor a minha! Não recorri aos manuais, basta-me o que penso. Serei poético, romântico? Talvez tudo isso e mais ainda. Mas esta é a minha forma de ver a vida; estarei errado? É-me indiferente, esta definição agrada-me, talvez por ser a minha... O Amor tem, por certo, várias dimensões.
O mais simples, inato, é o
amor paternal. Prende-se à nossa continuidade, à desejada sobrevivência, é sangue do nosso sangue.
O mais puro, porque descoberto, é a
amizade. Dele não resultam interesses, tão-somente a vontade de partilhar a companhia do outro. Sobrevive ao tempo, às diferenças sociais e etárias.
Arrebatadora é a
paixão. Também ela sem mérito, pois a química entre duas pessoas não se constrói, sente-se. E se nos outros amores há uma lógica, aqui prima a irracionalidade dos sentidos.
O mais perfeito, porque desejado, é o
amor entre duas pessoas que procuram no outro o seu complemento. É certamente o mais difícil por ser um acto de vontade. Obriga à aceitação das limitações do outro, à criação de um jardim proibido, à negociação e ao confronto com a nossa consciência.
As
limitações são o primeiro desencanto da paixão. Ninguém altera a família do outro, aceita-se ou não! Contudo, há limitações que terão de ser ultrapassadas, e aqui surge o primeiro equívoco. Ninguém muda o outro, só ele/a terá essa capacidade se for essa a sua vontade.
Fundamental, ainda, é manter um
jardim proibido. Daqui resulta a troca da liberdade individual pela liberdade a dois. Partilhar o que de mais íntimo guardamos com a consciência do outro. É desta intimidade que nasce a cumplicidade sem a qual este amor não seria maior do que a amizade. É também aqui que se enquadra a sexualidade, alimento necessário ao equilíbrio da relação. E essa melhora com a descoberta do prazer do outro; ensina-se, estimula-se, renova-se. Aqui, só a criatividade impede o tédio, mas num amor intenso a sexualidade vai muito para além do corpo.
A
negociação, parte maior, obriga a uma elevada inteligência emocional. A atitude, a capacidade de não se evitar o que tiver de ser dito, o saber ouvir, o saber ceder são, no fundamental, a chave do sucesso. É impossível amar sem amizade, o amor é um jogo limpo.
Por fim o
confronto, ninguém nasce para ninguém. O Homem não é monogâmico, é um facto! Ao longo da vida será confrontado com outras compatibilidades, com o desejo de novas descobertas. Coloca-se a pergunta, “ao olhar-se para trás em fim de vida, teria sido melhor partilhá-la com uma pessoa ou com várias?”. Só o abdicar dessa liberdade permite haver um projecto de vida, tudo o resto são logros.
O amor não é a cura para a nossa doença; de facto, para se dançar o tango são necessários 2!