Entrei em Lisboa vindo de Cascais com a disposição que o sol oferece em dias de chuva. A praça de Espanha tem o movimento típico da proximidade das festividades. Parei o carro junto ao semáforo e, quando perdia o olhar no nosso Arco do Triunfo, um velho assomou-me à janela. Trazia um sobretudo que já aquecera outro, e as barbas, amarelecidas pela indigência, marcavam-lhe o rosto. Estendeu-me a mão com um olhar de criança, sem maldade, com a dignidade de alguém que merecia mais descanso. Dei-lhe as poucas moedas que encontrei à pressa. Olhei-o e sorria. Despedi-me com “Feliz Natal!”. O velho, esse, ficou parado num pranto incontido. Arranquei com raiva e impotência!
Às vezes é preciso gritar para libertar a dor!
Há lições que não se esquecem.
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