terça-feira, outubro 31, 2006

Prós e Contras

A questão da despenalização do aborto até às 10 semanas está na ordem do dia. Os defensores do SIM e do NÃO têm as suas razões. Ambos apresentam contradições, nenhum tem a verdade absoluta. Se não vejamos:


Contradições do NÃO:
- Defendem que desde o momento em que um óvulo é fecundado passa a haver vida. O aborto é assim contranatura. Contudo, abrem-se excepções para a violação, mal formação ou perigo de vida da mãe. Neste último caso, a contradição surge maior por se tratar da escolha entre duas vidas.
- A Igreja Católica, como outros credos, é parte interessada no problema. Defende o direito à vida, o valor da família e a prática do bem. Contudo, para os católicos a salvação obtém-se com o baptismo e não com a génese do ser.
- Discute-se a criação de condições para a diminuição das situações que levam as mulheres a abortar, mas a Igreja Católica não aceita os métodos "artificiais" de contracepção.
- Os defensores do NÃO afirmam que este referendo pretende liberalizar e não despenalizar o aborto. Preferem que uma mulher possa fazer um aborto sem ser criminalizada, mas sem a subvenção do Estado. Caberá ao médico, pago pela mulher, a opção final da intervenção. Liberaliza-se a decisão do médico e, assim, despenaliza-se a paciente.


Contradições do SIM:
- Não há entendimento quanto à determinação do início de vida. Se para o NÃO a vida biológica e a criação da consciência (o "eu") começam no mesmo momento (na fecundação do óvulo), já o SIM deixa espaço para dúvidas.
- São precisos dois para fazer um filho, mas a decisão final caberá sempre à mãe. Uma mulher pode optar por ter um filho independentemente da vontade do progenitor, mas um homem não a pode impedir de abortar mesmo que ele tenha condições objectivas para criar a prole.
- Uma mulher será despenalizada se o aborto for realizado até às 10 semanas. Um dia a mais e a mulher terá de responder perante a justiça.



Inconsistências de ambas as opções:
- Se uma portuguesa abortar em Portugal sem ser por uma das razões evocadas na lei será criminosa, na Holanda não será incomodada pois não há restrições. Ao invés, pode abortar em Portugal por ter uma criança mal formada, mas na Irlanda não. As fronteiras definem verdades distintas.
- Ambas as partes aceitam que o aborto não é uma opção desejável, mas nenhuma propôs a criação de condições objectivas para o acompanhamento da mãe se o fizer, nem para garantir o futuro da criança se a mãe optar por completar a gravidez. Qual o apoio à família, à adopção, etc.?
- Não há concordância quanto às estatísticas e, igualmente, faltam avaliações de cenários que nunca foram analisados; variação dos abortos após a despenalização, número de mulheres mortas ou infertilizadas pelos abortos clandestinos, número de crianças a quem foi garantida a vida e que tiveram apoio para subsistirem em ambientes saudáveis, etc.?
- O referendo está a ser politizado, criando colagens desnecessárias a questões do foro individual.


Conclusão: este não é um tema que se esgote em debates. Será somente a nossa consciência a determinar a nossa escolha. Contudo, não pode haver protelamento de decisões. O referendo do aborto está aí. Espero que o arbítrio não reflicta uma sociedade egoísta ou conservadora e que, qualquer que seja a opção, esta fique mais justa.



Já abordei este confronto aqui.


Nota: não comentem só que apoiam o SIM ou o NÃO. Justifiquem as vossas opções. É do confronto de ideias que se criam convicções!

16 comentários:

Anónimo disse...

Ora bem, João Mãos de Tesoura, cá nos voltamos a encontrar.

Não ou sim à pergunta do referendo, certo? Já que foi esse o caminho escolhido, já que tem de ser o Estado a decidir por nós.

Despenalizar, sim, perante a lei, já que perante os outros o processo demorará o tempo que demora uma mudança de consciências.

Ninguém escolhe essa via porque sim, pois não? E toda a gente sabe que a pena, a própria, se equilibrará sempre sobre os ombros de quem fez a escolha.

Esta é uma questão que me apaixona, de tal modo que sinto dificuldade em estruturar um texto. É que há tanta coisa envolvida.

Bem, de qualquer forma, consegui "organizar" um post que de certa forma completa a minha escolha.

Até breve.

Andreia disse...

Apesar de eu não ter coragem de fazer um aborto, acho que quem o quiser fazer vai faze-lo na mesma quer seja aqui ou noutro país.

mfc disse...

Gostei da forma "equilibrada" que sobressai no post.
Por uma questão de consciência voto decididamente pelo SIM.

Anónimo disse...

nada interessa se comento o tema certo, se comento o teu blog se e se . o quero de facto comentar dizer falar é apenas tao simples, aqui no lugar errado,que tenho um enorme mas enorme fascinio por ti, pelo teu cheiro, pelo teu olhar pela tua inteligencia, o lugar´e errado paciencia foi o que encontrei

Unknown disse...

É interessante, e fez-se referência aqui, o peso a igreja católica neste assunto. Portugal é de facto um país onde grande parte do cidadãos são católicos, embora nem muitos sejam praticantes.
A verdade é que, mesmo não se sendo crente, ou seja, mesmo não justificando o NÃO pelos valores que a igreja impõe, a opinião não conta. A igreja tem peso no governo, mas a igreja não é detentora da verdade absoluta e certa. Logo, a opinão não pode ser consistente.
Ainda engraçado é o facto de quem se diz crente e praticante, recorrer ao aborto! Em qualquer situação que a mulher sinta necessidade de fazer o aborto, ela faz! Então porquê tanta hipocrisia? Se não fossem estas pessoas que defendem o NÃO, mas depois o praticam, talvez os resultados obtidos fossem diferentes.
Depois, não é de todo verdade que a vida humana começa após a fecundação e no processo de mitoses. Há que destinguir o que é pessoa humana e ser humano. Não penso que de todo se esteja matar um ser.
Claro que não é ético praticar o aborto todas as vezes que surja uma gravidez não desejada; devem haver limites. E com a informação que há sobre metodos contraceptivos, em 90% dos casos penso que seja um acto evitável. Contudo os azares acontecem...e se a mulher tem possibilidade de voltar atrás, porque não o fazer?
Não deve haver nada mais angustiante do que ter de dar à luz uma criança não dsejada, ou que à priori se sabe que vai carecer sem condições tanto a nível material como afectivo, entre outros.
Por muitas outra razões que não estas, o aborto devia ser despenalizado...pelo menos até às 10 semanas. Já seria um grande passo.

João Mãos de Tesoura disse...

anjo: de facto muitos não escolhem essa via por facilidade, outros sim, sobretudo se forem jovens e viverem em ambientes conservadores onde o medo os impedirá de partilhar o problema e de encontrar outras soluções. Sou pelo sim, também, mas com muitas reservas morais.
Volta sempre

anrdreia: pior é quando não têm dinheiro nem para o fazer cá nem lá fora. Ficam-se pelas parteiras avulso e entregam o destino à sorte.

mfc: obrigado pela observação. Na verdade, tentei fazê-lo de forma independente.Quanto ao sim estamos na mesma fileira.

anónima: não escrevi anónimo pois o conteúdo do teu comentário impede-me de o admitir! :D Não sei quem foste, o que foste, porque foste e se foste! Contudo, tenho de reconhecer que o comentário é poético e quem não gosta de um piropo, embora reconheça que o comentário sobre o meu cheiro convenceu-me que não me conheces! :D Contudo, dizes bem, o lugar é o errado e, acredita, eu também. Vai passando, quem quer que sejas, se for pela leitura. Tudo o resto será devaneio.

joana: os teus argumentos fazem sentido. Mas, diz-me, porque ninguém aborda também as contradições do SIM, ou acham que não as há??? Eu tentei, agora cabe-vos a vocês irem mais além, ou não.

Thiago Forrest Gump disse...

Em casos especiais, acho válido o aborto, até um certo limite temporal, entretanto.

Há situações em que temos que de fato escolher, é inevitável.

FNV disse...

Fazes um bom resumo; apesar do teu convite, não tenho nada a acrescentar. Que a coisa se resolva definitivamente.

Cucagaio disse...

Como em tudo, não há verdades absolutas. Apenas a esperança de que tomamos a melhor decisão, seja ela qual for.

Unknown disse...

Como já tive oportunidade de dizer lá em "casa", eu sou a favor do sim...
Por muito cuidado que todos tenham, por vezes acontece o inesperado, e nem sempre, por diversas razões essas "gravidezes" acidentais acontecem na melhor altura, ou com a pessoa certa...e, acredita que eu sei do que falo, já que tenho uma filha fruto de uma pílula ineficaz, e, na altura ponderei muito a opção a tomar, pois sabia que tinha que ser mae e pai...e quer queiramos quer não, os abortos fazem-se, diariamente, e, se assim é, acho que devem ser feitos com o menor risco possivel, e, sem sujeitar a mulher a uma pena de prisão, pois já chega o "peso" da opção aborto para a penalizar.
O aborto deve ser uma opção de escolha de cada um...sem fazer dele um método anticoncepcional.

SaoAlvesC disse...

Eu sou pelo sim. E atenção que tive dois filhos apenas e quando escolhi tê-los, sem nunca ter que passar por situação semelhante. Creio que o faria, se não tivesse condições para criar o bebé, se fosse demasiado jovem, e uma quantidade de ses mais...

Não concordo com o aborto como forma de contracepção, deve ser uma medida a tomar apenas em situações extremas, e a educação para a protecção de gravidezes indesejadas deve ser reforçada. Também não acredito que alguém escolha fazer um aborto de animo leve, julgo ser um processo doloroso do ponto de vista emocional e fisico.
Mas respeito quem necessita fazê-lo, e não creio que deve ser julgada por isso.

João Mãos de Tesoura disse...

thiago: concordo.

fnv: nunca se resolverá definitivamente, acho, quem perder voltará à baila com o tema daqui a alguns anos.

cucagaio: verdade.

cruzeiro: ora nem mais! O problema coloca-se quando o usam como método anti-concepcional.

pandora: tenho a tua visão e acrescento que quem fez abortos não deve usá-los como bandeira, mas sim resguardá-los como um problema do foro pessoal.

Anónimo disse...

Não será esta a pergunta mais conveniente para mascarar o verdadeiro tema?

Despenalizar o aborto ... é o que fica no ouvido e que lança o tema, confunde os menos atentos e aumenta a possibilidade de que o «SIM» possa ganhar.

Sou pelo «Não» e quem ler a partir daqui está a fazê-lo por conta própria, não me interessa a opinião dos outros ou os argumentos que utilizam para convencer os menos preparados, embora respeite a opinião de cada um, são os meus valores e as mihas crenças que falam mais alto.

Acredito na vida como uma dádiva, por isso seja qual for o resultado não haverá um vencedor real.

Comecemos esta discussão pelas situações erróneas, a verdade é que não são só os homens que ficam sem oxigenação do cérebro durante o acto, caso contrário o controlo seria perfeito e a questão não se colocaria.

Bem estar, consumo, conforto são valores que nos agarramos mais do que à vida (a dar e receber) pois, se pudermos escolher entre ter mais bens ou ter mais um filho, a grande maioria opta pela 1ª opção (a taxa de natalidade e o aumento da esperança média de vida são os factos que o copmprovam). Se um bem que compramos não está em condições quando o usamos - p.ex. um contraceptivo - devemos apagar todas as consequências do produto? Claro que sim se for mesmo defeito de fabrico .... ERRADO! Devemos pedir a indeminização justa por termos usado um produto com defeito, mas não podemos usar isso como desculpa para um erro maior ... não permitir a alguém que viva.

Violações, deformações, risco de vida para a mãe são de facto atentados à mulher e estes casos não deveriam ser tratados como excepções, deveria haver uma autoridade sanitária que, em conjunto com a mãe e o pai pudessem permitir o aborto (não a despenalização, para mim é um debate sobre o absurdo). De outra forma, mais não teremos do que a evolução da pílula do dia seguinte, para a solução das 10 semanas... é mau de mais para ser verdade quanto mais ir a referendo!

Serão capazes de dizer a quem filhos com deformações que deviam ter optado por fazer um aborto? Muita gente não tem sequer a noção do que é ter um filho assim, que tanto nos pode agredir como amar, mas que sabe e faz sentir que a sua vida, o seu bem estar depende de quem os colocou no mundo ... não são monstros, não são diferentes, embora 99% os trate como tal, são seres humanos que co-habitam connosco e que tiverem a oportunidade de sorrir ... e tem a possibilidade de retribuir.

Falemos dos casos mais problemáticos ... de quem não tem meios de subsistência, aqueles que julgamos já deviam ter informação suficiente para terem cuidado durante o acto sexual, mas como? :
«Quanto custa um contraceptivo? E ele, será que vai concordar? O melhor é estar quieta antes que leve outra tareia... »
São pessoas não têm nem meios nem educação, muito menos dinheiro para fazer um aborto numa qualquer clínica em Espanha ou outra que tal que se venha a «Legalizar» em Portugal (continuará a fazer no mesmo sítio, com - ou melhor, sem as condições mínimas e a pagar com o que não tem, e sem que ninguém saiba, a não ser aquela pessoa amiga que a levou lá).

Quem sabe um dia não estaremos a discutir a questão essencial ... o direito à vida, da criança e da mãe.

Até sempre e podem ter a certeza que se houver mais um voto no «Não » do que no «Sim» será o meu, pois é um direito em que acredito e que creio poder ser decisivo.

João Mãos de Tesoura disse...

anónimo/a: a tua posição é respeitável, mas tem alguns vícios de raciocínio. Repara, eu não estou a dizer que o Não está errado, nunca o disse, mas também não digo que o Sim é desumano. Quanto aos "vícios":
- A falta de "oxigenação" não é pecado. De facto, a sexualidade vai muito para além da procriação. Hoje sabemos que o prazer é algo fundamental no Homem (sem género) para o seu equilíbrio físico e psíquico. Penso que esta verdade não levanta dúvidas.
- A gravidez é um risco que se corre sempre, pois não há métodos infalívies. Contudo, o facto de se engravidar não é sinónimo de se desejar um filho ou de se estar preparado para o ter. Penso que esta verdade não levanta dúvidas.
- Percebido o sexo e a gravidez centremo-nos na questão da vida.
- A única razão para o Não é acreditar-se que a vida começa na fecundação. Para estes não haverá excepções; violações, deformações ou outra contrariedade nunca serão razão para um aborto. Para eles, abortar é um crime já que se trata de uma vida humana. Tudo o resto será hipocrisia, e tenho visto muitos defensores do Não a dizerem que abrem excepções para o aborto. E porquê? Porque no quadro dos seus valores será inconcebível terem filhos que não sejam os do casal, que perturbem o equilíbrio do lar (falo das deformações) ou que coloquem em risco a vida da mãe. Contradições, como vês. Mas há-os coerentes; esses são fundamentalistas, no bom sentido do termo, pois o Não é não em todas as situações.
- Contudo, os defensores do Não insurgem-se dizendo que a pergunta está mascarada; nada mais falso, o que eles pretendem é que não se faça a pergunta pois abre a possibilidade de a sociedade optar por uma regra que vai contra os seus valores. Esta atitude é arrogante, não é democrática, é condicionar a sociedade à verdade de alguns. Dir-me-às, "as maiorias podem não ter a razão", ao que te direi que tens razão, mas esse é o fardo que pagamos por um sistema que será sempre melhor do que a ditadura de poucos que se consideram iluminados.
- Dizes que o problema mais problemático se coloca com os mais desfavorecidos. Sugeres que eles não têm educação para decidir. Nada mais errado e, se me permites, pedante. Não é o nível social que dá educação ou sensibilidade. Estamos a falar numa questão de fé, "ou se acredita que a fecundação é vida ou não", e isso está na consciência de cada um. Aliás, o teu argumento cai por terra se pensares nos países mais evoluídos e verificares que a legislação é na maioria dos casos favorável à despenalização.
- Assim, concluindo, todos os teus argumentos são falácias, vício que incorporas por valores que são professados há milénios. Não questiono os teus valores, mas sim os teus argumentos.
- A única questão que está em cima da mesa é "a vida começa ou não na fecundação?". Os que votarem Sim no referendo acham que não e eu partilho da mesma opinião.
- Dirás tu: establecer uma fronteira para a vida é sempre perigoso. Ao que eu respondo, defini-la como a fecundação é establecer uma fronteira. O fundamental é saber-se qual é de facto o momento a partir do qual abortar será crime. A questão não é só médica, pois a vida não é só biológica. Entram aqui as questões de fé que farão com que cada um tenha a sua opinião. Eu tenho fé que a vida só se inicie no momento em que o feto for uma entidade pensante, momento esse a partir do qual a mãe passa a ser uma mera incubadora. É esta qualidade que nos dá autonomia para sobrevivermos na vida. Só por isso voto Sim, pois não acredito que o aborto nas condições colocadas seja um crime.

Anónimo disse...

sou estudante do 10 ano e tenho um trabalho p fazer..a minha opiniao era o contra o aborto,uma vez que apesar de nao sentir acho que o ser em transformaç~~ao tem todo o direito a vida que lhe foi permitida. para alem de que existe cada vez mais variedade de contraceptivos , e a pessoa so engravida "se quiser".
mas, ja me fizerem ver o outro lado e nao deixo de admitir que tambem tem as suas razoes..como por exemplo o facto de se for uma adolescente ela estar a estragar a sua adolescencia no caso de nao poder abortar.

para o trabalho tenho de apresentar motivos para o que o meu grupo defende (contra o aborto).alguem sabe onde posso encontrar boa informaçao sobre isso??obrigada..

( ariane.vln@hotmail.com --se souberem de informação,agradecia)

Anónimo disse...

Quando este tema do aborto surgiu de forma "viva" a minha opinião espontânea levou me a decidir pelo NÃO, sem saber bem quais as razoes para tal. O meu único argumento que me levava a acreditar nesta posição era o facto de ser uma (por vezes duas) vidas em jogo. No entanto depressa tive oportunidade de me confrontar com alguém de opinião oposta. Este primeiro confronto bastou para me fazer mudar de opinião para um SIM. Esta questão do aborto que nos envolve só nos leva a pensar nas vidas que são levadas, mas na verdade está muito para além disto. O principal aspecto da questão não é este, mas sim o social e a diversidade de crenças que lhe estão inerentes.

Começando pelas crenças. Não podemos envolver a religião e o catolicismo na questão da ciência, pois se a ciência evoluí não é devido a este aspecto mas sim devido à objectividade que cada cientista confere ao seu trabalho. Como vários filósofos defenderam, quanto mais objectivo for o cientista mais são as hipóteses da ciência evoluir. No entanto cada um tem direito à subjectividade e à sua opinião como às suas crenças. Esta liberdade de opinião leva nos ao sistema político em que vivemos actualmente, a Democracia. Este é um dos pontos cruciais para votarmos SIM, pois a decisão daquele que engravida de abortar, não deve ser tomada por nós mas sim por essa pessoa. Como tal, devemos votar sim para lhe dar a oportunidade de escolha.
Falando agora do problema social. A gravidez indesejada ou mesmo problemas durante a gravidez são problemas reais, acontecem de facto. Em relação à gravidez indesejada não podemos simplesmente fingir que são 100% preveníveis e acusar de irresponsáveis a quem tal acontece. Claro que percentagem dos casos se dão por irresponsabilidade pura e por falta de informação (o que não vai deixar de acontecer) mas a outra parte dá-se acidentalmente pois os métodos contraceptivos não são totalmente infalíveis. A adolescência, a menopausa, problemas económicos, de saúde, familiares são tudo aspectos importantes para a educação e criação de um filho. Os abortos acontecem com ou sem apoio médico e legislativo. Secretamente, e longe dos olhares de quem possa condenar tal opção. A opção do aborto é tomada quer votemos sim, quer não. Ao votarmos não, estamos a permitir que os abortos clandestinos continuem. Como toda a gente sabe, estes são realizados sem meios nem segurança e aqui morre não uma mas duas pessoas, pois muitas vezes a mãe não sobrevive. Por isso, não nos podemos deixar cair na hipocrisia de negar o aborto a todos aqueles que têm “necessidade” de o fazer, pensando assim que estes vão deixar de ser feitos e que estamos a salvar vidas, pois essa realidade não existe. Por isso eu defendo o SIM, pois quem escolhe fazer um aborto fá-lo com ou sem apoio. O melhor é permitirmos que sejam realizados com condições e sem condenações. Cada um é livre de tomar a sua decisão.
Terceiro ponto. Não podemos votar NAO com medo que o aborto comece a ser feito como método contraceptivo. Até porque também concordo que este só deve ser feito até determinada semana. E como já outros referiram, ninguém faz um aborto sem pensar duas vezes, pois temos noção do desgaste mental e físico que este provoca.
Entre se perder uma vida dependente de outra (a mãe) e que não chegou a completar todas as suas formas e deixarmos sobreviver uma vida indesejada e sem condições.. como diz o ditado: Venha o diabo e escolha.
nota: nao foi um argumentador que me fez mudar de opinião, pois ja discuti o assunto com pessoas que votariam NAO e no fundo nenhuma delas tem argumentos suficientes