Nos blogues, como na vida, encontramos a prepotência. O tema prende-se com Francis Obikwelu. Não o admiro como atleta português, mas sim como atleta, ponto. As razões estão explicadas em comentário pois o tema não vale um post.
Acredito que discordem de mim. Ainda bem, este espaço é democrático! Digam o que quiserem, a asneira é livre, a minha também!
8 comentários:
No blogue A destreza das dúvidas li o seguinte post.
Declaração de voto ─ Francis Obikwelo
Pelos vistos anda em marcha uma votação, promovida pela RTP, para a escolha de maior português de sempre.
Depois de pormos de parte todos os nomes de pessoas que foram portuguesas por acidente, chegámos à conclusão que apenas havia dois nomes a considerar: Dom Afonso Henriques e Francis Obikwelo. Dom Afonso Henriques foi Rei. Um rei não se sujeita a votos; resta-nos dar o apoio, cheio de convicção, a Francis Obikwelo.
Luís e Sandra
Comentei: Francis Obikwelo é português por contingência num mundo onde o expediente é arma que se usa para defraudar os resultados. Sim, uma medalha de ouro portuguesa nos 100mt é tão caricata como dizer que o português médio tem carapinha. A caricatura não se prende com o racismo, que não o sou, mas exalta a minha repulsa pelos “Decos” da vida que, num País de bimbos, têm benesses que nem aos nossos damos. Andam emigrantes a penar na clandestinidade anos a fio sem direitos nem protecção para que uns eleitos de uma penada tenham de mão beijada todas as regalias?
Vale-nos saber que Francis Obikwelo está em Espanha pelas mesmas razões por que veio para Portugal. Chamá-lo português é desconhecer o sentido da nacionalidade, é admitir que ele domina a língua, que ama verdadeiramente o País, que conhece a nossa história e que tem os nossos valores. Nada mais falso!
O Nelson respondeu-me coerentemente:Penso que escuso de dizer que discordo no João Mãos de Tesoura; por nascimento ou por opção, Obikwelu é tão português como qualquer outro. Veio para Portugal por necessidade, Portugal acolheu-o e ele retribuiu. À mesma proposta de naturalização feita por Espanha, onde ele já morava e treinava, Obikwelu disse que não. Já o Deco é um caso diferente, só optou pela nacionalidade portuguesa depois de perceber que nunca seria chamado à selecção do Brasil. O Obikwelu não precisava de nós para nada. Muito pelo contrário.
Respondi de seguida: When Nigeria held trials to pick athletes to represent the west Africa nation in one of the world’s most prestigious athletic events, two key competitors were conspicuously absent.
Gloria Alozie, Nigeria’s foremost hurdler and silver medallist at the 2000 Sydney Olympics, and Francis Obikwelu, the nation’s 100 and 200 metres sprint champion, dumped Nigeria for their newly adopted countries mere weeks before the International Amateur Athletic Federation (IAAF) world championship in Edmonton, Canada.
Their departure is not unique among African athletes: Canadian immigration officials are sorting through the refugee claims of 106 athletes and artistes — mostly from Africa — who chose not to return home after the 10-day Francophone Games ended in Ottawa on July 24.
Gloria Alozie, Nigeria’s foremost hurdler and silver medallist at the 2000 Sydney Olympics, and Francis Obikwelu, the nation’s 100 and 200 metres sprint champion, dumped Nigeria for their newly adopted countries mere weeks before the International Amateur Athletic Federation (IAAF) world championship in Edmonton, Canada.
Both Obikwelu’s defection to Portugal and Alozie’s decision to acquire Spanish nationality have stunned Nigerians. They have also spurred some timely introspection.
The news was broken in July by Nigerian sprinter Mercy Nku, who like Obikwelu is based in Lisbon. She said Obikwelu took the decision because of neglect by Nigerian sports officials when he was injured while representing Nigeria in Sydney.
“Do you know that Francis Obikwelu was left alone to take care of the injury he sustained in the Sydney Olympics?” Nku said. “he had to go to Canada to undergo an operation on his knee spending his own money.”
Nku said she had also been invited to change nationality by a number of European countries and, she added, the incentives are tempting. “But I have made up my mind not to take off,” she promised. “I love Nigeria and will remain here.”
Com este texto percebemos porque Obikwelu saíu da Nigéria; não por não amar o seu País, mas sim por não ter condições de trabalho.
With his citizenship in Portugal and his affection for Nigeria, where he is still a frequent visitor, Obikwelu exemplifies new paths of shared identity and global circulation. More importantly, however, his story mirrors the larger picture of Portugal’s increasingly diverse immigration flows, regional spread of settlement patterns, and rising immigrant skill levels.
Compreende-se que Obikwelu nunca deixará de ser nigeriano, onde tem a família e amigos de infância. Note-se que ele veio para Portugal aos 16 anos e se naturalizou português com 22.
De facto, a nacionalização prende-se tão somente com melhores condições profissionais, não com uma identidade do País.
Grave, Nelson, não é Portugal naturalizar os Obikwelus da vida; grave, Nelson, é os Obikwelus quererem naturalizar-se por ambição e não por identidade.
Nota: Obikwelu já era português antes de ir treinar para Espanha…
A resposta do Luís Aguiar Conraria: João Mãos de Tesoura, quem é que pensa que é para julgar as intenções, as convicções e o íntimo das pessoas?
Lamento, sinceramente, só hoje ter tido oportunidade de ler os seus comentários. Agora é tarde para os retirar, pelo que ficam aí.
Conraria não ficaria sem resposta: A sua resposta foi um julgamento!
Curioso, pensava que defendia a frontalidade independentemente da discórdia. E sim, podemos julgar os outros, faz parte do nosso livre-arbítrio. A esse direito chama-se liberdade e foi com ele que se atribuiíu ao Obikwelu a nacionalidade portuguesa. Para mim, bastou-me ler o que outros atletas nigerianos disseram sobre as reacções do atleta para inferir. Posso errar, é certo, mas respeito a opinião de todos.
Deve, se entender, apagar os meus comentários, este e os anteriores. A elegância, essa, não se ensina.
Passe bem
Nota: fiz este post por entender ser didáctico. O blogue do Conraria tem nome errado, pois nem é destro, nem tem dúvidas. Eu continuarei com as minhas e a errar certamente.
Cada um tem direito à sua livre opinião. Por mim é um atleta português, mas não o sinto da mesma maneira de uma Vanessa fernandes, ou outro qualquer português de gema.
PS:Tas tb linkado, vou começar a parar aqui nas minhas viagens.
São duas posições muito coerentes e válidas. Penso que ambos têm razão já que apresentam argumentos válidos.
Penso que para o esclarecimento total deste debate seria necessário ouvir a opinião honesta do Francis (não eu, o outro).
Concordo com o Nelson porque o país deu-lhe algo e ele retribuíu. E também acho que merece o mesmo respeito que outro cidadão qualquer (aliás, merece mais, porque nós TODOS enquanto cidadãos somos muito mal tratados).
Também concordo contigo, já que por norma tratamos os estrangeiros tal como fomos tratados nos anos 70 e 80 e só nos lembramos daqueles que correm rápido nos 100 metros ou que marcam golos (no Barcelona!), os outros, podem dormir na rua, que se lixem!
Em boa, verdade, se somos ruins para nós próprios porque não haveremos de ser para outros?
Um abraço!
dagarman: eu não o sinto! Não é racismo, não é indiferença, é somente a minha distância crítica. Respeito a tua posição e percebo a dictomia entre a Vanessa Fernandes e o Obikwelu. Eu levo-a até ao limite, mas posso não ter razão.
Abraço
francis: é verdade, mas sabes, sinto estas medalhas compradas, parece que as nações têm de ganhar às outras de qualquer forma, como se o espírito último da competição fosse ser melhor do que os outros, nada disso, o objectivo é sermos melhores e isso é muito!
Abraço
Só te posso dizer que estiveste muito bem!
As pessoas se abrem blogs a comentários devem ter a educação de saber "ouvir" as opiniões dos outros, mesmo quando não concordam com elas, se assim não for o melhor é escreverem apenas para eles e fecharem os posts a comentários.
Já lá vai o tempo dos Carlos Lopes, que perdeu uma final para um adversário dopado com uma técnica que na altura não era considerada dopping.
A corrida, hoje em dia, é económica e tecnológica, perdeu a sua beleza, o seu ideal romântico; é só àcerca de ganhar.
E ganha quem tem mais dinheiro para comprar os melhores atletas, ou quem investe em melhores e diferentes técnicas de dopping. Porque é que haveriamos de ser diferentes?
cruzeiro: tens toda a razão. Na verdade, foi esse o motivo que me levou a escrever este post.
zé da palheta: é um facto, infelizmente. Mesmo os amadores têm pouco de amadorismo.
cruzeiro: tens toda a razão. Na verdade, foi esse o motivo que me levou a escrever este post.
zé da palheta: é um facto, infelizmente. Mesmo os amadores têm pouco de amadorismo.
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