Há quem deles não fale por temer que estes traiam a independência que se ganhou em vida. Não será grande conquista, antes o reconhecimento de uma sociedade fria onde a pressão do dia-a-dia não dá margem para algo melhor do que o imediato, o breve, nada com maior continuidade do que um prazer passageiro.
Depois há aqueles que não os expressam por falta de ritmo, por não entenderem a cadência do outro. Pior do que não ter uma amizade é não a sentir quando dela se carece. A amizade obriga a cumplicidade e esta alimenta-se dos afectos nos tempos certos.
Um afecto não é carinho, esse pode vir quando dele menos se precisa. O afecto é uma dávida. Sabê-los dar e receber não é para todos, não, obriga a uma amizade sentida.
Sou um privilegiado!
5 comentários:
De que nos serve o afecto que sentimos se nõ somos capazes de o demonstrar e o dar às pessoas que merecem?...
andreia: é verdade. O orgulho ou o egoísmo por vezes tornam-nos cegos.
Beijos
Caríssimo João Mãos de Tesoura (acutilante, hein?), acertou em cheio. Fiz curso e especialidade no assunto.
De afectos falo no meu pasquim, assim como de afectados(as). (tem dúvidas?)
Claro que não é tudo farinha para o mesmo saco mas não me apetece agora dissertar sobre o assunto. Outros valores e interesses se levantam. O de comentar este que alguma coisa me diz vai dar trabalho. Se por algum acaso começar a patinar ou andar em círculos mostre-me a porta da saída ou o sofá quiçá e eu calar-me-ei, descalçarei os sapatos e ficamos aqui numa amena cavaqueira.
“Sabê-los dar e receber não é para todos, não, obriga a uma amizade sentida.”
E não só mas também. Pergunto-me porque alguns conseguem sentir e dar tão facilmente e outros limitam-se a receber (e alguns nem isso!). O retorno não é necessário? Claro que sim e não me venham cá com tretas que para essas já bastam as que escrevo na revista Marias há Muitas. Eu diria e ficaria só pela primeira parte da frase e nada mais acrescentaria: “Sabê-los dar e receber não é para todos(ponto final)
Por falar em escrever, li algures por aí mais abaixo do seu afecto pelo escritor José Saramago. Nutro por ele do mesmo afecto. Iniciei dois livros e pu-los de parte. Ele nada me dá, achei que não devia comprar-lhe mais livros! Tão simples quanto isso. Posto isto, conclui-se que sou uma mulher inculta. E eu raladinha!
Claro que todo este relambório vai carregadinho de ironia para o caso de alguns leitores incautos ainda não se terem apercebido. (gosto de explicar tudo, é defeito mesmo!)
Ah, li o seu post cujo título é “Jura”. (este vai ser 3 em 1). Também sobre afectos ou a falta deles. Perfeito. Não lhes queria estar na pele, das personagens, claro, tudo ficção, tudo virtual. Nunca conheci nada assim.
(mas que labirinto, onde raio é a porta de saída? Já nem o sofá encontro e os sapatos larguei-os algures entre uma vírgula e um ponto final!)
Vou assinar o testamento.
Drª High Heels ao seu dispor aqui ou lá no pasquim, sempre pronta a ajudar e a esclarecer todas aquelas questões que parecem não ter qualquer solução!
(qualquer incorrecção ortográfica ou de acentuação, faça o obséquio de ignorar, ou corrigir, sei lá...)
Infelizmente há por aí muita gente incapaz de distribuir afectos sem se aperceber que, por tal atitude, também não os recebe.
: bem, depois de tanta verve, resta-me ir para o sofá! Esteja à vontade, o sofá dá para todos. Aproveitamos e vandalizamos os meus livros do Saramago num ritual satânico, a invocar os grandes da literatura para termos a certeza que ele não aparece. Depois, se não pudermos usar os sapatos, bebemos o champanhe em flutes!
O testamentário!
cerejinha: grande verdade!
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