quarta-feira, novembro 17, 2004

Freedom

Era uma vez uma águia que andava em voo circular à procura de alimento. Vislumbrou ao longe outra ave. Parecia ser outra águia pelo que ambas se aproximaram. O soberbo da primeira e a envergadura da segunda foram razões bastantes para a corte. Embora enorme, a segunda águia era de uma doçura invulgar para um macho dominante. A fêmea, essa, facilitou sempre a aproximação. Pousaram no cercado e miraram-se com mais calma. Estavam agora lado a lado. O macho mais determinado avançou e afagou as penas da fêmea que lhe retribuiu o gesto timidamente. Voltaram a voar e a cena repetiu-se ainda por alguns dias.

Certa vez o macho viu a fêmea ao longe com outro pássaro. Acercou-se. Não, não podia ser. Afinal eram duas pombas. Voavam em sintonia embora a fêmea parecesse triste. Esta, ao ver a águia fugiu para o cercado. O pombo macho nunca teria hipóteses. Na pressa da fuga este foi esconder-se no pombal, reduto seu e da fêmea. Ali só o pombo se sentia feliz e mesmo este saberia mais tarde que nem isso era ou fora. Bom pombo, nunca pensou que a fêmea precisasse ser mais do que ser pomba. E precisava. Era uma águia. E não estava ali!

A fêmea estava agora no cercado esperando a águia placidamente. Esta abeirou-se. A fêmea parecia distante, indecisa e insegura. Tomara uma decisão. Partiria para o pombal não sem antes se despedir da águia. Miraram-se. A pomba nunca seria águia, pensou. Estava enganada. A águia percebeu o momento e afastou-se num voo majestoso. A pomba, essa, deixou cair uma lágrima, faltava-lhe a coragem e a paixão. A águia era grande, só agora o percebera.

A águia continuou a voar sobre os campos sem mais importunar os pombos. Não demorou muito a vê-los afastados em pombais diferentes. A pomba sonhava agora com a águia. Mas onde andava ela?


Porque as leitoras merecem …

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