sábado, novembro 13, 2004

Discurso à solta

O Partido:
“Quem concorrer por nós terá de combater por nós!”. Seria um apelo à união ou à obediência?

O País:
Continuar a evitar o despesismo público, reduzir os impostos e aumentar as pensões foram as metas anunciadas. Santana falou para um País de loiros enquanto Bagão convalesce.

As Ilhas:
Pedir aplausos para o candidato derrotado dos Açores denotou sentido político. Repetir o feito com o Alberto João deu-nos a dimensão do seu estômago. Não basta calar aos impropérios que ele lança sobre o Continente, Alberto João tem obra e há que disso tirar partido.

O Aliado:
Herdou um parceiro a quem distribuiu importantes pastas. No Governo como nas eleições regionais foi Portas quem da aliança mais benefícios tirou, sem cerimónia ou pudor. O atrevimento vai custar-lhe a coligação nas legislativas. Só depois se saberá se o casamento continuará.

As minorias:
“Eles mentem, eles perdem”!”. A alusão à ilusão desta mensagem fez-me recordar o provérbio “Dizes o que não deves, ouves o que não queres!”. Mais perigosa do que a democracia são as ditaduras das minorias, geralmente só ouvem os seus ecos. Falou-se no Louçã e recordei o Barnabé que tem mais leitores do que o Povo Livre. Contudo isso não faz uma verdade; a Bíblia é o livro mais vendido no mundo enquanto o Corão é o mais lido. Sabemos bem as consequências que isso tem.

A Alternativa:
Sócrates anda rodeado de ex-ministros de Guterres.” A sombra do pesadelo foi brutal. A falta de estratégia política, de propostas concretas para áreas estruturais e de alternativas às medidas governamentais ajudaram a materializar o perigo. Sócrates é o adversário ideal de Santana, nunca conseguirá fazer um discurso de improviso ou fazer parecer que o foi; perderá nas urnas como perdeu na televisão.

A Europa:
Durão Barroso, de forma cuidada, fez a homilia no ecrã gigante. A Europa dá-lhe a autoridade que falta a Santana. A reverência foi recíproca. Sabemos agora que Durão não abandonará o seu Delfim. Este apoio será decisivo.

O Futuro:
Santana Lopes convidou Cavaco Silva a concorrer às presidenciais. Cavaco não precisava do apoio, Santana sim! A sombra de Marcelo desapareceu!

A Imagem:
O esforço de sentido de estado e o balancear da cabeça como que a anuir em recato, ficaram indelevelmente marcados por um discurso em que uma das mãos se manteve a maioria das vezes no bolso das calças. Tivesse ele estudado em Coimbra e conheceria a expressão "Destribe-se!”.

Gran Finale:
Nunca um líder do PPD/PSD acabou o seu discurso com tanta propriedade “… obrigado pelo que me têm dado!


Discurso "brilhante" num País cinzento. Santana está como quer!

Nota: Já disse, e repito, que não sou de esquerda nem de direita, sou agnóstico!
A picardia com o Barnabé é saudável; sou leitor assíduo; distante mas assíduo!

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