segunda-feira, julho 18, 2005

Idiota por opção

É por todos sabido da necessidade de um novo aeroporto para Lisboa. De facto, falta a Portugal um aeroporto que nos projecte em termos de tráfego, não só de passageiros como de mercadorias. Muitos eventos haverá que necessitarão deste “hub” para escoar os passageiros. O aeroporto da Portela está perto da sua capacidade máxima, 16 milhões de passageiros de movimento anual.

Há quem defenda o actual aeroporto com o argumento da proximidade esquecendo-se, contudo, que o terreno em questão tem um valor imobiliário inestimável, que a capacidade de crescimento é diminuta, que afecta a qualidade de algumas zonas de Lisboa e que o risco para a cidade não é menosprezável. Já foi tentada uma melhoria à gare do aeroporto e é o que se vê, instalações que ficam muito aquém do que se encontra nas segundas cidades da Europa evoluída. O fluxo de passageiros dentro do aeroporto é um desafio labiríntico, com soluções de contingência nada funcionais. A oferta do comércio é pindérica com preços gritantes face à política de free-shop. O modelo está moribundo e o tráfego continua a aumentar.

Há quem prefira o aeroporto fora da cidade, na Ota, em Alverca ou no Montijo, onde há condições para se fazerem infra-estruturas com qualidade internacional. A Ota, mais distante de Lisboa, está na rota do comboio de alta-velocidade e tem a preferência dos políticos. Será uma construção de raiz, ao contrário das outras hipóteses, e obrigará a um investimento de 3 mil milhões de euros (cerca de 600 milhões de contos). Os técnicos, esses, alertam para os ventos instáveis e para os custos de construção, uma vez que são necessários grandes trabalhos de deslocação de terras. Alverca e Montijo, ao invés, só levantam problemas na gestão do tráfego aéreo quando conjugados com a do aeroporto da Portela que não se prevê desactivar.

Eu preferia uma solução completamente radical. Primeiro desactivaria o aeroporto da Portela. É impensável mantê-lo face aos constrangimentos que apresenta, e o seu valor imobiliário pode financiar em grande parte a construção do novo aeroporto.
Nunca apostaria num aeroporto a 40 Km de Lisboa como será o da Ota. Concordo com o factor proximidade que pode ser obtido tanto em Alverca como no Montijo.

Contudo, e para falar em algo radical, penso no que foi feito em várias cidades, em que o rio ou o mar serviram para suportar as infra-estruturas do aeroporto. Fazer o aeroporto no rio seria caro? A ideia parece à primeira vista disparatada, mas seria mais caro do que as soluções encontradas? A montante da ponte Vasco da Gama não há rio assoreado e gratuito numa extensão que se resolveu chamar Mar da Palha? Não estará mais próximo de Lisboa do que outras soluções? Não terá mais hipóteses de crescimento do que se fosse construído em terra, sabendo-se que grande parte das infra-estruturas seriam pequenas extensões das que já se encontram em Lisboa (metro, autocarros, etc.). Não será mais seguro em caso de acidente? Não será mais emblemático num País que quer mostrar inovação e modernidade? A imagem de Lisboa do ar é um bom cartão-de-visita a quem chega! A ideia pode parecer louca, mas Nova Iorque e outras cidades não pensaram assim!



Ok, ok! De vez em quando é bom divagar... não faço puto ideia se isto é válido, mas uma vez pensado resolvi partilhá-lo!
E, já que estamos numa de idiotices, deixo-vos o Avia Cão! Escolham a velocidade e recostem-se...

2 comentários:

Ana disse...

Olá João... olha que a ideia não paree à primeira vista tão louca assim... devia ser uma experiência e tanto... só não gostava era de ser avio cão... ;o)
Beijinhos...

João Mãos de Tesoura disse...

ilegal natural: há vários aeroportos assim, um deles é em Macau e foi feito por nós!

ana: devia ser uma experiência gira e mostrávamos e seria o único aeroporto assim na Europa. Não esquecer que o estuário do Tejo é o maior da Europa e que tem um enquadramento fabuloso. Quanto ao "Avia Cão", ele não o aviou... acho mesmo que o looping foi feito voluntariamente para o filme em questão! :D