O Vizinho, após acalorada troca de "mimos" na Blogotinha, sugeriu-me que apontasse algumas iniciativas positivas de Sócrates embora o homem só lá esteja há 5 meses (mais ou menos o mesmo período que o Santana levou a cair). O desafio resultou de eu ter defendido a coragem do homem, ainda que eu esteja longe do seu ideal. Então vamos por partes:
Finanças: falou-se verdade e mostraram-se os números. Percebeu-se pela primeira vez qual era o valor do défice e a impossibilidade de o debelar numa só legislatura. O aumento do IVA para 21% pode ser discutível, mas é uma tentativa de se recuperarem receitas, travar-se o consumo e não me parece que vá abrandar a economia.
Assembleia da República: cortou nas regalias dos deputados. Esta pode custar-lhe caro!
Inovação: 1,5 mil milhões de euros de incentivos para a inovação e internacionalização das empresas disponibilizados no programa Prime e que podem gerar 4,5 mil milhões de euros em investimento. O ministro da economia, ex-administrador do BES, é um super-ministro!
Administração Pública: foi corajoso na reforma da administração pública, onde os argumentos dos instalados deviam ser confrontados com os que não têm emprego nem oportunidades. Segundo Artur Santos Silva, presidente do BPI, os funcionários públicos têm reformas que em média são três vezes superiores aos dos funcinários da "privada".
Energia: apostou claramente nas energias renováveis anunciando um investimento de 3 mil milhões de euros entre privados e estado até 2010. Aposta-se no ambiente, em equipamento fabricado em Portugal e na redução da dependência do Petróleo.
Obras Públicas: decisão da construção do aeroporto da Ota (discutível a localização mas inquestionável a necessidade) e do TGV (comboio de alta-velocidade). Não coloca portagens nas SCUT o que poderá ser discutível do ponto de vista económico, é certamente justificável na perspectiva social. De facto, num País com uma Lisboa macrocéfala é bom ver este tipo de iniciativas. Vão ser feitos ainda mais IPs e uma auto-estrada que ligará Bragança a Amarante (custos da interioridade).
Justiça: as férias judiciais passaram de 2 meses para um, deixam de ser cobradas as dívidas de seguros em tribunal (25 mil processos ano a menos), etc.
Saúde: Restringiu as regalias dos farmacêuticos, representados pela ANF; o maior lobby português! Limitou a 5 os 10 novos hospitais que estavam anunciados. Basta pensar no que se passa no triângulo Tomar, Torres Novas e Abrantes. Três hospitais para uma população que podia ser servida por um só.
Trabalho: Caminha-se a bom ritmo para a flexibilização laboral.
Educação: os professores fazem greve em dia de exames, não percebendo que acima de tudo são educadores e que deles também depende o sucesso dos seus alunos. Horários alargados, obrigatoriedade do Inglês, aulas de substituição para evitar tempos mortos, etc.
Segurança: Fusão de alguns subsistemas das Forças Armadas para diminuir custos e aumentar a qualidade de serviço.
Turismo: Relançamento do projecto de Tróia, a nossa estrela no turismo antes do 25 de Abril.
Tecnologia: O choque tecnológico é transversal a todos os ministérios. Algumas iniciativas estão nos temas já aqui enunciados, outros penso que devem ficar congelados porque a surpresa do défice deixou muitas ideias na gaveta.
Não fui exaustivo, podia ter continuado; apanhei coisas daqui e dali. Também não sou socialista nem cerro o punho, mas não me digam que o que enunciei é demagogia. O homem até pode cair antes de acabar o mandato, o homem até pode estar mal rodeado, mas porque não lhe damos uma oportunidade em vez de falarmos mal dele... está-nos no sangue, não é? O Presidente da República é de todos os portugueses, porque raio o Primeiro-Ministro haveria ser só de alguns (é nisto que os anglo-saxónicos nos batem, nisto e noutras coisas...)?
8 comentários:
ó joão... de professores sei eu, e está mal o que estão a fazer. afinal não se anunciou o que fazia realmente falta que é uma avaliação conscienciosa do desempenho, nem sequer uma remuneração digna de quadros superiores. Reformar a função pública não pode ser meter todos no mesmo saco e cortar a torto e a direito sem pensar nas características de cada profissão!
e mais não digo pq já falei demais disto, e como estou finalmente de férias, não me apetece!
Eu estou como a Pandora, João. Não me apetece. Já te disse que somos linhas paralelas.
Mas fazendo um esforço para não te deixar sem resposta, muito brevemente alguns tópicos que me pareceram importantes:
Finanças: "Verdade?" Só podes estar a dar-me baile. O homem depois de ganhar a maioria absoluta é que sabe o valor do déficit? Tu acreditas nisso?... E no coelhinho da páscoa?...
Primeiro passo em falso em que deixei de confiar nele mesmo sem lhe ter dado o meu voto, prometeu o que sabia que não iria cumprir. É MENTIROSO e cobarde por não assumir. Teve medo de perder as eleições.
Assembléia: Pois foi... mas teve que recuar e salvaguardar diversas situações que prejudicavam a "velha guarda", isto além de que se limitou a arranhar a casca dos privilégios. Cortar a direito é só para os desgraçados que ganham quinhentos euros na AP... Corajoso, sem dúvida.
Inovação: A ver vamos. Benefício da dúvida.
Administração pública: aqui é que a porca torce o rabo. Essa dos instalados vs desempregados para justificar medidas injustas e desnecessárias.... enfim...nem vou comentar. O Artur, espertalhão, "esquece" que a média dos privados inclui reformas miseráveis até de quem nunca descontou. Além de que usa a tal regra maravilhosa de que "se alguns estão mais ou menos e outros estão mal, a solução é ficarem todos mal". Um nojo. Quanto ao artigo que citas foi pena fazeres leitura selectiva pois eu li lá outras coisas que provam que quase tudo o que se diz nesta campanha anti-funcionários-publicos é falso: "Portugal está acima da média europeia no que toca à idade efectiva de reforma e fica no meio da tabela no que se refere ao tamanho da administração pública."
"A reforma chega mais tarde em Portugal do que na França, Espanha, Alemanha e a Finlândia. Na Grécia e Suécia, a reforma é ainda mais tarde. O tamanho da administração pública também parece não representar um grande problema, quando comparado com outros países."
"O estudo internacional recomenda maior rapidez na “desburocratização e descentralização”, ao mesmo tempo que elogia a aposta que foi feita no princípio do século no “aumento de mobilidade e eficiência” na administração pública portuguesa. Não aconselha despedimentos nem reformas mais tardias. "
Ou seja, mais uma medida benéfica para o país. Supostamente temos funcionários em excesso... então vamos obrigá-los a ficar mais 5 anos...
Boa, José!
Energia: Benefício da dúvida.Segundo me constou, bastavam as portagens nas Scuts para controlar o déficit...
Obras públicas: É que nem pensar! O Aeroporto ainda dou de barato que num futuro longínquo venha a ser necessário mas o TGV, meu amigo, nós não temos dinheiro pra mandar cantar um cego (segundo sócrates) e vamos fazer do TGV os novos submarinos do Portas?
Justiça: Esteve bem. Já no que toca ás "soluções" ridículas, como a de descriminalizar os cheques independentemente do valor em causa... só para não irem a tribunal(???) enfim... estes gajos vieram do espaço??? Porque não discriminalizar também os furtos? As agressões?...
Saúde: o que dizes está correcto, bem como o fim das benesses dos administradores.
Trabalho: O ponto positivo é que não reconheço a este governo intervenção nesta matéria. Excelente para o patronato, sem dúvida.
Educação: Há ajustes a fazer, evidentemente, mas daí até criticar o direito à greve...
Segurança: Não vejo o que é que isso tem a ver com segurança. Talvez com a defesa, e nesse campo só me lembro dos submarinos.
Turismo: Veremos quantos Ferraris vai o nosso depauperado estado oferecer desta vez...
Tecnologia: O quê? Onde? Como? Quando?... Nada. Muito choque mas não tecnológico.
Tu até podes não ser socialista, mas imitas soberbamente os mais ortodoxos. Criticar não é necessáriamente falar mal, discordar não é (ainda) proibido. As medidas são sempre positivas quando afectam negativamente só os outros, se te batessem à porta outra música tocaria no teu gira-discos...
Pá, João, com todo o respeito e a amizade que estas lides nos permitem, não vale a pena.
Jamais nos entenderemos.
Assunto encerrado.
Um abraço.
Pandora: Se vires o link na Educação verás várias medidas que fazem sentido. Não te vi comentar essas medidas, de facto, vejo os professores só preocupados com os professores, esquecendo-se que o universo da educação é mais vasto. Vais dizer-me que tudo vai bem na educação? Escrevi em tempos sobre este tema quando ouvi alguém lúcido a falar sobre o mesmo, pena que entre o pensar e o executar vá uma grande diferença, é necessária coragem política.
Mas se queres falar dos professores, falemos deles então. Há professores e professores; já leccionei e sei bem do que falo, infelizmente a classe considera-se mal paga e isso justifica o abandono da causa; há muitas excepções, mas hás-de convir que estando tantos professores por colocar é difícil entender como há tantos instalados... segundo sei, com os efectivos então isso é gritante, e os critérios para a efectivação... Podes pensar que ser professor não é um sacerdócio, mas estou certo que hás-de concordar que é uma profissão e não uma colocação. Mais, os professores devem ser educadores uma vez que os seus alunos estão em fase de crescimento e passam mais tempo com eles do que com os Pais. Infelizmente, não é isso que está a acontecer. Os resultados escolares comprovam-no e o respeito que os alunos têm pelos professores também. Podes dizer-me que isto se passa só com alguns, podes mesmo defender que a culpa não é só dos professores... não o negarei, mas que eles têm uma quota parte, têm e não devem demitir-se dela, devem fazer uma introspecção e melhorar. Por alguma razão foi claro que o ensino Privado era melhor do que o Público quando se fez a comparação entre as diferentes escolas secundárias. Fora desse estudo ficaram as escolas internacionais (alemã, francesa e inglesas) para evitar uma calamidade maior.
Agora que esclareci a minha visão sobre os professores em geral, mas sabendo também que os há excepcionais, vou comentar as 2 decisões do Sócrates:
avaliação: hoje é feita por créditos que se obtêm em acções de formação que todos sabem como funcionam... sobre isto, nem me pronuncio. A avaliação deve ser feita pelo desempenho e para isso devem usar-se diversos mecanismos que, segundo sei, estão em análise.
reforma: se a actividade for muito pesada (concordo que uma educadora infantil tem um desgaste maior do que um professor liceal) então, depois dos 52 anos esses profissionais poderão desempenhar outras funções no ensino que não o contacto directo com os alunos. Aliás, noutras profissões, como a engenharia, é natural haver desgaste rápido do conhecimento o que leva a que passados uns anos se opte por outras vertentes de carreira; gestão, comercial, etc.
Se é para isto que os sindicatos fazem greves, é vergonhoso! Se além do mais acrescentarmos as datas escolhidas (não questiono o direito à greve) então é um acto criminoso!
Sabes bem que esta análise não se refere a ti, de quem gosto e respeito, mas peço-te que reflictas nela com serenidade e me digas se tenho ou não razão!
Vizinho:li com atenção a resposta que me deixaste, e agradeço-te esse esforço pois percebi que foi feito a contragosto. Continuo a achar que a tua visão é muito mais apaixonada do que a minha, pois fazes várias profissões de fé sem suporte factual sobre os mesmos. Vejamos:
Finanças: podes dizer-me em que órgão de informação, nacional ou estrangeiro, foi mencionado que Portugal tinha um défice superior a 6%. Aceito como resposta os media partidários, económicos ou artigos de opinião. Não acredito na teoria da cabala, e se Durão Barroso, e bem, criticou Guterres pelo que encontrou em matéria de défice, Sócrates cilindrou Durão e Santana com a evidência dos números. Pensar que Santana Lopes numa altura de crise se propunha aumentar salários e diminuir impostos é, de facto, irónico para não dizer trágico. Fico a aguardar a referência à tal informação pública que dá suporte à tua convicção.
Assembleia da República: podes dizer-me no que ele recuou? Mas afinal foram ou não retirados privilégios aos deputados pela primeira vez? Importas-te de me ajudar pois a minha memória perde-se; qual foi o governo, para além deste, que diminui os privilégios dos deputados? Recorda-me!
Inovação: A ver vamos. Espero que consigam, a bem de Portugal!
Administração Pública: é pena que não comentes a perspectiva dos instalados versus os desempregados; de facto, é impossível comentar. Eu sei que muitos trabalham muito; a lei de Pareto em que 20% fazem o trabalho de 80% também se aplica aqui. Nisso, a AP é igual à privada. A diferença é que eu não pago a “privada” mas contribuo para a AP, e isso dói, lá isso dói.
Quanto ao Artur, que para além de “espertalhão” é particularmente inteligente e sério, ele disse mais coisas do que as que referi, e não, não são manipulações dos números. Disse ainda que há sectores da AP em que as reformas são calculadas no último mês de actividade (conservadores e notários) havendo até uma deslocalização de actos para essas conservatórias e cartórios sempre que os titulares estejam próximos da reforma só para aumentar a actividade e assim o valor da reforma... “no comments”!
Conheces algum serviço da AP que esteja em dia? Só te peço um, “please”!
Dizes tu, pelo artigo que linkei, que há funcionários a mais na AP e que por isso não faz sentido aumentar a idade da reforma. Bem, não creio que a tua análise seja demagógica, mas parece-me que se por um lado defendes a manutenção da situação por outro defendes... a diminuição dos funcionários? De facto, o que está em causa é o colapso da Segurança Social, sabendo-se que hoje contribuem cada vez menos pessoas para o “bolo” que alimenta os reformados. Sabemos ainda que nesse bolo, de facto, é AP que se alimenta mais em média; os números assim o indicam. Basta ler no mesmo artigo que Portugal “ultrapassa a maioria dos seus vizinhos europeus no peso dos salários da função pública.”. Se na análise fosse abordada a qualidade do serviço então o resultado era desastroso. Concluindo; o aumento da reforma tem a ver com o aumento da esperança de vida, com a idade de reforma dos desgraçados que não estão na AP para evitar colapsar algo que pretendemos ter quando nos reformarmos, tu e eu! Agora que a AP tem funcionários a mais, tem, e é por isso que o Sócrates se propôs a reduzir a estrutura. Haja coragem!
Energia: consta muita coisa. Importas-te de me dizer qual seria o valor da facturação das SCUT? E isso contribuía para diminuir que percentagem do défice? Pois, eu também acho que não!
Obras Públicas: até podia concordar contigo; recordo-me de utilizarem os mesmos argumentos com as auto-estradas do Cavaco... ao contrário dos estádios de futebol e se for feito um pricing correcto o TGV poderá ser muito benéfico à economia. Sabes quantos postos-de-trabalho vão produzir? Sabes qual é a incorporação de nacional na construção das infra-estruturas? Sabes qual foi o impacto do TGV nos países que possuem comboios de alta velocidade?
Justiça: penso que percebeste mal; ele não descriminalizou os cheques independentemente do valor em causa! Onde leste isso? O que acontece, é que a Banca ao atribuir cheques, e com isso implicitamente crédito, deve assumir o risco dos seus clientes para valores diminutos. Essa decisão é antiga e não tem nada que ver com este governo. O que se falou foi dos seguros, e aí passava-se o mesmo quando os prémios eram pequenos! Esclarecida a dúvida acho que me darás também aqui razão.
Saúde: estamos de acordo.
Trabalho: deixei-te o link sobre as medidas acordadas entre o governo, patronato e sindicatos. Precisamos urgentemente de flexibilização no trabalho a bem de uma maior competitividade. Basta ver o que se está a passar nos países de leste que aderiram à UE e que têm fábricas a trabalhar com turnos de 24 horas. Um dado curioso da Business Week desta semana, artigo da capa (Detroit East), sobre a produção automóvel anual: Eslováquia - VW (Bratislava, 300.000), PSA (Trnava, 300.000), Renault (Nove Mesto , 200.000), Kia (Zilina, 300.000); Roménia – Renault (Pitesi, 250.000); República Checa - VW (Mlada Boleslav, 500.000), Toyota/PSA (Kolin, 300.000); Hungria – Audi (Gyor, 55.000), Susuki (Esztergom, 150.000); Polónia – Fiat (Bielsko-Biala, 300.000), Opel (Gliwice, 180.000), VW (Poznan, 140.000); Turquia – Renault (Bursa, 240.000), Ford (Eskisehir, 240.000), Toyota (Sakarya-Adapazari, 100.000). E nós, estamos à espera de quê?
Educação: Eu não critiquei o direito à greve mas sim os argumentos em causa e a data escolhida. A resposta completa encontra-se no comentário anterior à minha amiga Pandora.
Segurança: A defesa é uma das componentes da segurança, entre elas a segurança interna. Defesa respeita essencialmente às ameaças externas. Mas mesmo aí há que considerar os serviços de informação, a diplomacia, etc. Se leres o que escrevi verás que as medidas foram importantes.
Turismo: Eu costumo dizer “Deus queira que os meus amigos sejam ricos, assim pode ser que me dêem algum a ganhar!”. De facto, estou muito mais interessado no sucesso do investimento por empresas privadas no turismo do que nas iniciativas do ICEP. O número de postos-de-trabalho que vão originar, as receitas que os turistas aqui vão deixar podem bem alimentar com ferraris os seus promotores que eu aplaudo. Fica a estória: Estaline, quando Olaf Palm quando visitou a Rússia, disse-lhe, “Temos uma sociedade igualitária, aqui não há ricos!”. Ao retribuir a visita, Olaf Palm retorquiu ao Estaline, “Também esta é uma sociedade igualitária, aqui não há pobres!”...
Tecnologia: Vamos ver se vamos ou não ter o cartão único. Que dava jeito, dava! Quanto ao resto fui claro no post.
Percebo que não consigas ver com clareza se algo de injusto te prejudica. Não há sistemas perfeitos e o nosso tem muitos problemas; mas se olhares para o passado ou para o resto da humanidade verás que és um privilegiado. Contudo, isso não justifica que haja arbitrariedades ou incompetência.
A razão é sempre demolidora e quando nos comparamos aos restantes países da UE levamos KO técnico! Haja alguém para empurrar isto para a frente! Não sei se ele será capaz, não sei se tem capacidade ou se o vão deixar, mas cá estaremos para o julgar depois, não antes, não com profissões de fé na desgraça! Sou optimista por natureza, dou sempre o benefício da dúvida, e sim, esforço-me por remar por Portugal!
Quanto a entendermo-nos em política, caro Vizinho, essa preocupação não partilho. Preocupo-me sim com Portugal e nisso, pesem embora as nossas diferenças, entendemo-nos claramente!
tu andas mesmo irritado com isto! eu já me cansei... mas ainda te digo que não me incomoda nada ficar na escola 35 horas semanais se:
1. me derem um local onde possa realizar as minhas tarefas extra aulas.
2. me fornecerem meios tecnológicos adequados a tais tarefas (na minha escola encontrar uma impressora que imprima é uma festa!)
3. me fornecerem internet, dicionários e enciclopédias onde possa fazer as minhas pesquisas.
4. me fornecerem materais como lápis, tesouras, borrachas, papel, canetas, cola... sem ter que meter um requerimento à ministra!
5. me aquecerem ou refrigerarem o local de trabalho (passa-te pela cabeça as condições em que damos aulas??)... (esta é só para comparar o publico com o privado)
Também não me importo de dar aulas extra (já o fiz muitas vezes sem que ninguem me pagasse horas extraordinárias) quando os colegas faltam, desde que possa dar aulas da disciplina para a qual fui e estou preparada. Fazer da disciplina de Estudo Acompanhado, por exemplo, uma espécie de explicação de todas as disciplinas é coisa que não entendo, o tempo dos sábios acabou, e vivemos na era da especialização, acho eu!
O Inglês é outra cena interessante... sabias que vai ser adjudicado a escolas de linguas? Então e os professores de inglês que estão no desemprego ou com horário zero nas escolas? Caberia perguntar quem é o filho da mãe que tem um amigo dono de uma escola de linguas!!
A sério, tu sabes que eu sou professora pq acredito no que faço e gosto do que faço... para mim é missão mesmo, é educação... mas assim não há vocação que aguente!
pandora: tens razão no que dizes, mas nada disso justifica que o que o Sócrates propôs seja desadequado.
Quanto às condições laborais, vai por mim, as vossas serão sempre melhores do que a de muitos em fábricas, escritórios (quantas vezes em aquários sem janelas ou em pisos subterrâneos), com menos férias do que vocês, muito mais carga de trabalho diária (não me falem na preparação das aulas porque isso é matéria para os juniores, com rodagem a coisa é quase automática e o que se ensina nos liceus não evolui tanto assim), ordenados inferiores aos vossos (lojistas a 350 euros, etc.).
Podes dizer-me que tiraste um curso superior e que esperavas mais. Mas eu respondo: "onde estava escrito que todos os que tiram cursos têm trabalho garantido e regalias sociais? Só no Estado, e face às vossas regalias o que apontas são meras minudências num país em crise. Olhem à volta e vejam como outros trabalham, e não é preciso ir aos Países emergentes para se perceber o que é sacrifício.
A quantos quilómetros de casa trabalhas?
Já alguma vez foste despedida?
Já tiveste alguma avaliação que te prejudicasse a carreira?
O teu sistema de saúde já falhou?
Quando estás doente continuas a ganhar?
Percebes, Pandora, que a crítica só resulta porque há tanto para fazer! Se tudo fosse perfeito onde estava o mérito, como se chegaria lá se não houvesse sacrifício?
Não olhem para o Estado como o Papão! E se olharem e não gostarem do que fazem, juntem-se a nós e arrisquem, venham para a "privada"!
Não, eu não estou irritado, estou sim preocupado, e muito!
(Sem mácula, com muitos beijinhos! :)
Prometi que tinha concluido mas há uma, uminha só que não posso deixar passar, apesar de quase todos os teus comentários serem facilmente contestáveis. Só para te elucidar, alguns dos comentarios sobre o déficit e o seu real valor têm por base declarações numa entrevista da ex-ministra Manuela Ferreira Leite que sendo execrável me parece pelo menos séria.
Vamos ao que interessa.
"Dizes tu, pelo artigo que linkei, que há funcionários a mais na AP e que por isso não faz sentido aumentar a idade da reforma."
Não, eu não disse isso. Eu disse que "supostamente". Ou seja, na perspectiva do governo (e tua) haverá excesso de funcionários por isso não faz sentido mantê-los ainda mais tempo, já o contrário seria de aplaudir.
Imagina o empenho e a força de vontade de quem contava reformar-se no próximo ano e que agora sabe que terá que trabalhar mais cinco. E estamos a falar de pessoas com perto de 60 anos, ultrapassadas tecnologicamente e a quem nem sequer faz sentido "reciclar". Estarão cinco anos a morrer no serviço enquanto uma geração de jovens capacitados vê fecharem-se-lhes as portas de um possível emprego.
Aliás, daqui por uns anos esta guerra suja anti-FP's terá como consequência a completa repugnância pelo trabalho no estado, não tenhas dúvidas. Ainda hão-de oferecer regalias muito superiores às que agora existem e mesmo assim não arranjam quem aceite. Escreve o que te digo.
Quando desafias os FP's a largarem o emprego e irem procurar outro no privado eu faço-te exactamente o mesmo desafio, se tiveres 40/50 anos e ainda que sejas competente e trabalhador na tua área, larga o que tens e vai pedir emprego para saberes como está o país. Talvez um contrato de 3 meses a ganhar 400 euros te façam compreender que castigar a AP em vez de combater a fuga ao fisco não é solução para a crise, muito pelo contrário.
Pá... a sério, já me alonguei outra vez. Chega.
Um abraço e... please!
Caro Vizinho, não contava, na verdade, com mais um comentário teu, o que me apraz registar. Contudo, tal como nos anteriores, quando pediste para eu enumerar factos, não conseguiste ser coerente apresentado dados factuais (números, artigos, etc.). Não leves a mal, mas a nossa análise resvala para uma "conversa de café" quando falamos com o coração e não com a razão.
Esclarecendo-te novamente e peço-te que deixes a raiva que tens ao Sócrates por um momento para trás.
Assim; podes elucidar-me (órgão noticioso e data) do tal artigo em que a Drª Manuela Ferreira Leite (que também tenho como séria) revela o verdadeiro valor do défice. É que, segundo me lembro, essa senhora foi substituída só durante 8 meses pelo Bagão Félix (4 dos quais estando o Governo em Gestão), tendo governado durante 2,5 anos e tendo acusado, e bem, o governo do Eng. Guterres de ter tido um défice superior a 3%. O que ela nunca disse, e o défice não iria crescer em 8 meses como cresceu, é que tendo apostado só no controlo cego dos custos e, para além dessa burrada, se ter esquecido dos proveitos (visão de uma contabilista de mangas de alpaca), era certamente das poucas pessoas que podia avaliar a verdadeira dimensão do défice já que era ela que controlava as contas do estado e, acresce, foi ela que camuflou os números com habilidades contabilísticas e receitas extraordinárias. Gostava mesmo de saber se essa senhora revelou ao País antes das eleições o verdadeiro valor do défice. Repito; órgão de informação e data! Percebes agora porque é que eu digo que a nossa análise se estava a tornar numa conversa de café?
Quanto à Administração Pública. Eu, ao invés do que proclamas, entendo que a idade da reforma está errada. A esperança de vida aumentou e eu, pessoalmente, quero trabalhar enquanto puder. Como te expliquei, há 2 dimensões do problema; infelizmente não quiseste entender (falo de números novamente; sou analítico).
1. A Segurança Social está a colapsar e se essas pessoas se reformassem agora seríamos nós a pagar a factura; i.e. arriscávamo-nos a não ter reforma. Em tudo tem de haver bom-senso e justiça; acho que os números falam por si (deixei-os nos links dos comentários anteriores)!
2. Quanto à assunção de risco deixa-me dizer-te que aí não me dás lições. Há 2 anos abandonei o certo pelo incerto; troquei um ordenado excepcional por um vencimento que só dependia de mim. Embora a minha formação seja na área das tecnologias de informação e tenha efectuado um mestrado na mesma área, foi depois de fazer um MBA na Católica que percebi que não deveria fazer engenharia de carreira mas sim a criação de valor. Cativei 3 sócios e montámos uma consultora em 2003. Hoje somos cerca de 40 pessoas. Acresce que em 2004 arrancámos com uma agência de publicidade e no início de 2005 com outra consultora noutra área de conhecimento. Pagamos muito acima do mercado porque apostamos numa relação duradoura com os nossos colaboradores. Não, eu não aceito lições de ninguém quanto ao risco ou à criação de valor em Portugal. Mais, sempre apostei em promover as empresas portuguesas e os trabalhadores portugueses onde quer que tenha trabalhado. Eu tenho uma história de sucesso para contar, é verdade, mas também tenho tido muita sorte. O que me chateia, mesmo, é ver toda a gente a chorar e poucos a reagirem. Precisávamos novamente de retornados para sabermos o que eram dificuldades e sacrifício. Este País não se enxerga!
Caro Vizinho, de facto nós não nos vamos entender; eu só consigo analisar em função de factos e números friamente. Não sou ortodoxo; reconheço imensos defeitos no Sócrates e socialistas, agora não vejo Papões onde não os há! Faça-se Portugal! Depois da tempestade há sempre bonança!
P.S. Não podia deixar em branco o teu comentário; sem ofensa e com respeito que outro bloguista me merece. Acredito que estejas a passar um mau bocado e, assim sendo, desejo-te a maior sorte do mundo. Abraço!
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