terça-feira, julho 12, 2005

Acorrentados

Zé: Então, como vai o trabalho?
Tó: Lá vai, lá vai...
Zé: Jogamos na sexta?
Tó: Não, faço greve! Aproveito e vou à terra! Com as festas e tudo... e tu? Como vai o emprego?
Zé: Trabalho!... o que já não é mau. O meu filho é que não...
Tó: Ainda não? Porque não recorres ao partido, com os teus contactos...
Zé: Partido? Partido ando eu para manter a família unida! Tenho pena do miúdo, esfalfou-se a estudar e agora anda um farrapo, já nem ri, uma lástima.
Tó: A minha miúda lá está a trabalhar na repartição... uma merda, mas foi o que arranjei!
Zé: Sempre acabou o curso?
Tó: Tinha lá ela tempo para isso! Só quer é namorar... e de manhã para a tirar da cama... vai lá, vai!
Zé: Bem, vou pegar o segundo turno...
Tó: Porra, isso é que é ganância!
Zé: Ganância? Pensas que a vida é fácil, mas a vida não é fácil nem as férias caem do Céu!
Tó: Olha-me este, eu só gozo as férias que me dão!
Zé: A mim não mas dão, tenho de ganhá-las...
Tó: Queres ver que eu não trabalho, que ando à mama?!
Zé: Avaliam-te? Os meus avaliam, porra, e este ano voltei a não ser aumentado!
Tó: Vai lá pegar no segundo turno, já são 5 horas e eu tenho de ir com a mulher às compras, derrete-me o dinheirinho todo que me custa a ganhar!
Zé: Se o dizes...


Todos se lamentam, todos exigem, mas se estão todos mal porque não mudam de emprego...

Não quero ser panfletário, mas resolver os problemas não produzindo é como estar doente e recusar a medicação!


Nota: A Função Pública não é um cancro, é uma pessoa de bem que está enferma; i.e. tem um cancro. Não será com mezinhas ou com carícias que se encontrará a cura, é preciso reagir antes que a doença tome a parte pelo todo!

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