Uma das maiores contradições é acreditar-se no choque tecnológico e, simultaneamente, na redução do desemprego. Estas duas realidades são por definição antagónicas. Só aumentando a procura de bens e serviços é que seria possível não ter quebras nos recursos humanos. Mas a economia não cresce à mesma escala das optimizações organizacionais que a tecnologia oferece. Assim, sendo desejável uma maior eficiência (relação entre os recursos que deveriam ser consumidos e os recursos realmente consumidos) e eficácia (relação entre os resultados obtidos e os resultados desejados ou previstos) das organizações, a opção pelos meios produtivos tecnológicos coloca-se como incontornável. Falo, naturalmente na sociedade do conhecimento, numa progressiva adequação da indústria e serviços a tecnologias que permitam tirar partido da informação para criar uma oferta inovadora, com um elevado valor percepcionado pelo cliente. Temos de nos preparar não para sermos produtivos, onde perderíamos para mercados de maior escala, mas sim para sermos competitivos.
Mas se os accionistas das empresas são quem melhor pode zelar pelos interesses dos seus stakeholders (clientes, empregados, fornecedores, ...), estando tecnicamente preocupados com a produtividade (relação entre os resultados obtidos e os recursos consumidos) e assim não contrários a políticas de downsizing, terá de ser o Estado a zelar por quem sofrer do choque tecnológico; sim, porque o desemprego terá de aumentar.
No mundo ocidental o desenvolvimento e o desemprego andam par a par, o que não faz do modelo a solução ideal, mas é ainda assim a melhor; cabe ao Estado apoiar estes recursos que têm à partida as mesmas ambições sociais que os restantes. Isso passa por uma maior consciência ética das empresas (cumprimento das obrigações fiscais, etc.) e da adequada resposta do Estado (subsídios realistas, legislação que privilegie a criação de postos-de-trabalho, etc.). No caso português deverá ser o Estado o maior indutor de desemprego (criação do e-government, serviços partilhados, centrais de compras e maior spin-off e outsorcing para organizações que façam melhor, i.e. com maiores níveis de serviço - SLA), e para não comprometer políticas estruturais e projectos em curso deverá fazer uma transição tranquila (sem cortes e reduções disparatadas; precisamos de uma visão economicista, de valor, e não contabilística, meramente financeira).
O grande problema é que não há nenhum modelo económico que resolva sabiamente esta questão; não se trata de ideologia, mas sim de sabedoria! Difícil não é seguir o vento, desafio é bolinar! E para isso são precisas 3 coisas; visão estratégica, coragem e capital. As duas primeiras não se compram. Haja homem, haja vontade!
Eles "andem" aí!
Pleno emprego nem em ficção!
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