O dia nem despontava. Ao fundo da cama um pé denunciava quem lá dormia. Perfeito; o equilíbrio da forma, os dedos bem emparelhados, as unhas viçosas e alvas. Era jovem, uma pele sedosa nunca engana. O lençol cobria o resto. A perna bem torneada rompia do pé para terminar nas ancas que repousavam de lado, como que a provar que a elevação do manto escondia o maior segredo, o desejo final. A partir daí o torso surgia desnudo. Os braços, caídos, cobriam os seios que se adivinhava serem bem desenhados. A cara, essa, escondia-se sob a farta cabeleira negra. Nem um som, nem um movimento. Saí de mansinho; nunca se acorda a noite!
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