terça-feira, dezembro 21, 2004

Memórias de um nariz

Fecho os olhos e deixo-me levar pelo aroma. Este é de infância e a ele facilmente me rendo. A casa da minha avó estava cheia dele e só isso garantia que haveria festa farta, presentes para todos e família em tertúlia. Se há rei no Natal esse é o bolo! Colorido, brilhante, pegajoso, faz com que o olhar se perca na magia do momento.

O palato e o Natal estão indissociavelmente ligados. E que reine a abundância, pois não faltarão os elogios ao bacalhau, peru, cabrito, leitão, roupa velha e demais iguarias. Se no prato o País varia, nos doces somos muito iguais. Filhoses, belhoses, rabanadas, sonhos, trouxa-de-ovos, queijos, tudo isso e muito mais. E que corra o vinho. Bem guardado, é nestes momentos que se partilham iguarias.
E se há dia de exageros esse é o de Natal. Celebramos a família e a barriga. E se na véspera tudo é permitido, é no rescaldo da refeição que cedemos à digestão. A modorra que se apodera de nós só é vencida pelo frenesim das crianças, que a noite é delas e disso ninguém duvide.

Depois das prendas fazem-se ainda visitas aos doces e queijos. As conversas vão ficando mais íntimas e a família também. É este o espírito da minha noite de Natal.



Prendas: A Gotinha deu-me a conhecer este blogue, e daí a este foi um instante, e assim sucessivamente.

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