quarta-feira, março 31, 2004

Reflexão

Li algures, eventualmente num blog, uma máxima que me anda a acompanhar nos últimos dias, "prefiro que me odeiem pelo que sou, do que me amem pelo que não sou"!
E eu que sou tão extraordinário ...

segunda-feira, março 29, 2004

Miséria

Saiu-me em sorte ver-te
assim prostrado em dor,
sem doença ou torpor
que me acalentasse a razão;
Foi o simples conhecer-te
em teus olhos perdidos,
sem mãos que implorassem
ajuda, carinho ou pão.

Saiu-me em sorte ver-te
indiferente e sem destino,
a ti que te achava seguro
em movimentos de felino;
Na sombra da vergonha,
que me chegou arqueada,
veio o fardo e a peçonha:
emprego, família, nada!

Saiu-me em sorte ver-te
grande e pequeno,
cheio e vazio,
e saber, sem o sentir,
que a vida é ténue, um fio.



In memorium: 1 milhão de pobres em Portugal!
Pobre será também o poema, mas a vontade era muita!

quarta-feira, março 24, 2004

Pela boca morre o ... cherne!

Imaginavam-se anos de reestruturação da administração pública, saneamento do défice, redução de impostos, melhoria da educação, maior cobertura e prontidão da saúde, legislação mais flexível, maior segurança, justiça mais pronta; enfim, promessas ... leva-as o vento!
O pior, acreditem, o pior, não é demais frisar, é não haver alternativa!
Aceitam-se esmolas ... António Borges, António Vitorino, e outros Antónios que não o Guterres ou o Salazar! Somos o País dos Toinos ...

segunda-feira, março 22, 2004

ZAPATADA (2)

Afinal o acordo era só para a Catalunha! Zapatero continua lúcido e renega qualquer tentativa de diálogo com a organização terrorista. Faço-lhe aqui mea culpa!
O que os catalães estão a fazer, e não esqueçamos que eles são o motor de Espanha, é dizer "alto e bom som" que apoiam a ETA mas não se comprometem ... ou, dito de outra forma, "combateremos os castelhanos até ao último etarra!"

domingo, março 21, 2004

ZAPATADA

A abertura do governo espanhol ao diálogo com a ETA terá proporções bíblicas. Um estadista pacifista ao confundir um ideal com a realidade cria precedentes com custos sociais imprevisíveis. A política está cheia de ingénuos.

Servem para comparação os regimes comunistas da ex-União Soviética e da China. Ambos careciam de mudança, mas o ímpeto de uns face à prudência de outros fez a diferença.

O regresso da Rússia trouxe ao mundo a monopolização do poder, e as maiorias, mesmo em democracia, não carecem de sufrágio. A tentação para impor um modelo é grande, ficando ameaçada a diversidade cultural. Expõem-se ainda as fragilidades de nações multiraciais, onde as divisões são saldadas em sangue; a ex-Jugoslávia foi disso expoente.
Com a globalização, o acesso à informação cria sensibilidades colectivas a que dificilmente um estadista ficará alheio, a maioria das vezes por oportunidade política. Disso tiram partido os agiotas, na figura de terroristas ou noutra qualquer. Corrupção, extorsão e outras formas de crime são hoje o dia-a-dia de uma Rússia à procura de um futuro.

A China está a criar uma economia de mercado. Se Tianamen foi brutal, a abertura à democracia de forma imediata e sem concessões poderia ter sido fatal. Caminham, assim, de injustiça em injustiça para a democracia. Não será o melhor modelo, no entanto, por comparação, não é certamente o pior. Os ocidentais não têm a paciência dos chineses.

Por fim, o mais importante para nós: somos por proximidade incontornáveis na solução, e numa Península diferente seremos maiores, basta servirmos de catalisador dos interesses comuns. Se perdemos a dimensão de um império podemos agora tomar a dimensão de uma Ibéria. Portugal poderá vir a ganhar com a divisão!


Referi num post anterior que Portugal precisa neste momento de uma Espanha forte. Continuo a pensá-lo, essencialmente agora que haverá alargamento da UE. A divisão, essa, trará frutos mais tarde. Que se faça de forma moderada, a bem do mundo!

sábado, março 20, 2004

Líbido

Informam-se os ocasionais que por aqui passam à procura da Carla Matadinho que só por acidente encontrarão aqui o que procuram. Gabo-vos o gosto, e só!


Cold shower ...

sexta-feira, março 19, 2004

Compromisso Portugal (3)

“O Estado não pode beneficiar qualquer empresa em concursos públicos internacionais, disse hoje fonte oficial do Ministério da Economia” (in Público).


*** EM EDIÇÃO ***

Compromisso Portugal: (1), (2)

quinta-feira, março 18, 2004

No sense

Anda tudo paranóico! Terroristas, corruptos, beatos; enfim, tudo!
Eu, pelo sim e pelo não, dou a toalha e o champô ao miúdo e digo-lhe “Vá! Vai lá tomar banho! Cuidado com o champô que pica nos olhos”. A casa de banho fica uma lástima, mas ninguém me chama pedófilo!

Yummy yummy

John Cleese: Why did you close the door?
Eu: What?
John Cleese: The marshmallows! I love marshmallows!
Eu: What’re you talking about?! Is it all about the previous post?
John Cleese: Is there anything previous? Show me! Show me!



E tudo o vento levou

Anna: Scusati, ferma la porta!
Eu: Perché la bellezza selvaggia è così .... croccante?
Anna: Bastardo! Porca miseria! Ferma-la! Subito!
Pensare della Anna “Uomini ...”


Questa immagine deve essere vista con questo suono!

quarta-feira, março 17, 2004

Violência gratuita

Em tempos conturbados é fundamental não nos desviarmos do essencial!

Eu: Guarda ... una bomba!
Anna Falchi: Una bomba? Dove? Ah! Io! Grazi! Molto gentile! Ance tu sei bello!
Eu: Esagerata, bela donna!
Anna Falchi: Un bacio carino!
Blogger Team: The subsequent text has been hidden due to explicit violent sex inferences.



A insustentável leveza do belo!

terça-feira, março 16, 2004

BOOOMMMM!

Nada como uma ameaça para separar o que a blogoesfera uniu!
O frenesim de opiniões, cabalas, previsões, receios, crenças e ódios está ao rubro!
E se Portugal perder o Euro, quem será o culpado?

Façam força com ritmo!

Paranóia: Ouvem-se mais sirenes em Lisboa do que era normal!

Lobo tu mia!

"Carvalhas responsabiliza Durão Barroso por eventuais atentados" anuncia em caixa o Público. Sabem, ou devem ter percebido, que não me identifico com o Durão (com o homem; o partido é-me indiferente, como os demais, aliás!), mas ler uma afirmação destas leva-me a proferir uma do mesmo calibre "Antes a Casa-Pia!".
Basta um pouco de pressão para estalar o verniz ... et voilà!

Há mentes que ainda habitam o outro lado do muro ...

segunda-feira, março 15, 2004

En garde!

Quando uma Mulher se exaspera o melhor que podemos fazer é ouvi-la! Quando o discurso é fluente e carregado de razão, mesmo que não sejamos o alvo, devemos corar por cortesia. A exaltação prende-se com as consequências da política desbragada de Bush. No entanto, gostava de acrescentar algo à reflexão que deixei nos comentários desse post.

Disse: “Bush e estica" tem sido a prática de um texano saloio que analisa a humanidade como quem conta cabeças de gado! Contudo, nem tudo é logro, nem tudo é claro! Que alguém teria de parar com a prepotência de um ditador que chacinava os seus, penso que estamos todos de acordo. A forma, essa sim, foi a pior. Contudo, o direito à diferença não justifica que os direitos humanos tenham mandamentos diferentes em função da crença. Não acredito que o “chador” faça mais feliz a mulher árabe, não acredito que a lei de Talião seja a mais justa, não acredito que um Estado se deva confundir com a religião! A nossa indiferença aos Sadams abre oportunidades aos Bushs de agora e aos de amanhã!

Acrescento: A dicotomia entre o bem e o mal esteve sempre presente no espírito da guerra-fria. Caído o muro, vivemos hoje a polarização de uma verdade. Agora, tudo se centra em estarmos com eles (americanos) ou contra eles. Esta visão, redutora a meu ver, leva-nos a esquecer outras ameaças. Que há uma guerra ao Ocidente ninguém tem dúvidas. Que ela resulta da estratégia de Bush, meus amigos, faz-me ficar perplexo. Uma pinha incendeia mas não dá lume! O “chador”, a lei de Talião e tantas outras violências foram conquistas de um modo de vida que não é compatível com a democracia. Tem milénios e urge alterar; não pela religião, não pelos costumes, mas pela dignidade das crianças que nascem iguais às do Ocidente; pensam, sentem, amam e sofrem!

A areia do deserto presta-se a estas coisas ...

Nota: Nada tenho contra o "chador"; utilizei esta imagem só para caricaturar a dignidade oferecida à mulher árabe.

Emotion Equity (3)

Embora popular, a primeira decisão de Zapatero antevê um mandato por impulso.
Primeiro; fica no ar a sensação de que o crime compensa; i.e. cria uma relação directa entre o atentado e o regresso das tropas.
Segundo; mesmo sabendo que muito do seu ascendente advém da oportunidade, tira dela partido imediato, tal como uma criança ávida por doces. Era uma promessa eleitoral, de facto, mas o referencial mudou e o momento clama por prudência.
Terceiro; os homens de estado ficam na história por opções difíceis e não por populismos; se ele cedeu agora perguntar-se-á até onde poderá ceder; um líder fraco é um petisco para as forças sociais. De cedência em cedência constrói-se a ruína.
Quarto; Portugal precisa de uma Espanha forte. Os dois são uma frente comum contra uma Europa demasiado "francofonizada". Felizmente tudo não passa de uma linha "(i)maginot"!

Quem faz "zapatos" não os descalça!

Consegui bater, em dois posts consecutivos, na esquerda e na direita! Agora sim, estou confortável!

Emotion equity (2)

Há uma semana ninguém imaginava a derrocada de hoje. Não é normal perder quando se tem uma imagem de sucesso. De facto, a Espanha tem tido um crescimento ímpar no seio da UE. Contudo, este crescimento tem sido feito à custa de uma eficiência cega, com uma taxa de desemprego assustadora se a compararmos com a nossa. A vergonha da exclusão e a raiva contra a violência ditaram o fim de uma era.

Este seria um problema só dos espanhóis. No entanto, Durão não resistiu e cedeu à tentação. Esqueceu-se que entre irmãos não deve haver preferências porque, se as houver, criam-se problemas na partilha. E agora sr. ministro? Não há Prestige que lhe valha nem Casa Pia que lhe acuda.

De Azneira em Azneira ...

Chirac tem o mesmo problema, e ainda bem!

Ideário

É mais fácil mudar uma fralda do que recordar o nome de um ministro; se há 30 anos esta afirmação pecava pelo exagero, hoje confrange pela banalidade. O despego pela política, e em particular pelos ideais, tem garantido a harmonia do cinzento, onde o dia-a-dia é de tal forma simplificado pela tecnologia que pensar para além da fruição do indivíduo é esforço vão.

Seitas religiosas e organizações políticas subversivas há muito que exploram este filão. A falta de um ideal e a inadaptação ao habitat fazem do frágil a matéria-prima por excelência. O conforto de uma nova família e a ilusão de um interesse genuíno são garantia bastante para se criar uma lealdade cega. Por fim, basta apagar as referências ao passado e a disponibilidade do indivíduo é total, dando significado ao fanatismo nos momentos de confronto.

Os terroristas são na sua maioria casos clínicos; os seus líderes, esses, são manipuladores de eleição. O modelo das células é o potenciar desta condição, i.e. as células podem multiplicar-se na proporção dos líderes produzidos. Decapitar o terrorismo obriga, assim, à eliminação das chefias de cada célula. Adivinha-se o trabalho árduo para não dizer impraticável. A sociedade civil assume aqui o complemento do sistema de defesa, como radar e alarme de suspeita. Já não nos bastava a ameaça, temos agora também de ser polícias. Se me olharem de soslaio vou sorrir pois sei que a missão é nobre ...

A minha verdade é a única verdade!

Para muitos o "Ocidente" é sinónimo de pecado! A guerra está aí ...

quinta-feira, março 11, 2004

Indignação

HOJE SOU ESPANHOL!

Aviões (EUA), comboios (Espanha) e autocarros (Israel) parecem fazer as delícias dos terroristas. A coberto do anonimato ceifam-se vidas humanas sem rosto para fazer sentir que poderíamos ter sido nós os contemplados. A lógica do terror ganha significado quando não há exército a abater. De seguida, sob a coragem da camuflagem, os algozes passeiam-se entre as vítimas para avaliar os estragos. Nada como uma boa causa para serem donos da verdade!

De loucura em loucura!

Já esteve mais longe ...

quarta-feira, março 10, 2004

Emotion equity

Caminha-se para um ponto-de-fuga e tudo diminui por erro de perspectiva. Há que tirar partido da nossa periferia; onde os outros nos fazem pequenos nós seremos grandes. Devemos, assim, aproveitar o efeito surpresa pois este tem sempre reflexo emocional; está tudo na atitude! Numa Europa a crescer o capital emocional da nação fará a diferença.

Tabu Ada

É fundamental que Cavaco Silva concorra às presidenciais; evita-se desta forma o Santana. Se ambos tiveram sucesso na Figueira da Foz, só um triunfou em Lisboa! Se um é um homem de estado, o outro é um estado do homem. Assim, de minudência em minudência, e porque é nos detalhes que se releva a diferença, apelo ao voto no John Kerry ...


Utopia: imaginem alguém com a irreverência do BE, a humanidade do PS, a racionalidade do PSD, a dedicação do PCP e a juventude do PP. Será que Nelson Mandela, por estar casado com uma moçambicana, seria presidenciável? Falta-lhe a juventude mas sobra-lhe o resto!

Much ado about nothing!

De empate em empate até à vitória final!

Se um é Sir o outro é Rei ...

domingo, março 07, 2004

Crueldade

As crianças têm a invulgar capacidade de nos fazer sorrir, mesmo com uma maldade.
Ouvi de forma continuada “défffff” e, perante o espanto, “tecla 3, tecla 3”. Olhei o telemóvel e lá estava a explicação criativa e cruel. Afinal, o riso fácil está na desgraça alheia.

Alucinações e outras miragens

Sinto o copo a escorregar-me lentamente da mão. Não ofereço resistência; a percepção do acto iria perder-se no sono que me conquistava. O álcool povoou-me as veias e o sonho veio em espiral.
As imagens sobrepõem-se umas às outras numa cadência publicitária sem mensagem ou alvo. As cores fortes dão agora lugar a arrepios azuis. O copo caíra no meu colo e rolara sobre a perna para o chão. O pouco whisky que restara marcou em ziguezague as minhas calças. O azul abriu-se em leque numa explosão de cores com o estilhaçar do copo na perna da mesa. Do eco fiz a música que marcava distintamente uma conversa entre dois estranhos.
Estava agora mais próximo; sim, era alguém familiar e profundamente sentido. Olhei-a de frente e reconheci-lhe os trejeitos, não mudara. Estendi-lhe as mãos para a abraçar e agarrei o vazio. Os sentidos libertaram-se para dar lugar ao descanso imperturbável. Longe de mim acreditar que por detrás do paraíso há uma vida real.

Num mundo de sonhos só há heróis.

terça-feira, março 02, 2004

MEA CULPA

O ritmo feérico da minha vida tem prejudicado a cadência aceitável deste blogue.
Faço o que posso ...

Feérico? Ha! Ha! Ha!