segunda-feira, março 15, 2004

Ideário

É mais fácil mudar uma fralda do que recordar o nome de um ministro; se há 30 anos esta afirmação pecava pelo exagero, hoje confrange pela banalidade. O despego pela política, e em particular pelos ideais, tem garantido a harmonia do cinzento, onde o dia-a-dia é de tal forma simplificado pela tecnologia que pensar para além da fruição do indivíduo é esforço vão.

Seitas religiosas e organizações políticas subversivas há muito que exploram este filão. A falta de um ideal e a inadaptação ao habitat fazem do frágil a matéria-prima por excelência. O conforto de uma nova família e a ilusão de um interesse genuíno são garantia bastante para se criar uma lealdade cega. Por fim, basta apagar as referências ao passado e a disponibilidade do indivíduo é total, dando significado ao fanatismo nos momentos de confronto.

Os terroristas são na sua maioria casos clínicos; os seus líderes, esses, são manipuladores de eleição. O modelo das células é o potenciar desta condição, i.e. as células podem multiplicar-se na proporção dos líderes produzidos. Decapitar o terrorismo obriga, assim, à eliminação das chefias de cada célula. Adivinha-se o trabalho árduo para não dizer impraticável. A sociedade civil assume aqui o complemento do sistema de defesa, como radar e alarme de suspeita. Já não nos bastava a ameaça, temos agora também de ser polícias. Se me olharem de soslaio vou sorrir pois sei que a missão é nobre ...

A minha verdade é a única verdade!

Para muitos o "Ocidente" é sinónimo de pecado! A guerra está aí ...

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