sexta-feira, novembro 07, 2008

Luxos, uma novela asiática

Era uma vez um Silva que comprou um Cadilhe para fazer uma viagem num país onde queria confirmar o ambiente Constâncio. Na viagem cruzou-se com Jardins, Gonçalves e Albertos, flores raras e de cheiro intenso. Impossível parar, portanto! Depressa percebeu que o carro consumia demais e ao meter gasolina disse-lhe o moço; ”bela máquina, aposto que tem o leasing e o seguro em dia! Se a vender vai ver que se reforma!”; o esforçado gasolineiro tinha traços que lembravam um antigo presidente da câmara, mas qual? Depósito cheio, fez-se o pagamento com um cartão da CGD que apresenta agora por baixo do dístico da Visa os seguintes logos: BPN, BPP e tantos outros só legíveis por olhos jovens e munidos de boa lupa. Arrancou devagar na poupança exigida e bastaram-lhe umas centenas de metros para ser obrigado a parar. Não cometera infracção alguma, mas a mulher pedira-lhe para ir a um atelier de um jovem artista. Teixeira Pinto nunca foi homem de muitas palavras, essas deixava-as sempre para a mulher. A vida de hospedeira permitia-lhe maior desenvoltura. Silva, depois de ver a obra chegou a pensar sugerir-lhe o regresso à banca, mas como o faria se os caixas têm de ter menos de 30 anos e o homem não tem habilitações para mais. O telefonema foi providencial. Beleza tinha acabado de dar mais um prémio. Agora é curadora de boa fortuna, embora ninguém saiba bem onde está a fundação, qual o saldo da conta e que estratégia tem para os desejos do Champalimaud. “Maria, temos de ir indo pois a Leonor está atrapalhada! Querem que ela promova a diálise, vá-se lá saber porquê?”. Agora o arranque foi mais decidido; teria ainda de parar para falar com a Manuela, mas ninguém sabia onde estava! Mais uns dias desaparecida e lanço o alerta à protecção civil, pensou. A Maria é que não se incomodava nada com a situação, estava entretida com o cubo de rubik criado pelo Teixeira Pinto: 4 peças, 2 cores e, segundo ela, aparentemente impossível de resolver. Nisto alguém se atira para a frente do carro! O embate foi inevitável, a travagem durou mais de 20 metros. Um louco, só pode ser um louco, pensou a Maria.
(to be continued)


4 comentários:

mfc disse...

Onde é que eu já ouvi isto!

Anónimo disse...

Olá, João!
Excelente texto, com alguns traços de alguma ironia.
Um grande abraço!

Andreia disse...

Uma boa semana para ti!

João Mãos de Tesoura disse...

mfc: numa televisão perto de ti? :)

a.j.faria: não há maneira de eu mudar... falo da ironia, claro! :)
Abraço

andreia bem preciso! :)
Beijos