"Eu escravo do trabalho liberto-me com o Amor!" Nada mais, nada menos, uma folha branca amarrotada em cima da minha secretária, num canto o batom ainda quente de alguém que não se fez esperar. Sento-me e sorrio, no recorte do candeeiro pequeno que me alumia o escritório pude reler mais uma vez a provocação. Verdade, pensei, trabalho demais... mas, quem será? Levanto-me e vou ao corredor que se perdia na luz que logo ali terminava. Não resisti, o perfume fez-me avançar para o desconhecido.
Um jogo, um desafio, um logro, uma piada, estaria disposto ao preço anunciado.
Avancei sem receio com um sorriso meio parvo numa cara marcada pela rotina e algumas provações. Um gesto, sim, sem dúvida, seria um gesto, fugidio, mas um gesto que se perdera no virar do corredor. Acelerei na esperança de não perder o encontro. Agora o peso das minhas passadas faziam-se notar naquele soalho gasto por tantos trabalhos, tempos e contratempos. Contornei o corredor. Um lenço... hahahahaha! Não resisti, soltei uma gargalhada farta, cheia, como um miúdo surpreso com o novo brinquedo. Num movimento lento, numa rotação perfeita, dobro-me para o agarrar. Encosto-o à minha face e retorno à vertical sem o tirar da cara. Inebriado, completamente, com todos os sentidos a despertarem. O que era curiosidade agora era desejo, sim, aventura. Abri a porta que assoma à rua e avistei um carro que acendia os faróis. Arrancou de mansinho e, sem pressas, deu a volta para passar perto de mim. Os vidros embaciados por alguém que fizera espera não denunciavam o condutor. Cabelos longos, sim, soltos na aragem que o ar-condicionado proporciona. Acompanhei-a em passos largos à medida que o carro se afastava. Distinguia agora distintamente um desenho numa das janelas, algo onde um dedo atrevido resolveu provocar. Ao meio um oito deitado, sinal de infinito, rodeado das impressões das suas mãos, como se o quisesse segurar... parei, olhei para a chave do escritório e lancei-a o mais longe que consegui! Haveria de conhecê-la, o infinito é uma eternidade.
Acompanhar o texto com esta música!
Não são permitidos animais: chatos, pessimistas, arrogantes, acéfalos ou outro tipo de parasitas...
quarta-feira, setembro 24, 2008
segunda-feira, setembro 22, 2008
Surpresa
Há muito que não dormia assim. Hibernara, nada que me fizesse mal, mas a estonteante dor de cabeça não passava. Sim, que isto de dormir demais traz mais mazelas do que sorrisos. Enfim, acordei, dizia. Primeiro foram os pés, esses ficam sempre de fora. De fora do lençol, do colchão, das boxers... de fora de mim! Preciso olhá-los para ver até onde vou. Imenso, sou imenso, e no entanto eles estavam mesmo ali, frios, enregelados, à espera de caminho que os aqueça! Que se lixe, pensei, eu ainda não acordei, e retornei ao sonho que não estava a ter mas que desejava. Mar, barco, um colchão de napa branco sobre o convés, e entre mim e o sol só o ar quente e húmido da Tailândia. Tá tá rá tá tá! Entreabri um olho e disparei, "querem ver que a guerra me veio recrutar?". O despertador tocou com todos os pulmões que um relógio de pulso almeja. Desisto, pensei, antes um duche frio. Levantei-me e num passo mecânico dirigi-me para a casa de banho. As primeiras gotas não fizeram mossa, nem as senti. Claro, ainda não tinha aberto a torneira, mas sonhava com banho! Num raro momento de clarividência optei pelo "inharro", ficaria porco. Regressei ao quarto, vesti o traje da véspera com algum nojo e muita pressa e fiz-me à rua. Os pés, esses, agradeceram. Depois foi caminhar contra a luz da manhã, penoso, sem óculos, no lusco-fusco que os meus olhos semi-serrados me ofereciam. Entrei no café e sentei-me. No meu melhor português - sim, porque de manhã torno-me disléxico - disparo: uma bica curta e um pastel de nata. O empregado, embasbacado, retorquiu: sorry sir? Are you feeling well? Porra, estava há um dia em Londres e nem me lembrava!
Num desafio da minha amiga Cáu, escrevi este post de rompante.
Devia escrever sobre a surpresa... era lá eu capaz de recusar! :)
Acompanhar a Surpresa com outra, um remix de uma música com 24 anos!
Num desafio da minha amiga Cáu, escrevi este post de rompante.
Devia escrever sobre a surpresa... era lá eu capaz de recusar! :)
Acompanhar a Surpresa com outra, um remix de uma música com 24 anos!
domingo, setembro 21, 2008
sexta-feira, setembro 19, 2008
Ser Veja
Ele: hoje tive de enviar dezenas de emails!
Ela: mas porque demoraste tanto?!
Ele: a minha secretária demora muito tempo a colar os selos...
Se faltar a saliva, beber uma Guinness...
Ela: mas porque demoraste tanto?!
Ele: a minha secretária demora muito tempo a colar os selos...
Se faltar a saliva, beber uma Guinness...
segunda-feira, setembro 15, 2008
Mad ON(nã...)
Caro demais, curto demais, longe demais, vip demais, mau demais! Som de menos, entusiasmo de menos, bebidas de menos, revivalismo de menos, encore de menos, demasiado de menos!
Concertos para mais de 20 mil pessoas deviam ter vários tipos de bilhetes; os mais baratos ficavam-se pelo DVD e a mim bastava-me um...
Páro a imagem e vou buscar um gin tónico...
Concertos para mais de 20 mil pessoas deviam ter vários tipos de bilhetes; os mais baratos ficavam-se pelo DVD e a mim bastava-me um...
Páro a imagem e vou buscar um gin tónico...
segunda-feira, setembro 08, 2008
Tubo de ensaio
Vou ser breve, brevemente, com a brevidade que a circunstância circunstanciou. Fiz uma observação, observada, e observadamente observei algo fugaz, fugidio, de fugida. Quis fazer uma lei, leiloada, em leilões de regras e pressupostos, supostamente, de supostos factos. Fiz análises, "analisadamente", e nada resultou para além do resultado incerto, certamente, que queria certo e seguro. Peguei no coração, corei, coradamente e deitei-o fora. Afinal não era o meu, seu, em mim!
Na rádio passava uma música quase em surdina...
Olha esta... a fazer-se ao tubo de ensaio!
P.S. É desta que sou banido da blogoesfera... e agora vou viver de quê?
Na rádio passava uma música quase em surdina...
Olha esta... a fazer-se ao tubo de ensaio!
P.S. É desta que sou banido da blogoesfera... e agora vou viver de quê?
terça-feira, setembro 02, 2008
Mensagens do além
Sonhadora, aluada?
Ah! nem a imagino
a escrever assim de assentada;
tece no avesso do dito
o discurso de amada,
e se da corda fez arame,
da ferida faz loucura;
chama-lhe mito, procura,
curiosidade madura,
como se no ritmo da verdade
fosse sentir... saudade!
Ah! nem a imagino
a escrever, seria maçada...
Ah! nem a imagino
a escrever assim de assentada;
tece no avesso do dito
o discurso de amada,
e se da corda fez arame,
da ferida faz loucura;
chama-lhe mito, procura,
curiosidade madura,
como se no ritmo da verdade
fosse sentir... saudade!
Ah! nem a imagino
a escrever, seria maçada...
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