sexta-feira, agosto 26, 2005

Lições e ilações

Primeiro foram dias, depois semanas, o tempo passava e falavam cada vez menos. Viviam em cidades distantes, não muito, nada que justificasse este abandono, este silêncio. Gostavam muito um do outro e tudo parecia perfeito até à ida de Luís para Paris onde iria frequentar o MBA no INSEAD. Seria impossível continuar, pensaram, e deixaram de se ver.
Num dia de mau humor ela conheceu um novo amigo, Pedro, pujante e divertido, capaz de encher uma sala com energia. Não lhe foi indiferente, sorriu-lhe. Daí até ao namoro não se passou um mês. A paixão foi crescendo e as juras de amor também. Tudo era encantamento, talvez demais. O tempo havia de resolver a novidade, por enquanto a chama ainda ardia.
O telefone tocou. Quem seria, o nome Luís assomou no visor. Falaram de novidades e de tempos passados, riram muito como antigamente, mas no final veio o silêncio. Ele prometeu escrever-lhe para não perderem o contacto. Seria fácil. “Os email nem precisam de selos”, disse em jeito de brincadeira. Escreviam-se agora regularmente e, como por magia, começaram a insinuar-se, a procurar um pelo outro. Ela desafiou-o a vir, que sentia a falta dele. Ele defendia-se no estudo, que seria ela a visitá-lo. Mediam forças, não cediam.
Nessa noite ela telefonou ao Pedro, a voz era diferente, estava alegre como no início e perante a insistência deste confessou-lhe, “estou feliz porque te amo!”. Pedro não conseguiu sorrir, ela não o veria, há vozes que não enganam.



Para quem se arranjará ela?

quinta-feira, agosto 25, 2005

Erro de paralaxe

Deitado perco as referências, o mundo passa para outra dimensão e tudo aumenta!



Roubei esta foto daqui depois de ter visto outra ali.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Pequena definição para um grande problema (post polémico)

Português (def.): alguém que conhece o mundo pelos destinos exóticos (Cancun, Cabo-Verde, Tailândia, ...) e desconhece tudo o que fica a norte dos Pirinéus. Recorda a história até ao reinado dos Filipes e quando quer impressionar estrangeiros fala do Figo e do Mourinho. Conduz automóveis com pedais on-off e gosta de ver incêndios. Delicia-se com visitas ao shopping desde que o tempo não convide a passeio. Tem barriga porque a mulher também tem e desculpa aos filhos o insucesso escolar. Tem dificuldade de concentração pelo que prefere a publicidade à programação, embora delire com telenovelas e reality shows. Tem alguma propensão para stand-up comedy desde que seja revisteira. Embora não seja participativo, aprecia eleições e todo o tipo de greves. Não planeia nada e prefere irritar-se com as soluções de recurso. Tem pena de si próprio e adora tudo o que é feito pelos outros. Olha os vizinhos com inveja mas sempre que pode vende-lhe os anéis a preço de saldo. Declara sempre menos do que ganha, mas gosta de exteriorizar riqueza. Não precisa de automóvel mas tem um melhor do que o do colega. Considera-se honesto mas não diz o mesmo do vizinho. Janta sempre em casa e quando sai não deixa gorjeta. Tem uma conta superior no cartão de crédito do que na conta poupança. Ao choro chama fado e ao miserabilismo chama saudade.
Porra, estou a falar de mim?!

E para os brasileiros que aqui passam:

Brasileiro (def.): juntar à definição acima a palhaçada dos italianos e o torpor dos africanos. Afinal eles são uma mistura rica em inutilidade, e essa, meus amigos, é o segredo da felicidade.

(Adoro Portugal e o país irmão, mas devemos olhar para as nossas idiossincrasias de frente e, como diz a cerejinha, rirmo-nos delas!)



Nem tudo está perdido!


Como estamos em período de Verão, deixo aqui mais um remix. Lenny Kravitz, house e electronic!

Terrorismo incendiário

Já toda a gente falou disto, agora ou antes, infelizmente o tema parece ser recorrente e teima em fazer parte da nossas idiossincrasias. Incendiários somos todos, uns mais do que os outros, basta pensar no que fizemos para minorar este flagelo... eu falo por mim. Redimindo-me deste lapso, vou dar algumas “sugestões estúpidas para pessoas inteligentes”.

1. Incendiários: Segundo o director da PJ de Coimbra, dos cerca de 600 processos instaurados este ano no âmbito da suspeita de fogo posto, foram detidas preventivamente mais de 70 pessoas. Estas têm as seguintes motivações: vingança, vandalismo ou diversão. Ao contrário do que apregoam os media, audiência “oblige”, não se encontram interesses económicos no móbil do crime. Assim sendo, sendo a moldura penal de 10 anos como pena máxima para este tipo de crime, e sabendo-se da tendência para a repetição do acto, proponho:
a) Colocação de pulseiras electrónicas no Verão a todos os indivíduos condenados por fogo posto e monitorização apertada dos movimentos destes.
b) Para os casos mais extremos, prisão preventiva nos períodos que se prevejam de maior risco.
c) Pacto de regime, em tudo semelhante ao que se passa com o terrorismo, para evitar a “promoção” dos incêndios nos media. Estou convicto que o trabalho dos jornalistas, embora de valor informativo, tem incentivado o incendiário. A televisão tem tido aqui um papel decisivo já que o incendiário valoriza o espectáculo.

2. A floresta em Portugal tem ardido desde 2003 a uma média superior a 180 mil hectares por ano. Parte deste flagelo deve-se ao mau ordenamento florestal. Aqui ressaltam 2 dimensões; desbaste da mata, verdadeira acendalha natural, e a florestação com espécies de árvores não adequadas ao território.
a) Manutenção: a obrigação da limpeza dos terrenos deve ser imputada aos proprietários. Contudo, o custo da mão-de-obra torna proibitiva esta opção. Assim, proponho a criação de um serviço estatal com cobertura nacional para manutenção da floresta. Nas suas competências ficaria a inspecção dos terrenos, a determinação da necessidade de manutenção (tipo e profundidade) e a execução da mesma. O preço seria subsidiado socialmente em função dos rendimentos e seria pago pelo proprietário do terreno. Caso não tivesse rendimentos para o fazer, devia o estado expropriar o terreno e assumir essa responsabilidade.
b) Florestação: análise estratégica da floresta portuguesa. Nesta análise seria incluído o aporte em valor da floresta para a economia portuguesa e o custo, económico e social, que os incêndios representam no PIB português. Por fim, plano de acção para os próximos 5 anos, definindo prioridades nas áreas de maior risco.

3. Gestão: A protecção florestal tem sido o calcanhar de Aquiles da gestão florestal. Basta ouvir a maioria dos comandantes dos bombeiros para se perceber que são homens de boa-vontade, mas com pouca preparação técnica. Por outro lado, a coordenação central tem sido ridícula, espelhando o Ministério do Interior ao nível da gestão a incompetência que grassa no país. Em causa está o próprio estado que tem o dever de proteger os cidadãos e os seus bens. Os israelitas, exímios em coordenação, têm um centro que gere todos os serviços de saúde (civis e militares) para responder às vítimas dos ataques terroristas. Aqui, a solução seria similar:
a) Reorganização dos serviços, flexibilizando-a em meios e tempos de resposta, criando ainda uma gestão centralizada de todos os meios disponíveis (civis - bombeiros, autarquias, INEM, etc, militares; terrestres, aéreos; etc.). Esta reorganização deve ser feita na sequência da análise estratégica proposta em 2.b)
b) Investimento nos recursos humanos (profissionalizando-os) e em meios numa lógica de proporcionalidade ao risco.
c) Criação de um organismo autónomo para auditar o parque florestal, avaliar as consequências dos incêndios e responsabilizar os órgãos públicos e pessoas sempre que se verifique negligência (algo similar ao tribunal de contas, mas eficaz).


A floresta é um sector estratégico, o estado deve dar-lhe a atenção que ela merece!


Em Setembro de 2003 publiquei esta estória, permanece actual!

sábado, agosto 20, 2005

Cruzes canhoto

Fui dar a minha volta pelos blogues de que gosto e destes para outros tantos que não conhecia. Foi uma caminhada didáctica, apercebi-me do vazio que vai na vida de muita gente. Isso sim, foi o que retive desta viagem. Os amigos que me perdoem, mas agora vou falar de outros.
Encontrei muitos diários pessoais, muita preocupação em justificar o que na vida saiu em sorte ou em desgraça. Algumas explicações são dignas de figurar no wall of fame de qualquer consultório psiquiátrico.
Mas há-os piores, falo dos que têm de si a percepção que estão acima do entendimento do comum dos mortais, daqueles que sobrevoam a blogoesfera com um espreguiçar sobranceiro. Explicam-nos detalhadamente as decisões acertadas da véspera, quando não do dia, as chatices que resultaram da incompetência ou limitação de colegas, amigos e familiares. Opinam sobre terceiros com o escárnio próprio de quem se irrita por os ter como vizinhos. Deslumbram-se com as suas próprias conclusões e são lestos em comunicar as descobertas, seguros que estão a fazer o mundo avançar. Enfim, encontraram neste espaço o que nunca encontrariam na vida física, paciência! Agora perdoem-me o desabafo, aturem-nos vocês que eu já fiz a tropa...


sexta-feira, agosto 19, 2005

Natureza

As mulheres ficam maduras de cabeça entre os 25-30 anos, contudo envelhecem fisicamente entre os 35-40 de forma drástica. Muitas conseguem lidar com isso, os homens é que têm mais dificuldade...


A esperança de vida aumentou, mas só no fim...

Um amigo meu costuma dizer meio a brincar: “sou muito conservador com as mulheres, têm de ter entre 20 e 30 anos”.

Produtividade

Encontrei um caracol na passadeira,
por uma questão de cortesia dei-lhe a prioridade!


Abram alas!

Time for snails remix! Feel the rhythm! Clap your hands...

Narcose

Sentes a minha voz,
esta pele que te abraça?
Sente que já não sou eu,
este é momento de sentir
em tempo de gente
que sofre sem saber,
que grita sem pudor
porque não sabe, nem sente!

Ah! Quem me dera
que fosses tu poeta
e sentisses o que não escrevo
porque não posso ou não sei;
será que queres, será que sabes
que só sinto, só!


Diminui o psicotrópico...

E agora, já sentes?


Nota da direcção deste Pasquim: o post foi escrito antes da medicação...

quinta-feira, agosto 18, 2005

Fresco

Para quem esteve de férias, receber à chegada um email com esta imagem é demasiado violento. Recordei as embalagens a vácuo, vá-se lá saber porquê!


"Olh'à sardinha!"

Sardinhas, de que falas tu?

quarta-feira, agosto 03, 2005

Agora mandas tu

Está na moda o marketing relacional. Dito isto, peço-vos que me dêem sugestões para este post, sugiram o tema, provoquem! Prometo que faço um cocktail com todas as ideias... será o silly post from the silly season!



A assinatura é vossa!

Provérbios meus

Depois da tempestade vêm os destroços...


terça-feira, agosto 02, 2005

O rei vai nu

Podemos ter tido mais primeiros-ministros do que os espanhóis, mas temos tido menos reis...