segunda-feira, janeiro 30, 2006

A questão!

O que é o amor? Esta pergunta assalta-me quando olho em redor. Não, não falo do amor do Homem pelo próximo. Reduzo o problema ao par, qualquer que ele seja. Falo, assim, do amor ou da falta dele.
O que é o amor, repito? Por agora fica a pergunta, mais tarde falarei por mim pois não há perguntas sem respostas.

Aguardo os vossos comentários; será que haverá consenso?


Se cairmos...

... caímos os 2!

quarta-feira, janeiro 25, 2006

sábado, janeiro 21, 2006

Encontro

Não seriam mais do que as quatro horas da tarde. O relógio dele nunca mentia. Tiago era preciso em tudo e mantinha uma disciplina férrea com todos os que o rodeavam. A praia perdia-se na areia livre, quase sem vivalma; o calor, extenuante mesmo para o banheiro, assustava o veraneante mais experimentado. Ela, mais nova, mantinha a frescura que o fascinara. Vestia um fato de banho garrido em cores que animavam uma felicidade que se esbatia.

Num só movimento ficou de pé e, sem perguntar, dirigiu-se ao mar determinado em banhar-se. Não olhou para trás, nunca o saberia mas os óculos escuros de Paula escondiam a tristeza da solidão partilhada, dos gestos esquecidos. Mergulhou de pronto como sempre fazia e procurou a areia que lançou numa emersão forçada. Repetiu o gesto várias vezes como se a adrenalina se esgotasse ali.

Uma dor percorreu-lhe o peito, primeiro leve e depois em crescendo. Sentiu-se desfalecer, olhou a praia a procurar ajuda, a tentar gritar nos gestos que ainda desenhava. O peso empurrava-o agora para baixo e nada impedia a tragédia, nem a força nem a vontade. Fria, cada vez mais fria, a água embrulhava-o num abraço fatal. O corpo balançava ao sabor da corrente, inerte, um corpo que ele já não sentia. Abriu os olhos, a luz ia agora ficando mais ténue como se fosse anunciar o descanso. Estava estranhamente tranquilo, não temia a morte, tão pouco louvava a vida. O silêncio veio para lhe calar os pensamentos, cada vez mais vagos, sempre distantes na infância.

A estalada foi pronta. Não era a primeira mas, no desespero, Paula não se continha. O banheiro, homem experimentado por anos de veraneio, aplicava tudo o que sabia com uma determinação cega, mesmo violenta. Paula ajudava, era ela que fazia a respiração boca-a-boca num controlo aterrorizado, na esperança do impossível, do milagre.

No início veio a dor distante mas cada vez mais sentida. A escuridão era total num aperto que o deixou em pânico. A dor crescia na solidão que o amordaçava. Sentiu a vida que nunca teve, chorou um choro nunca ouvido e, por um breve momento, sentiu a presença Dele, do conforto que desesperadamente procurava. Não era uma voz, não, era algo maior que o despertava, que o fazia sentir feliz, cheio, o abraço que nunca teve. Sentiu agora a seda, leve, com uma suavidade delicada. O turbilhão imenso projectou-o para cima num impulso impossível. A seda era agora mais macia, quase húmida. Mexeu os lábios a acompanhar o beijo imaginário com um carinho que só o amor conhece.

A luz despontava num incómodo desconcertante. Conseguia agora distinguir a face que o beijava. Nunca se sentira tão pleno, emerso em paz.
Arriscou perguntar - onde estou?
Renasceste amor - afiançou-lhe Paula, deixando cair uma lágrima que acariciou a face gémea.



Só as cinzas não renascem...

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Exacto

Acordei a meio da noite com vontade de escrever. Andava há meses a negar a evidência, escrever faz-me bem! É um vício, ajuda-me a estruturar o que penso. Apetecia-me escrever um livro, tenho o enredo todo na cabeça mas não, nunca arriscaria a ter de oferecer as sobras... os blogues são práticos, escreve-se menos e podemo-nos rir sempre com os comentários. É mais do que a escrita, é uma sala para sociabilizar onde posso lançar os temas. Haverá maior egoísmo?
Ok! É isto, reabro o Exacto e aguentem-se à bronca. Temas não faltam; presidenciais, futebol, mulheres... e não, não me peçam para falar dos meses de interregno; até Cristo teve direito a uns anitos de blackout!